Para o candidato do PPL, a principal bandeira de sua campanha é a educação, o que inclui a melhoria do salário do professor. Em seguida, saúde e infraestrutura
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KAMILA ARRUDA
Da Reportagem
Apesar de ser um nome novo no cenário político cuiabano, o candidato a prefeito de Cuiabá pelo PPL, Adolfo Grassi, acredita estar no mesmo nível que seus concorrentes. O servidor público afirma que o fato de os demais candidatos terem mais recursos financeiros que ele não o assusta, e que vai suprir essa “desigualdade” no contato direto com o povo.
Grassi declarou ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) uma estimativa de R$ 1 milhão de gastos com a campanha eleitoral, contudo garante que ainda não possui nenhum recurso em caixa. Desta forma, ele acredita que os custos devem ficar sob a responsabilidade dele próprio, assim como aconteceu em 2010, quando concorreu a uma vaga de deputado estadual.
Na ocasião, o advogado arcou com todas as dívidas, apenas com seu salário de servidor público e advogado. “Estou pagando até hoje”.
Por não ter as condições financeiras que grande parte dos candidatos possui, Grassi afirma que sua candidatura é de protesto, uma vez que, para ele, as alianças formadas pelas outras agremiações têm o exclusivo interesse de estar no poder e não o de defender os interesses da população cuiabana.
Para ele, os governantes não estão olhando para as camadas mais humildes do município, deixando-lhes faltarem educação, saúde e infraestrutura. Desta forma, Grassi afirma que, se for eleito, concentrará seus esforços nestes três fatores.
O candidato do Partido Pátria Livre dá sequência à série de entrevistas realizadas pelo Diário com os postulantes à vaga de prefeito da Capital. Houve a necessidade de retomar a série devido às alterações no cenário político eleitoral.
Diário de Cuiabá - O senhor é um candidato novo comparado aos demais. Como se apresentaria para a sociedade cuiabana?
Adolfo Grassi - Eu me apresento como candidato do povo. Além de servidor público, sou advogado e sindicalista. Nossa candidatura é justamente por perceber que existe um vazio muito grande na sociedade. Hoje, nós temos aí 30 partidos, já que o PSD foi reconhecido recentemente, mas em nenhuma dessas agremiações, com exceção do Pátria Livre, pode representar os interesses das camadas mais humildes de Cuiabá. Desde os primórdios da humanidade, a gente vê que existe uma vontade muito latente dessa minoritária burguesia de permanecer no poder. Antes de Jesus Cristo, já era assim, e até hoje isso não mudou. E eles, para terem o poder em mãos, fazem qualquer coisa. Este ano, nós temos percebido, principalmente naquelas agremiações mais antigas, elas fizeram alianças para ganhar a eleição e não para governar, porque depois que ganha às eleições fica mais fácil. Nossa candidatura é de protesto, porém com proposta. Nosso partido tem uma proposta para que o Brasil avance e se desenvolva, e isso foi resumido em seis pontos principais que pode ser encontrado em nosso plano de governo, e esses pontos vão ser trabalhado e aplicado nas eleições deste ano.
Diário - O PPL tem algum plano nacional para fixar o nome no Brasil?
Adolfo Grassi - Por conta de uma orientação nacional, a grande maioria das capitais brasileiras vai contar com a candidatura própria do partido. Há algumas capitais onde a candidatura própria ficou inviável pelo fato de sermos um partido per início, mas nas principais cidades do Brasil, como São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza, Curitiba, existe candidatura própria.
Diário - Caso o senhor seja eleito, qual será sua primeira atitude como prefeito de Cuiabá?
Adolfo Grassi - Será possibilitar à população aqueles serviços que hoje ela não tem. O objetivo do poder público é exatamente ir àqueles locais que a iniciativa privada não tem interesse de chegar, pois não vai gerar lucros. Saúde, educação e infraestrutura são um grande exemplo disso, pois são setores que, se o serviço público não investir, vão ficar à mercê. A população paga seus impostos, por vários motivos, mas não tem tido o retorno em serviços.
Diário - Qual será a principal bandeira de sua campanha eleitoral?
