Agência Brasil
Da Agência Brasil
Brasília - Cerca de 150 jovens vítimas de abuso e exploração sexual participam do 3º Seminário Protagonismo e Juventude, do Projeto ViraVida, que segue até amanhã (27).
Desenvolvido pelo Serviço Social da Indústria (Sesi), o ViraVida oferece cursos de capacitação profissional nas áreas de moda, imagem pessoal, turismo, gastronomia, comunicação digital, administração e química a meninos e meninas que sofreram violência sexual. A carga horária varia de 700 a 950 horas/aula. Os alunos permanecem no projeto durante um ano e recebem bolsa mensal de R$ 400, além de terem aulas sobre direito, cidadania e acompanhamento psicológico. O evento na capital federal reúne jovens que estão concluindo os cursos profissionalizantes.
A professora e coordenadora do projeto em Fortaleza, Maria do Carmo Cunha, explica que a ideia é dar condições para que os jovens alcancem a autonomia econômica e equilíbrio psicológico. 'Essas crianças chegam ao projeto com uma desesperança muito grande, com o sentimento de abandono, sofrimento e exploração. E dentro do projeto elas passam a acreditar em si mesmas. Quando nós conseguimos despertar o sentimento de que essas crianças e adolescentes são pessoas e não coisas, eles vão em frente', conta.
É o caso do adolescente R*, de 16 anos. Ele relata que antes de ingressar no projeto não tinha expectativas para o futuro. 'Antes de entrar no ViraVida, eu não tinha rotina, não ia pra escola, não fazia nada. Fui viciado em drogas e passei um ano e meio usando crack, foi nesse tempo em que fui explorado'.O adolescente contou ainda que não tinha força emocional, mesmo com o apoio da família, para encarar a sociedade. 'Depois de passar pelo projeto, eu me sinto vitorioso', comemora.
O mesmo sentimento de vitória e narrado pela jovem N*, que foi vítima de abuso sexual aos 14 anos cometido por um parente. Hoje, com 16 anos, deseja se tornar administradora de empresas. 'Eu passei por um acompanhamento psicológico assim que entrei no curso, que me ajudou a superar o que aconteceu comigo. Agora eu vejo que superei, já não sou a mesma pessoa que entrou [no projeto]'.
Na abertura do seminário, o presidente do Conselho Nacional do Sesi, Jair Meneguelli, e a ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci, assinaram termo de cooperação para incluir o ViraVida no Plano Nacional de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher.
Segundo a ministra, a parceria vinha sendo discutida há dois anos e que existe a possibilidade de transformar o projeto em um política governamental. 'É absolutamente possível transformar o projeto ViraVida em uma política nacional. Quero dar ênfase porque são vários ministérios que entram neste trabalho', afirmou.
Meneguelli anunciou a expansão do ViraVida para todo o país. 'A meta é chegar em todos os estados, estamos em praticamente 20. Até 2013, estaremos em todos os estados brasileiros e vamos ampliar os [projetos] já existentes.'
Os projetos do ViraVida são coordenados pelos departamentos regionais do Sesi, em parceria com os outros órgãos do Sistema S (Senai, Sesc, Senac, Sebrae, Sescoop e Sest/Senat).
*Nomes não identificados em conformidade ao Estatuto da Criança e do Adolescente
Edição: Carolina Pimentel//Matéria e título alterados às 13h48 para esclarecimento de informações
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