Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, entre janeiro e outubro deste ano foram registrados 346 estupros no ABC, ou seja, todos os dias, pelo menos uma mulher é vítima deste tipo de violência. Os serviços de atendimento às vítimas de violência doméstica na região, no entanto, estimam que os números possam ser ainda maiores.
“Acredito que exista muita subnotificação, pois não é raro os agressores serem maridos, companheiros ou namorados”, explicou a coordenadora do Programa de Atenção à Violência e Abuso Sexual de São Bernardo (Pavas), Maria Auxiliadora Vertamatti.
A profissional afirmou que os números referentes às mulheres que são estupradas pelos companheiros são baixos. “Entre 2010 e outubro deste ano, dos 425 casos que atendemos, 116 foram mulheres adultas que tinham algum tipo de relacionamento, e destas, apenas 32 referiam que o abusador era parceiro, atual ou ex”, declarou.
Para a coordenadora, duas hipóteses explicam os dados. “A maioria das mulheres que sofrem abuso dentro de casa sequer entende que isso se caracteriza como estupro, sendo que até mesmo as agressões precisam estar em um certo nível de severidade para que denunciem ou busquem ajuda”, afirmou.
“Entre aquelas que entendem o estupro e decidem buscar ajuda, uma parte provavelmente não refere quem é o agressor, por medo de retaliação ou mesmo de que o parceiro seja detido”, pontuou. “Ainda há um contingente que denuncia a agressão física, mas não entende o abuso sexual como um estupro, já que o agressor é seu marido/parceiro”, destacou.
Mitos e machismo - A dificuldade em entender o sexo forçado dentro de uma relação como estupro é relatada também pela diretora de Proteção Social Especial de Diadema, Joana Gouveia Duarte. “Existe um mito, uma cultura machista, de que o sexo é obrigação marital. Essa mulher que é agredida e não possui autonomia, acaba não tendo vontade sobre o próprio corpo”, relatou Joana, que também é coordenadora da Casa Beth Lobo, instituição em Diadema que presta atendimento às mulheres vítimas de violência doméstica.
A diretora afirmou também que, em muitos casos, as mulheres atendidas na Casa Beth Lobo não relatam o abuso sexual em um primeiro contato. “À medida em que as vítimas vão tendo mais confiança no nosso atendimento, as histórias vão surgindo.
Entendem que ser forçadas a manter relação também é uma violência”, completou. De janeiro a novembro deste ano, das 287 mulheres atendidas na Casa Beth Lobo, 24 relataram sofrer violência sexual.
Prefeituras orientam vítimas de agressão a procurar a polícia
De acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo foram registrados 346 casos de estupros no ABC entre janeiro e outubro deste ano. Os serviços de atendimento às vítimas de violência doméstica na região estimam que os números possam ser maiores, devido a subnotificação de casos onde os agressores são maridos, companheiros ou namorados das vítimas.
“Dos casos que chegam até nós, apenas uma parte é registrada na polícia, porque a nossa lei diz que nos casos de estupro contra pessoa maior de idade, o crime tem que ser representado, ou seja, apesar de ser hediondo, não corre naturalmente pelo Ministério Público. Isso quer dizer exposição e medo de retaliação”, relatou a coordenadora do Programa de
Atenção a Violência e Abuso Sexual de São Bernardo (Pavas), Maria Auxiliadora Vertamatti. Entre 2010 e outubro deste ano, dos 425 casos atendidos no Pavas, 32 foram mulheres adultas e o abusador era parceiro, atual ou ex.
A opinião é compartilhada pela coordenadora da Casa Beth Lobo, que presta atendimento às mulheres vítimas de violência doméstica em Diadema, Joana Gouveia Duarte. “Não temos dados estatísticos de quantas procuram a polícia, apesar de ser esse nosso aconselhamento, mas acredito que poucas chegam a isso, devido ao temor da exposição desse problema”, afirmou. De janeiro a novembro deste ano, das 287 mulheres atendidas na Casa Beth Lobo, 24 relataram sofrerem violência sexual por parte do companheiro.
Em São Caetano, o programa Renascer registrou um caso de mulher que foi violentada pelo esposo. O ato foi denunciado e corre processo no fórum municipal. O atendimento do Núcleo de Atenção à Violência Sexual (Navis) de Mauá registrou de janeiro de 2010 até outubro deste ano 105 vítimas adultas. Especialistas consideram a existência de subnotificação de ocorrências e acreditam que ampliar a informação e sensibilizar vítimas, familiares e profissionais para a necessidade de comunicação deste tipo de crime possa aproximar os dados da realidade.
As assessorias de Santo André, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra não informaram os dados até o fechamento desta edição.
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