Em vídeo, ex-deputado denuncia Campos de cobrar propina e tomar linhas de ônibus em VG


Gilson Nasser
Da Redação
A três dias das eleições municipais, uma grande "bomba" agita a sucessão eleitoral em Várzea Grande. Em vídeo postado no Youtube, o ex-deputado estadual Amador Tut (sem partido) revelou como funcionou o esquema da "máfia do transporte" intermunicipal entre Cuiabá e Várzea Grande nas últimas décadas.

Numa entrevista a um repórter que cobria o rosto com efeitos, Tut explicou como deixou de operar no transporte coletivo na região metropolitana. Segundo ele, numa reunião com o proprietário da empresa que hoje opera o sistema, Rômulo Botelho, lhe foi oferecido R$ 2 milhões para quitar a rescisão trabalhista dos funcionários e ainda "curtir" férias de dois meses. As mesmas vantagens foram oferecidas aos proprietários das empresas Garça Branca e Arara Azul. "Eles me queriam longe de Cuiabá porque podiam me procurar e eu falar coisa que não devia", explicou Tut.


O dono da Tut Transportes disse que o dono da União Transportes agiu em nome do ex-prefeito e atual senador Jayme Campos (DEM), marido da candidata a prefeita de Várzea Grande, Lucimar Sacre de Campos (DEM). "Todo mundo sabe que é o Jayme que manda né", colocou.

Todavia, o acordo entre os empresários minou porque Tut não aceitou sumir com os ônibus de Cuiabá e Várzea Grande. "Eles falaram que era para tirar uma foto com eu fugindo com os ônibus para reclamar que a tarifa é muito alta. Eu disse ao Jayme que não podia fazer isso porque tenho uma família em Cuiabá", questionou.

Ele disse ainda que os donos da Arara Azul e Garça Branca aceitaram e que o dinheiro prometido a ele foi repassado aos dois empresários que mudaram de Mato Grosso. "Eles ficaram com as minhas linhas e eu com a dívida da rescisão dos funcionários", assinalou.

Amador Tut ainda revelou que entrou no sistema de transporte coletivo em Cuiabá e Várzea Grande também por articulação de Jaime Campos, que ocupava o primeiro mandato de prefeito de Várzea Grande entre 1982 e 1986. Ele disse que o democrata atuou como intermediador do sistema de concessão do transporte rodoviário e do intermunicipal Cuiabá-Várzea Grande. No período, o irmão de Jayme, Júlio Campos era o governador do Estado.

O empresário, que era presidente do Sindicato das Empresas de Transporte, revelou que ainda que Jayme Campos cobrou propina dos operadores do sistema. Porém, o dono da empresa Estrela Dalva, Augusto, não conseguia "honrar" com pagamento de US$ 2 milhões para não perder a concessão.

Para evitar problemas com o colega empresário, Tut assumiu algumas linhas e disse que pagou ao senador US$ 800 mil e o dono da Estrela Dalva mais US$ 1,2 milhão. O empresário ainda que, no segundo mandato de prefeito, Jaime Campos tentou retirá-lo do sistema colocando 60 ônibus da Princesa do Sol na cidade.

Segundo ele, a permanência da Tut no transporte intermunicipal só ocorreu porque as negociações foram feitas pelo Governo do Estado, sob Dante de Oliveira (já falecido), que manteve o contrato assinado. "Na época, o Zé Carlos de Freitas (deputado estadual à época e candidato a vereador em Várzea Grande neste ano) falou na Assembleia que o Jayme ia melhorar, colocando ônibus novo nas ruas. Eu subi na tribuna em falei em voz alta que estava cansado de dar dinheiro para Jayme. Ele queria tomar as linhas e conseguiu", recordou o ex-parlamentar que de milionário dos transportes se transformou num homem com graves problemas financeiros.

Outro vídeo

Um outro vídeo que circula no Youtube mostra as relações passadas entre o candidato Walace Guimarães (PMDB) e o senador Jayme Campos, que hoje defende a candidatura de sua esposa, Lucimar Sacre de Campos a prefeitura. No vídeo, mostra Walace, em 2000, como candidato a vereador pedindo votos a Jayme na época para prefeito de Cuiabá.

Em outra campanha, em 2004, mostra Jayme Campos pedindo votos para Walace Guimarães na campanha de 2004, quando o deputado assumiu a candidatura com a desistência de Campos Neto, que hoje é conselheiro do Tribunal de Contas. "Em Walace eu posso confiar", disse o senador. Nas campanhas de 2000 e 2004, tanto Walace, quanto Jayme Campos eram filiados ao extinto PFL, que hoje é o DEM.http://www.odocumento.com.br/materia.php?id=407977

Vídeo da matéria: