PF combate cadeia de pedofilia na internet

Correio Braziliense - 29/06/2012
 

Iniciada em Porto Alegre, a Operação DirtyNet da Polícia Federal prendeu ontem 32 pessoas, em nove estados, por difundir a pornografia infantil no Brasil e em 34 países. De acordo com a delegada responsável, havia até canibalismo nas imagens

Após seis meses de investigações, iniciadas no Rio Grande do Sul, a Polícia Federal desencadeou ontem a Operação DirtyNet (internet suja, em inglês), que envolveu também a Interpol, para combater a pornografia infantil na rede. Até o início da noite, 32 pessoas haviam sido presas, em nove estados, por usar o computador trocar e difundir imagens de crianças para 34 países. Segundo os investigadores, haviam imagens chocantes e, até mesmo, de canibalismo. "Das coisas que já vi até hoje, isso foi o pior", definiu sobre o material apreendido a delegada Diana Calazans Mann, que participou da ação policial em Brasília e em outros 11 estados brasileiros. Ocorreram buscas também no Reino Unido e na Bósnia, onde uma pessoa acabou presa.

Pela primeira vez uma ação desta natureza é desencadeada internacionalmente a partir de investigação da Polícia Federal brasileira. Os atos foram resultado da Operação Caverna do Dragão, iniciada em dezembro de 2011 no Rio Grande do Sul, quando um recepcionista de hotel em Porto Alegre foi preso após admitir que havia abusado de um sobrinho e encaminhado imagens de pornografia infantil. "Na investigação descobrimos que a pessoa fazia parte de uma rede internacional com 170 membros, sendo que a maior parte no exterior, onde haviam 97 associados", conta a delegada, ressaltando que os integrantes da rede não faziam a comercialização de material pornográfico de crianças, somente trocavam em si. "Além disso, para entrar na rede era necessário ser convidado por alguns dos membros", observa Diana.
A Operação DirtyNet começou ontem no Rio Grande do Sul, onde foram cumpridos mandados de busca e apreensão, e se espalhou por todo o país (veja arte). O material apreendido pela Polícia Federal e os fatos que foram investigados nos últimos seis meses surpreenderam até mesmo pessoas experientes na corporação. Todas as imagens eram de menores — até mesmo bebês — de até 12 anos. "Tinha crianças com indícios de lesões corporais graves. Era abominável", conta a delegada Diana Mann. Segundo a PF, os arquivos trocados tinham menção a estupros cometidos por pais contra os próprios filhos, sequestros, assassinatos e atos de canibalismo. "O material encontrado é repulsivo e repugnante. Como a rede é criptografada, os integrantes tinham sensação de segurança e por isso certamente não tinham receio de compartilhar material pesado."
Com exceção do fato de ter sido iniciada pelo Brasil, tanto os métodos usados pelos criminosos, como a ação da Polícia Federal foram idênticos a outras operações realizadas anteriormente. A primeira grande ação desta natureza foi a Operação Carrossel I, em setembro de 2007, e Carrossel II, no ano seguinte. Em 2011, a PF fez outra grande operação com mais de 600 policiais, mas não houve prisões, somente buscas. Ontem, foram cumpridos mais de 50 mandados, além de 32 prisões, sendo que duas delas em flagrante, já que as pessoas detidas estavam de posse de material pornográfico infantil. Um dos suspeitos estava com 5,7 mil fotos e vídeos desta natureza. Entre as pessoas que foram levadas para as sedes estaduais da PF estava o radialista Rodrigo Vieira Emerenciano, o Mução, bastante conhecido em Fortaleza — onde se encontrava — e no Nordeste. Porém, no fim da tarde ele foi liberado por falta de provas.
Segundo informações da Polícia Federal, os brasileiros trocavam material de pornografia infantil com usuários da internet em mais 34 países: Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Áustria, Bélgica, Bósnia, Canadá, Chile, Colômbia, Croácia, Emirados Árabes Unidos, Equador, Estados Unidos, Filipinas, Finlândia, França, Grécia, Indonésia, Iran, Holanda, Macedônia, México, Noruega, Peru, Polônia, Portugal, Reino Unido, República Tcheca, Rússia, Sérvia, Suécia, Tailândia e Venezuela. A PF comunicou a Interpol sobre os investigados.
Cenários
Segundo o delegado de Combate ao Crime Organizado de Minas Gerais, Jader Lucas, os agentes federais filmaram roupas, lençóis, pertences pessoais, móveis e ambientes das moradias dos acusados para tentar remontar e confrontar os cenários que aparecem nas imagens de abusos. "Apreendemos computadores, mídias móveis, pen drives e HDs que serão encaminhados à perícia." Na casa de um casal suspeito, em Uberaba (MG), além de material pornográfico havia doces, brinquedos e DVDs de desenhos infantis, apesar de não haver crianças.
Palavra de especialista
Desvio sexual como doença
Os indivíduos com desvios sexuais não escolhem conscientemente seu estado e podem ficar permanentemente num estado erótico. Esses indivíduos podem seguir por caminhos diferenciados: se tornar um pedófilo ou tentar enfrentar este confuso mundo interior conflituoso, que se mistura entre o prazer e a realidade. Prazer este regido pela necessidade urgente de gratificação dos instintos, quer de forma direta ou alucinatória (através de fantasias).
Entre as possíveis causas que levam um indivíduo a pedofilia estão a sexualidade reprimida — que pode ser provocada por um desenvolvimento afetivo-emocional conturbado, o histórico de práticas libidinosas na infância ou também um desvio de personalidade. Crianças que foram induzidas a sexualidade precocemente, quando adultos, também têm dificuldades de lidar com tais impulsos libidinais, os quais geram muito sofrimento.
Apesar de não justificar o abuso sexual a menores, tais atos podem ser compreendidos como desvios sexuais e podem significar doença, já que esta se instala abruptamente na vida do indivíduo e se relaciona diretamente a alterações orgânicas e/ou neuronais. Os desvios são caracterizados como um conjunto de comportamentos não convencionais, manifestando-se paralelamente ao desenvolvimento da sexualidade e podendo acompanhá-la durante a vida toda.
Bernadete Pequin, psicóloga e especialista em Psicologia da Infância
Bombeiro suspeito de abuso em MG
Um militar do Corpo de Bombeiros é suspeito de abusar sexualmente de um menino de 10 anos em Belo Horizonte (MG). A Polícia Civil, por meio da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca), abriu inquérito para investigar o caso. O estupro teria ocorrido em 2011. De acordo com agentes, o militar foi ouvido e liberado por não haver flagrante. A criança também prestou depoimento. Em nota, o Corpo de Bombeiros afirmou que qualquer conclusão é prematura e que o assunto está sendo tratado com o maior empenho e celeridade possível.

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