Qualquer campanha, seja ela para presidente de bairro, sindical ou eleição política é estressante, nervosa, desgastante para quem está na disputa, que sonha com o doce sabor da vitória, com o status do cargo, com renda que vai ganhar na nova função, com as portas que lhe serão abertas e de graça para festas, show, e todo o prazer que a nova ocupação lhe proporciona, notadamente no caso dos políticos, que passam a ser assediados, que ganham seguranças. Mas tem uma turma que sofre muito mais do que os candidatos, que é desvalorizada sempre, que após o pleito é esquecida, mal-tratada, desprezada, encarada como desprezível. Quer dizer só é lembrada em eleição. São os cabos eleitorais.
A cada campanha vejo em meu trajeto de casa para o trabalho, ou para as atividades que tenho durante o meu dia, dezenas, centenas de homens, mulheres, jovens e idosos nas esquinas, nas calçadas suportando horas a fico com o nosso querido sol cuiabano dando o ar de sua graça, queimando a testa, fazendo perder o precioso líquido do corpo em bicas de suor. Todos segurando placas com números dos tantos candidatos a cargos eleitorais, que andam em seus carros com ar condicionado ligado, água gelada por onde passa e que ficam em escritórios climatizados, planejando suas ações de tapinhas nas costas, entrega de “santinhos” por ai afora em busca de votos.
Bem, você vai falar que estes candidatos fazem arrastões pelas ruas da periferia, que vão de porta em porta pedir voto. Sim, é verdade, mas andam sempre pelas sombras das calçadas, param embaixo de árvores frondosas, entram nas casas e bares para um lanchinho e uma água gelada, um refrigerante.
Mas e os cabos eleitorais? Bem, estes não tem o privilégio da passar bom tempo em salas refrigeradas. São obrigados a ficar embaixo do sol a pino, suando, segurando cartazes, faixas, placas e em um bom período da noite mais um sofrimento: fazer número em comícios, gritar o nome de seus candidatos, tremular as flâmulas, como se estivessem em um estádio de futebol, vendo o Flamengo, Corinthians, Vasco, São Paulo, enfim seu time de coração em campo.
Olhos perdidos, fixação nos cartazes, rezando por uma nuvem para diminuir o calor. Enfim o que levam estas pessoas, homens, mulheres, jovens, idosos a tanto sacrifício? Vale a pena correr o risco de um câncer de pele, de queimaduras com este nosso sol nas campanhas? Deve valer. Quem enfrenta tudo isso, em sua maioria são desempregados ou que precisam de um dinheiro extra para o sustento da família. Mas bem que os nossos engomados candidatos poderiam ser mais humanos. Que os cabos eleitorais pudessem trabalhar em horários mais flexíveis, com temperaturas mais baixos. É desumano meus amigos ver tanto sofrimento. Horas a fio no mesmo lugar, pedindo votos ou então mostrando o número de seus candidatos, quase em água para reidratar, quase sem alimentação.
Será que vale à pena. Deve valer, deve dar um rendimento um pouco maior do que ganhariam com trabalho fixo, ou pelo menos deve aliviar o sofrimento do dia a dia de trabalhar agora para garantir um alimento na mesa de casa.
Enfiem é o sacrifício de campanha, movendo de um lado os candidatos ávidos por votos, pelo poder, pelo glamour do cargo e do outro o Cabo Eleitoral, cheio de esperança de arrecadar um dinheiro para comprar um utensílio para sua casa, reformar sua morada, ou simplesmente garantir o pão nestes dias de campanha. O que importa o calor? O sofrimento de horas parado, a solidão em meio a carros, buzinas e pessoas alegres passeando pela cidade. O dinheiro vale o sacrifício de campanha. Ainda bem que vale.
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