Pedofilia, a mentira do amor infantil

Volta e meia o assunto da pedofilia invade as mídias. Sem o cuidado que o caso requer, emitem-se julgamentos apressados. Destituídos de razão e equilíbrio. Pessoas são execradas num ritual de vingança e paroxismo. Sem qualquer processo, são jogadas ao escárnio público.

A associação da pedofilia com/na internet torna o assunto ainda mais explosivo. Detona-se os supostos réus sem piedade. É bom que a análise do assunto se abra em partes bem distintas.

Primeiro, o conceito: o que é pedofilia? Pedo (menino, criança) + filia (afinidade). Desejo afetivo – mesmo sexual – por crianças. Esse comportamento enseja duas questões. Uma de ordem jurídica e outra de natureza psicológica. Isto é, trata-se de uma doença mental? Que tipo de transtorno? E, por que esse comportamento é considerado como crime grave?

Do ponto de vista jurídico há uma nítida afronta à natureza da criança, que ainda não possui sua sexualidade plena, madura, nem discernimento para atentar para esse tipo de conduta. É uma hedionda agressão com alguém totalmente indefeso. Por isso, a sociedade cria mecanismos de proteção à infância e à adolescência. E pune de forma drástica estas ditas condutas desviantes.

E, a Psiquiatria, o que diz desse comportamento? É uma doença? A sexualidade deve se expressar de forma madura. Uma coisa que acontece entre adultos, com o mútuo discernimento e consentimento. Buscar crianças para satisfazer necessidades sexuais revela uma deficiência no processo de maturidade. Um grave transtorno no processo de maturação. E, em alguns casos - mais grave - a associação com outros tipos de comportamentos desviantes. Aproveitam-se de circunstâncias que favorecem o contato 

promíscuo com crianças e pré-adolescentes. Entretanto, eles guardam plena consciência, sendo totalmente responsáveis pelos atos que praticam. Na Classificação Internacional das Doenças, da Organização Mundial da Saúde, (CID-10), a pedofilia é considerada uma doença.

A sociedade precisa proteger suas crianças e punir de forma exemplar aqueles que delas abusam.

Antonio Mouão Cavalcante

a_mourao@hotmail.com 

Médico, antropólogo e professor universitário