Para senadores, cassação de Demóstenes Torres não surpreendeu

Camila Campanerut e Fernanda Calgaro
Do UOL, em Brasília
Após a sessão do Senado que decidiu pela cassação do mandato de Demóstenes Torres (sem partido-GO), senadores ouvidos pela reportagem do UOL disseram que a decisão não surpreendeu e que já era esperada.

Processo contra Demóstenes Torres no Senado

Foto 64 de 69 - 11.jul.2012 - Senador Demóstenes Torres (ex-DEM, sem partido-GO) participa de sessão no plenário do Senado que votou a favor da cassação de seu mandato Mais Alan Marques/Folhapress
O Senado cassou nesta quarta-feira (11) o mandato de Demóstenes Torres (ex-DEM-GO, atualmente sem partido) por quebra de decoro parlamentar. A cassação veio pouco mais de quatro meses após a prisão do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, em uma operação da Polícia Federal que investigou as relações do bicheiro com vários políticos, policiais e empresários.
Foram 56 votos a favor da cassação, 19 votos contra, 5 abstenções e 1 ausência. Eram necessários 41 votos para que a cassação fosse aprovada.
Veja abaixo a reação de alguns dos senadores à cassação:
Senador Romero Jucá (PMDB-RR): “[O resultado] Não surpreendeu. A gente já  tinha votado na Comissão de forma unânime”. 
Senador Humberto Costa (PT-PE), relator do caso no Conselho de Ética: “[Sobre os votos a favor de Demóstenes] Era um número já esperado. Nós imaginávamos que o número de votos favoráveis poderia ser maior. Também havia a expectativa de que mais senadores pudessem faltar, mas a própria mobilização que se desenvolveu na sociedade, pelas redes sociais, fez com que todos aqui estivessem”. 
“[Sobre os ataques contra ele proferidos por Demóstenes}, Eu não poderia deixar sem fazer os reparos que fiz. Pode ter sido [ato de desespero], mas não me cabe julgar isso agora. Já foi um trabalho suficientemente penoso para que eu continue a pensar em aspectos secundários”. “É uma sensação muito difícil de definir. Não há nenhum prazer nisso. É muito difícil muito duro o fato de termos de eliminar um colega de trabalho da nossa convivência, mas as exigências das nossas consciências, da Constituição e do regimento interno fizeram com que isso tivesse que acontecer. Apesar de triste, tenho a minha consciência tranquila quanto ao dever cumprido”.
Senador Pedro Taques (PDT-MT), relator do caso na CCJ: “Foi feita a justiça política. O Senado avaliou os fatos.  Não cabe ao senador julgar com piedade nem com vingança. Cabe ao Senado julgar com tranquilidade dando a ele o direito de defesa – o que foi feito. Cada senador votou com sua convicção. [Não surpreendeu os votos em favor de Demóstenes], temos respeitar aqueles que entendem que não existiam provas”.
Senador Antonio Carlos Valadares (PSB-PB), presidente do Conselho de Ética: “Ele foi muito agressivo com o senador Humberto [Costa – relator do processo no Conselho], que em nenhum momento deixou de reconhecer que ele não sentia nenhuma alegria ao relatar este processo, por ele já tinha passado por uma situação constrangedora como homem público. Mas temos que respeitar e entender a sua situação psicológica do momento[em referência a Demóstenes]. A perícia não é prerrogativa da defesa do Conselho de Ética. É prerrogativa do próprio Conselho que deve julgar se ele em determinado momento é necessária ou não. A questão da perícia, ao meu ver, foi o que mais pesou no julgamento do Senado. Foi um julgamento de ordem política diante da gravidade do que foi praticado pelo senador na relação com Carlos Cachoeira. E os fatos públicos e notórios não precisam de comprovação”.
 

Redes sociais

Apesar da votação que decidiu pela cassação do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) ter sido secreta, alguns senadores abriram seu voto em posts em redes sociais.
O senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) publicou em seu Twitter: "56 votos pela cassação, 19 votos pela absolvição e 5 abstenções. Eu votei Sim".
O senador paulista Aloysio Nunes (PSDB) também abriu seu voto na rede social. "Votei "sim" no processo de cassação do mandato do senador Demóstenes Torres", postou.
Já o senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), um dos cinco que se inscreveram para falar na tribuna antes da votação, postou em seu microblog: "Não há o que comemorar. O Senado perde um senador atuante, que foi vítima de seus próprios atos. Cumpri com minha obrigação." Na tribuna, Ferraço havia defendido o perdão a Demóstenes. "Devemos perdoar o pecador, o pecado não", disse.
Na semana passada, o Senado aprovou a proposta de emenda à Constituição (PEC) que acaba com a votação secreta. A proposta precisa agora ser apreciada pela Câmara.

Decisão repercute também na Câmara

Os deputados federais do PSOL Ivan Valente (SP) e Chico Alencar (RJ) também acompanharam a sessão para dar apoio ao colega de partido, senador Randolfe Rodrigues (AP), autor da representação que culminou no processo que cassou Demóstenes.
“Se Senado tomasse a decisão de absolver o Demóstenes, ele, rigorosamente, estaria se desmoralizando com opinião pública, com a sociedade brasileira”, avaliou Ivan Valente.
Questionado se a Câmara dos Deputados – da qual é membro – não estaria desmoralizada por ter liberado da cassação a deputada federal Jaqueline Roriz (PMN-DF), Valente argumentou que os dois casos são diferentes.
“Neste caso, o Demóstenes não vem da mesma tradição da Jaqueline Roriz (filha do ex-governador do Distrito Federal, Joaquim Roriz), do pai cassado, de uma figura fisiológica. O Demóstenes  se fincou politicamente na defesa da ética e atirando bastante em partidos conservadores, no caso do Renan [Calheiros, do PMDB], do [José]Sarney [também do PMDB]”, completou Valente.
"O apelativo foi tão grande, que ele chegou a dizer: 'não acabem com a minha vida', 'não me façam disputar uma eleição só em 2030", comentou Alencar. 

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