No desespero na reta final da eleição, Lúdio dispara críticas contra Mendes


“O Mauro tenta ficar parecido comigo, só que se for para ficar parecido é melhor a população votar no original do que no pirata”, alfinetou o petista

RepórterMT/AAJ
Lúdio CabralLúdio Cabral
ANA ADÉLIA JÁCOMO


Há uma semana para o fim segundo turno, o candidato a prefeito de Cuiabá Lúdio Cabral (PT) concedeu aoRepórterMT uma de suas entrevistas mais incisivas contra seu rival político Mauro Mendes (PSB). Em apenas 40 minutos, o petista afirmou que seu adversário tem feito uma campanha, classificada por ele, como “covarde” e “suja”. Negou que houve compra de votos no primeiro turno e insinuou que o crime eleitoral pode ter ocorrido na chapa de Mendes, tanto que já teria pedido à Polícia Federal uma investigação sobre a possibilidade.


Lúdio comentou os processos que Mauro Mendes tem movido contra seu apoiador, o ex-secretário da Secopa Eder Moraes, e afirmou que não pode cercear o direito de expressão do polêmico Eder. Para o petista, Mauro Mendes precisa aprender a conviver com as críticas e parar de usar técnicas do “Comitê da Maldade”, como panfletos e adesivos apócrifos que são feitos exclusivamente, na análise de Lúdio, para atrapalhar o processo eleitoral.

Ele voltou a dizer que Mauro Mendes tem imitado sua maneira de ser e que tentaria, a todo custo, ficar mais parecido com ele. Lúdio também criticou os apoios do rival ao dizer que prefere nem comentar os 8 anos de governo do senador Blairo Maggi (PR), assim como o desempenho do ex-prefeito Wilson Santos (PSDB), do prefeito Chico Galindo (PTB) e do marqueteiro e ex-senador Antero Paes de Barros.

 

Confira os principais trechos da entrevista de Lúdio Cabral:

RepórterMT – Como responde ao processo que o candidato Mauro Mendes está movendo contra o senhor, que o acusa de compra de votos? Ele pede a cassação do seu registro de candidatura.

Lúdio Cabral – Isso é um factóide. Essa questão foi levantada logo após o primeiro turno e não tem sentido algum a linha de articulação que ele está fazendo. O Francisco Faiad já apresentou à Justiça Eleitoral os contratos, recibos, boletins de urnas, que estão comprovando que as contratações foram feitas para as fiscalizações. Quem compra voto faz isso na escuridão e não deixa rastro. Nós não compramos votos.

RepórterMT – O Mauro já tentou cassar o registro do seu vice, o Faiad, e agora entrou com nova ação pedindo a cassação do seu registro. Isso te afeta e te preocupa de alguma forma?

Lúdio Cabral – Infelizmente o nosso adversário vem sendo derrotado sistematicamente pelo abraço da população à nossa candidatura, desde o primeiro turno. O resultado do primeiro turno foi uma vitória, pois representa o acúmulo de crescimento espontâneo da população. Nós fizemos uma campanha limpa, não poluímos a cidade, propositiva, mobilizamos as pessoas e amadurecemos o nosso programa de governo. Agora no segundo, a população poderá avaliar com mais profundidade o comportamento de cada candidato.

RepórterMT – Como avalia as mudanças no marketing de Mauro Mendes e porque o senhor manteve a mesma equipe e o mesmo estilo de programa eleitoral?

Lúdio Cabral – Como tivemos uma campanha vitoriosa, mantivemos o mesmo comportamento. Agora, há duas coisas curiosas no meu adversário. De um lado ele tenta ficar parecido comigo e faz uma campanha copiando a minha, só que se for para ficar parecido é melhor a população votar no original do que no pirata. Segundo, ao trazer os homens de confiança das duas campanhas do Wilson Santos, fazer uma campanha odiosa, incoerente, que ao mesmo tempo em que diz que é da base da presidente Dilma, ataca covardemente o partido dela, pregando o ódio, a discórdia, trazendo para eleição de Cuiabá o pleito de 2014 e promovendo a disputa do poder pelo poder a qualquer custo, cria um risco muito forte de Cuiabá continuar sofrendo o que sofreu por conta desse modelo de campanha. Isso é o mais grave porque compromete o futuro da cidade.

RepórterMT – O Mauro tenta retirar as entrevistas do Eder Moraes de alguns veículos de comunicação. Ele alega que seu apoiador não faz parte do processo. Qual o motivo de o senhor permitir que Eder faça duras críticas ao seu adversário político se é que o senhor diz que faz uma campanha limpa?

Lúdio Cabral – Quem faz campanha agressiva, que me ataca covardemente é o meu adversário. Basta olhar o programa de rádio dele, as inserções, o programa eleitoral e os panfletos apócrifos que foram lançados na cidade. Então, a campanha da maldade é a deles. Agora, no processo político todo cidadão tem o direito de se manifestar e de expor a contradição dos outros. Se ele tem dificuldade de enfrentar esse debate com quem expõem as contradições dele, é um problema dele e não nosso. Não cabe a mim ficar cerceando o direito de pessoas que me apoiam de se posicionarem como quiserem. São manifestações das pessoas, com a responsabilidade delas. Pela campanha falo eu, Lúdio, e ela tem uma linha propositiva que continua até o final.

