Teatro e cordel ajudam na prevenção da violência sexual contra crianças e adolescentes

Grupo Mangat, da Terra dos Homens
Usando a literatura de cordel, as meninas protagonistas da peça “Um causo no sertão: eu conto ou tu contas?” interpretam duas amigas que enfrentam o abuso e a exploração sexual. Mesmo não morando nesta região semi-árida do Nordeste, as atrizes presenciam problemas muito parecidos onde vivem, na comunidade da Mangueirinha, em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro.Localizada na Baixada Fluminense, a região é marcada pela pobreza, pelos altos índices de violência e gravidez na adolescência.  “É muito bacana a forma como levamos um tema tão delicado para as escolas, porque os jovens gostam da história e percebemos a reação da plateia quando é revelado o abuso da personagem principal”, afirma a atriz Naara Cristina, de 12 anos.

Há cerca de um ano, a garota faz parte do grupo teatral Mangat, do programa Raízes Locais, apresentando a peça em escolas públicas. O projeto é uma parceria da Associação Brasileira Terra dos Homens com a Childhood Brasil. Durante as apresentações também são entregues materiais informativos para o público, com folhetos, cartazes e cartilhas, ilustrados com desenhos típicos dos livros de cordel. O projeto é apoiado também pelo BICE – Oficina Internacional Católica de la Infância, sediado em Bruxelas, e faz parte da Rede Sinergia – 11 organizações da América Latina e Caribe de prevenção aos maus tratos e violência sexual.
O coordenador do projeto Raízes Locais, Luciano França, considera um grande desafio sensibilizar a população sobre o assunto, sem abordá-lo de forma institucional ou grosseira. “Escolhemos o cordel para dar leveza ao tema e conseguir atingir todas as faixas etárias”, explica. “Nosso objetivo é criar uma mensagem que aponte saídas possíveis para as pessoas que passam por esta situação”. Ele ressalta que o tema da violência sexual contra crianças e adolescentes ainda precisa ser muito trabalhado para conscientizar a comunidade.
Jepiara em Cena
Prevenir o abuso e a exploração sexual por meio da arte tem sido também a estratégia empregada pelo projeto Jepiara em Cena, do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente – CEDECA Emaús, com apoio da Childhood Brasil, na região metropolitana de Belém, no Pará. O programa, cujo nome significa “defender-se” em tupi guarani, pretende ensinar crianças e adolescentes a prevenirem e se protegerem dos maus tratos.
Desde fevereiro, um grupo teatral, formando por 22 meninas na faixa de 12 a 17 anos, muitas delas vítimas de violência, ensaia para apresentar uma peça sobre abuso e exploração sexual para estudantes. As adolescentes participam de todo o processo de criação do espetáculo – desde a elaboração do roteiro até a atuação. “Temos muito cuidado de conquistar primeiro a confiança delas e trabalhar de forma leve e lúdica para não expor as que já sofreram o problema”, diz a educadora Ana Carolina Marceliano.
A peça deverá ser apresentada a partir do próximo mês em um teatro popular de Belém e em outras duas escolas estaduais. “Queremos alertar as crianças e adolescentes de como agir nestes casos e também como denunciar, por meio de uma linguagem acessível para a idade”, afirma a coordenadora do CEDECA, Celina Bentes.
Meninas do projeto Jepiara em Cena
A primeira experiência do CEDECA Emaús com a dramaturgia para falar sobre o abuso sexual foi realizada em 2010, com a peça “Se esta rua fosse minha”.
Terra dos Homens
Fundada pela psicóloga Claudia Cabral, em 1996, a Associação Brasileira Terra dos Homens é uma organização não governamental, sem fins lucrativos, com missão de promover a convivência familiar e comunitária de crianças e adolescentes com direitos violados, investindo na valorização e no fortalecimento de suas famílias e comunidades.
CEDECA Emaús
Fundado em 10 de dezembro de 1983, na época com o nome de Centro de Defesa do Menor, o CEDECA surgiu como o “braço” jurídico do Movimento de Emaús para defender, adolescentes perseguidos por policiais ou sofriam violência por estarem em situação de rua. O centro participou ativamente da articulação que resultou, em 1992, no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e foi o modelo e incentivador para o surgimento de outros centros do Brasil e da Associação Nacional dos Centros de Defesa (Anced), que hoje reúne 34 organizações em todas as regiões brasileiras.
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