O isolamento do PSB e de Mauro Mendes pode minguar recursos federais

Pedro Taques (PDT) adota uma postura de Oposição ao Governo no Senado. Maggi (PR) fica em cima do muro. Com alianças desse feitio, Cuiabá poderá ficar sem os recursos federais que, hoje, com o PMDB e Silval estão mudando a fisionomia da cidade.

 Tweet

Itamar Perenha  / Cuiabá/MT

Eduardo Campos, neto de Miguel Arraes e atual governador de Pernambuco, presidente nacional do Partido Socialista Brasileiro – ao qual é filiado Mauro Mendes – vem se preparando para uma disputa presidencial em 2014, fazendo um debut na pretensão ao cargo para se consolidar como alternativa viável em 2.018.

Para viabilizar esse projeto de longo prazo tratou do próprio terreiro em Pernambuco, lançando candidatura própria do PSB a prefeito de Recife, cidade, então, governada pelo polêmico petista João da Costa, substituído pelo Senador Humberto Costa em interferência da cúpula nacional do PT que visava impedir uma dissidência local.

A ação não deu certo.

Maurício Rands, petista, renunciou ao mandato e ao cargo que ocupava na gestão do governador de Pernambuco, declarando que o fazia para exercer, plenamente, a sua cidadania.

Divisão em Belo Horizonte

A manobra começou em São Paulo, com a aproximação do PSB do prefeito Gilberto Kassab, com o ainda embrionário PSD. As conversações progrediam a contento até a decisão de José Serra em assumir a candidatura a prefeito, com a disposição de substituir ao afilhado político que o antecedeu.

De qualquer forma o diálogo com o governador pernambucano foi estreitado até pela necessidade de ganhar amplitude e se fortalecer nos maiores colégios eleitorais das regiões Sudeste e Sul, como desdobramento de sua estratégia presidencial futura.

A ruptura deliberada com o PT em Belo Horizonte garante a Marcio Lacerda a condição de voo próprio pelo PSB e a perspectiva futura de ser candidato a governador, apoiado por Aécio Neves, de quem Eduardo Campos quer se aproximar para uma eventual candidatura a vice-presidente e, de quebra, tornar-se conhecido do eleitorado mineiro, com uma ponta de lança no governo do Estado com o atual prefeito de Belo Horizonte, candidato a re-eleição.

O PSB em Cuiabá

O PSB em Cuiabá, por conveniência política de momento, é aliado do PDT e do PR. A ressaltar, no entanto, que o PDT, com Pedro Taques, é uma dissidência na base do governo Dilma e o PR continua no muro, insatisfeito pela queda de Pagot do DNIT e pela renúncia do Ministro Alfredo Nascimento quando começou a “faxina”.

É certo, portanto, que o PSB vai ficar distante de Silval Barbosa e de Dilma Roussef, ambos responsáveis pelo maior volume de investimento que a capital matogrossense já recebeu até hoje.

A candidatura Mauro Mendes, portanto, pode dispor de favoritismo presente, mas, o que se pergunta é se o distanciamento do PSB se consolidar, até por força da pretensão política de seu presidente nacional, terá um prefeito desalinhado com as duas forças políticas preponderantes, nos níveis estadual e federal, capacidade de levar avante um razoável plano de governo?

Cuiabá já viu esse filme antes.

Dante de Oliveira, eleito pelo PDT, tratou de migrar para o PSDB para obter as benesses do governo FHC que lhe possibilitou arrumar as contas do Estado e ainda fazer investimentos de alguma envergadura.

Wilson Santos foi menos feliz.

Tropeçou na Operação Pacenas, ficou sem o dinheiro do PAC e fez das tripas coração para concluir a ETA Tijucal e Avenida das Torres, duas boas marcas de sua passagem pela Prefeitura.

A “amizade” com Blairo Maggi, ao tempo em que foi secretário de Agricultura do Governo Dante, não resistiu à ascensão do “rei da soja” ao Governo do Estado que promoveu um escanteio político por conveniência própria.

Mauro Mendes, com seu PSB, sujeito aos caprichos e ambições de Eduardo Campos, será apenas massa de manobra incapaz de trazer benefícios concretos à cidade por contingências políticas e eleitorais.

Um ponto para reflexão!