Adolfo Grassi - Nosso plano de governo traz como prioridade a educação. Então, sendo eleito prefeito, nós vamos concentrar nossas forças no setor de educação, e aí na sequência vêm a saúde e a infraestrutura. A educação vem primeiro, pelo fato de nós, do Pátria Livre, entendermos que ainda não estamos livres, pois, para termos soberania e sermos livres, não podemos ficar à mercê de algumas situações que estão acontecendo, como, por exemplo, a falta de água na Capital. Nós não termos água tratada em 100% das casas é inadmissível, pois o Brasil tem hoje o maior lençol de água doce do mundo, que está aqui próximo de nós e não conseguimos abastecer todas as casas. Temos que focar nas coisas básicas. Estive esta semana no bairro Três Barras e constatei que alguns moradores estão jogando osso de boi e cachorro morto no rio. A prefeitura tem que colocar à disposição da população, além da coleta regular de lixo, um local específico para armazenar estes resíduos. E nós acreditamos que, para que tudo isso aconteça, temos que investir na educação, pois é ela a base de tudo. É ela que vai ajudar aquela pessoa mais humilde a ser alguém na vida, e que vai dar a oportunidade para as crianças sem condições financeiras serem engenheiras ou seguirem qualquer outra profissão. Nós só teremos soberania se tivermos uma educação de qualidade. Se nós não investirmos nela, daqui a certo tempo nós não teremos pessoas para desenvolver. Nós inventamos o avião, e ele foi ser explorado na França, Europa. O Brasil tinha o motor, mas uma empresa de fora comprou e fechou a fábrica daqui. Nós fazíamos nosso avião de guerra, e hoje não fazemos mais. Nós, do Pátria Livre, trabalhamos em cima da hipótese de que o BNDES tem que usar os recursos do Fundo do Trabalhador para ajudar no desenvolvimento do Brasil. E isso pode ser feito através do investimento em empresas nacionais, para valorizar as empresas genuínas do país. A população também pode ajudar neste processo, dando prioridade a essas empresas. A China é um grande exemplo disso. Ela distribui seus produtos no mundo todo, e hoje o carro mais vendido dos Estados Unidos é chinês. Tudo isso porque eles valorizam os produtos de sua cultura, e isso nós temos que desenvolver aqui também. O povo brasileiro é o melhor povo que tem, está na melhor terra, mas não estamos sabendo usar. Estamos querendo fazer com que as nossas riquezas sejam usadas e que a sociedade possa usufruir do poder econômico de cada Estado. Hoje, nosso governante admite pagar 250 bilhões de dólares num único ano somente de juros. Grande parte deste dinheiro poderia ser investida em saúde e educação. E é essa a prioridade do nosso partido: disponibilizar saúde e educação de qualidade e gratuita para todos. Nós temos hoje em Cuiabá, segundo dados do IBGE, 30 mil crianças em idade escolar fora das salas de aula, e isso nós não podemos admitir. Nós temos que governar para as pessoas mais humildes, e hoje estamos governando para uma camada da população que não precisa. Os valores estão invertidos. Nós, do Pátria Livre, queremos fazer um pacto com a população que realmente precisa. Queremos fazer uma revolução, a começar pela educação, valorizando os recursos humanos. O ser humano tem que ser colocado sempre em primeiro lugar, só depois vem a máquina. Agora, o ser humano, sem a escola com uma instalação física decente, sem os equipamentos e qualificação, não vai produzir. Por isso, temos que ter uma remuneração digna aos profissionais. Nós acreditamos que os professores precisam ser colocados de forma igualitária aos outros profissionais. Tem muita coisa a ser mudada, mas temos que começar de alguma maneira, e nós vamos começar por essas questões que julgamos essenciais.
Diário - O senhor citou a questão do saneamento. Qual sua opinião a respeito da concessão da Sanecap e também as organizações sociais (OSs) nos hospitais públicos?
Adolfo Grassi - O partido defende em todo o Brasil a proposta de educação e saúde gratuitas e de qualidade para todos, o que já é contrário ao que vem sendo feito aqui em Cuiabá. A água é tão vital para o ser humano, que nós acreditamos que ela não pode ficar sob os caprichos de resultado econômico. Quando você privatiza, com aquela falsa versão de que vai ter dinheiro para investir, esquece que a iniciativa privada só investe naquilo que vai ter retorno. E isso significa que ou vai ter uma taxa muito elevada, que vai dificultar às pessoas mais humildes ter acesso a essa água, ou ele não vai investir. Com a saúde é a mesma coisa, nenhuma iniciativa privada vai investir se não obtiver retorno. Não que nós sejamos contra, mas não trabalhamos desta forma. Nossa proposta não vai nessa direção. O que não é divulgado é que aqui em Cuiabá temos dois mil quilômetros de tubos de amianto, e este tubo já foi condenado, e, mesmo assim, a água que chega à nossa casa passa por ele. Isso é uma irresponsabilidade tamanha do chefe do Executivo da época, que deixou acontecer isso. O próximo prefeito terá a responsabilidade não só de levar água tratada para os bairros que não têm, como também fazer essa mudança na tubulação. Nós estamos assistindo aí às obras de mobilidade urbana por conta da Copa do Mundo. Então, a hora de fazer é agora, senão daqui a uns dias, depois de todas as obras concluídas, vamos ter que quebrar para fazer essa mudança, e isso será outro transtorno. Isso é uma irresponsabilidade, pois está rolando muito dinheiro, e nós teríamos que aproveitar este momento, colocar mais um pouco de recurso e substituir esses tubos. Eles são cancerígenos e mesmo assim vão deixar a população usando a água que passa por ele? Este é um problema grave, pois, se eu não tenho água de qualidade, eu não tenho saúde. São fatos desta envergadura que precisam de mudanças, pois são essenciais para a população. Com relação à saúde, temos que construir um hospital e colocar o pronto-socorro neste pacote, para no mínimo mil leitos. O Pátria Livre vai investir pesadamente nos programas de Saúde da Família, porque é aí que você vai evitar a sobrecarga no pronto-socorro, e isso não acontece hoje. Os PSFs que existem não são completos: faltam dentistas e assistentes sociais, entre outros profissionais que complementam a equipe. Se os governantes investissem neste tipo de programa teriam uma economia com os hospitais, que são bem mais caros. Queremos possibilitar tudo isso para a população cuiabana. Queremos governar para o povo, fazer um pacto com o povo, e gostaríamos de receber isso de volta porque os outros candidatos que estão aí fazem pacto em quatro paredes, somente entre eles, para ganhar as eleições. Depois que isso acontecer, o povo não importa mais para eles, e nós vamos continuar sem saúde, sem serviços básicos e essenciais.