RepórterMT – Na última semana foram apreendidos pela Justiça adesivos supostamente apócrifos encomendados por Mendes. O que o senhor sabe sobre isso?

Lúdio Cabral – Recebemos denúncias e acionamos a Justiça, que determinou a apreensão do material. Alguns com CNPJ e outros sem. Há material apócrifo, sim. Mesmo os que não são apócrifos mostram um modelo de campanha mentiroso.

RepórterMT – O senhor acredita que o fato de, neste segundo turno, Mauro Mendes ter exibido com mais frequência a família dele também é uma maneira de imitar o senhor?

Lúdio Cabral – A minha família é engajada desde a primeira eleição que disputei para vereador. Minha esposa sempre foi engajada nas minhas campanhas e nesta última ele teve um papel fundamental, assim como as minhas duas filhas. Isso, com certeza, influenciou no formato da minha campanha. Mas quanto a essa atitude do Mauro não cabe a mim analisar, até mesmo por respeito a família dele. Agora, a minha família foi atacada de forma maldosa, covarde e vergonhosa, mas eu respeito a família dele.

RepórterMT – O senhor acredita que com a entrada do ex-senador Antero Paes de Barros na equipe de marketing de Mauro modificou muito a campanha?

Lúdio Cabral – Já era uma campanha agressiva, mas se profissionalizou nesse formato que reforça a incoerência. O adversário faz o discurso da mudança, mas tem ao seu lado o continuísmo das administrações de Wilson Santos e Chico Galindo.

RepórterMT – O senhor continua aparecendo na frente de algumas pesquisas de opinião. Mesmo após o Mauro ter acusado o senhor de comprar essas pesquisas ainda se sente entusiasmado com os resultados?

Lúdio Cabral – Eu sempre respeitei todas as pesquisas, até quando elas eram desfavoráveis a mim e sei que elas refletem o momento em que foram feitas. Quando as pesquisas eram favoráveis a ele, não questionava, mas quando passaram a ser desfavoráveis... Os institutos trabalham de forma correta e é lamentável ver esse comportamento. Nós requeremos da Polícia Federal os inquéritos que foram abertos após o primeiro turno para identificar se a polícia está investigando compra de votos e isso é um comportamento responsável porque nós não podemos simplesmente acusar. Mas essa é uma explicação possível para diferença entre o resultado das eleições e das últimas pesquisas.

RepórterMT – O senhor acredita que os ataques feitos por Mauro Mendes em seus apoiadores podem afetar o seu discurso e sua campanha? Além disso, na última semana cerca de 300 membros do PT deixaram a sigla sob o mesmo argumento, de que não concordariam com a aliança com o PSD, do deputado José Riva, com o PMDB, de deputado Carlos Bezerra e principalmente por conta do apoio de Eder Moraes. Todos afirmam que o senhor, se eleito, será um fantoche nas mãos desses políticos. Como avalia essa questão?

Lúdio Cabral – Nós temos que debater Cuiabá e o destino da nossa cidade. Eu tenho mantido essa linha na minha campanha e, é por isso que hoje eu estou no segundo turno, com a responsabilidade com que estou disputando. O meu adversário, como está sendo derrotado nesses debates, opta por esse outro modelo de campanha porque não tem como me atacar, ataca os que estão me apoiando, mas ao mesmo tempo, comete um erro grave, que é o erro do ódio e do poder pelo poder a qualquer custo. Eu não quero fazer debate sobre os apoiadores que ele tem. Isso não qualifica a campanha em Cuiabá, eu quero debater os problemas da cidade. Se eu passo a campanha concentrado sobre a qualidade dos apoios que ele tem... do Chico Galindo, Wilson Santos, Antero Paes de Barros, José Antônio Rosa... Não quero avaliar os 8 anos de governo do Maggi, que apoia ele. Isso não contribui em nada, porque a eleição vai passar e depois o centro da nossa preocupação é a cidade e as pessoas que vivem nela. Sobre o PT, primeiro que é um grupo muito minoritário, que nunca esteve na nossa campanha, muito pequeno, que não apoiou minha candidatura e esse anúncio da desfiliação nesse momento é uma estratégia do meu adversário, mas isso não me afeta e demonstra que os verdadeiros petistas estão ao lado da minha campanha. Foi um alívio a saída dessas pessoas. Eles apoiam o Mauro Mendes e a desfiliação não produz imagem negativa alguma na minha campanha. Quem vai governar Cuiabá é o Lúdio e ele vai ser o prefeito de Cuiabá. Essa linha de articulação é frágil justamente porque eles não têm como me atacar, então ficam criando esses factóides sobre as pessoas que me apoiam.

RepórterMT – Neste segundo turno o PT nacional vai mandar mais recursos para sua campanha?

Lúdio Cabral – Obtivemos uma contribuição antes do final do primeiro turno e a nacional continua nos ajudando. Nós fechamos o primeiro turno com 50% do que foi arrecada vindo do PT nacional, o que significa mais de R$ 1 milhão e, neste segundo turno, temos recebido apoio também, mas não sei quanto será enviado no total.