Diário - Como será sua campanha eleitoral?
Adolfo Grassi - No contato. O prefeito é mais televisão e mídia, porque não dá para você falar com todo mundo, mas dentro do possível, queremos manter contato com o povo, quero olhar no olho do povo. Nossa candidatura vem das bases. Nós não temos dinheiro, o único dinheiro que eu tenho é do meu salário e não tem nem comparação as campanhas milionárias de alguns candidatos que depois vão ter que recuperar o dinheiro.
Diário - Quanto tempo de TV o PPL tem hoje?
Adolfo Grassi - Mais ou menos dois minutos.
Diário - O senhor declarou uma estimativa de gastos de R$ 1 milhão. De que forma o senhor pretende arrecadar este dinheiro?
Adolfo Grassi - O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) exige que os candidatos façam uma previsão de gastos, é uma imposição da lei. Nós só iremos gastar este valor se alguém doar R$ 1 milhão, mas também tem coisas que geram custos, como, por exemplo, o programa de TV. Para colocar no ar, o tempo é disponibilizado gratuitamente pra você, mas tem que gerar a mídia, e o mais barato que nós encontramos aqui no Estado foi R$ 350 mil, isso só para a chapa majoritária. Se eu achar alguém que faz esse trabalho para mim de forma graciosa vou ter que emitir o recibo e também declarar como gasto. Mas dinheiro mesmo eu não tenho nenhum. Tenho apenas meu salário de servidor e de advogado, que dá em torno de uns R$ 10 mil por mês, e é esse dinheiro que eu vou ter nos próximos três meses. Quando fui candidato a deputado estadual, gastei R$ 50 mil na campanha, tudo financiado por mim, que estou pagando até hoje. E a campanha deste ano também será financiada por mim mesmo. Agora, vou buscar parceiros, tanto da Executiva nacional do partido como de outras pessoas. Por isso, declarei esta estimativa.
Diário - Como o senhor pretende disputar as eleições com candidatos que vão investir milhões em suas campanhas?
Adolfo Grassi - Na boca, na palavra. O povo está enjoado de eleger empresários.
Diário - O senhor acredita que a eleição em Cuiabá terá segundo turno?
Adolfo Grassi - Na minha visão, vai!
Diário - Caso o senhor não esteja presente no segundo turno, tem algum partido com quem o PPL possui maior afinidade?
Adolfo Grassi - É uma audácia muito grande, mas nós queremos estar no segundo turno e vamos fazer de tudo para estarmos lá, com todo respeito a essas potências que estão aí. Ao longo da nossa campanha vamos mostrar que essas pessoas nada fazem pela parte carente da população. Se o povo entender, nós temos chances de estar no segundo turno. Eu tenho 52 anos de idade e acredito que estou preparado para enfrentar os outros candidatos que aí estão. Não sou melhor, mas não perco em nada. Agora, se nós não estivermos presentes, vamos analisar o perfil dos que estarão, para ver de que forma podemos participar.
Diário - Para finalizar, uma avaliação da gestão do prefeito Chico Galindo (PTB).
Adolfo Grassi - Eu conheço o Galindo desde que ele era deputado, mas enquanto prefeito ele teve uma dificuldade no início, e agora está fazendo o asfalto, que está sendo a principal bandeira levantada por ele. Mas eu tenho uma crítica com relação a isso. O asfalto que eles estão fazendo não é de qualidade, pois em determinadas regiões que já receberam o asfalto, está em situação ruim de novo. Como pessoa, eu não tenho nada o que falar dele, mas como gestor, teve alguns pontos em que ele deixou a desejar, como a questão da água.






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