Ginecologista é indiciado


Médico pode perder direitos do exercício. Polícia investiga abuso sexual de paciente

DIÁRIO DA MANHÃ
LEANDRO ARANTES
O médico ginecologista Itamar Cristino de Figueiredo, de 65 anos, pode perder o direito de exercer a Medicina devido a acusações de violação sexual mediante fraude a duas adolescentes da cidade de Inhumas, a 47 km de Goiânia. De acordo com informações da mãe de uma das vítimas, ele teria aproveitado da condição de médico para cometer o crime. Após propor a internação da menor, que estava sentindo fortes dores abdominais, no dia 13 de abril, Itamar teria acariciado as partes íntimas da paciente, enquanto ela estava sob efeito de potentes analgésicos.
A mãe da menina registrou um Boletim de Ocorrência (BO) na delegacia local, e foi solicitada a prisão preventiva do acusado, no entanto o juiz local, Pedro Silva, não acatou o pedido, substituindo-o por uma ordem de afastamento de suas funções pelo prazo de 90 dias, tempo estimado para o fim do inquérito. Caso as acusações se confirmem, o afastamento pode ser definitivo. O acusado, que é sócio proprietário de um hospital particular especializado em Medicina Ginecológica, nega as acusações. Ele afirma que tudo não passa de um mal-entendido. Até ontem à tarde ele não havia recebido a notificação da suspensão do direito de exercer a Medicina, e atendia normalmente em seu consultório. “Não recebi essa ordem do juiz, se receber, vou cumprir”, afirma o médico.
Segundo informações da mãe da vítima, ela foi internada com infecção urinária, e sofreu os abusos no terceiro dia de internação. “Cheguei ao hospital e ela estava toda “grogue” por causa do remédio que ele tinha dado para ela, depois ela me contou que tinha dormido e ao acordar, o médico estava em cima dela, beijando sua boca e acariciando seus seios”. A mãe fala que a outra vítima é uma prima da paciente que estava no hospital lhe fazendo companhia, ambas têm 15 anos de idade, e também teria sofrido abuso sexual por parte do médico, que tentou passar a mão em seu corpo e lhe beijar a boca.
O delegado da cidade, dr. Humberto Teófilo de Menezes Neto, conta que a pena para esse tipo de crime é de 2 a 6 anos de detenção, mas que dificilmente ele ficaria preso. “Para ele ser preso, somente se houver mais vítimas, pois as penas aplicadas seriam somadas para cada vítima”, afirma. O delegado acredita que, com a exposição do caso, outras vítimas irão aparecer, podendo complicar ainda mais a situação do ginecologista. “Vou ouvir todas as pacientes que foram atendidas nesse ano, para saber como foi a conduta do médico. Acredito que exista mais vítimas, só esperamos que elas tenham coragem de procurar a polícia”, destaca.
O acusado alega que a denúncia não é verdadeira, e que nunca houve tentativa de estupro nem violação sexual. Ele conta que, apesar do prejuízo moral que está tendo com essa exposição, pretende responder a tudo que for questionado e explicar de forma correta o que houve. “Ela foi internada com dores, então a gente apalpa para saber onde dói, mas não apalpei suas partes íntimas e não houve nenhuma violência, a porta da enfermaria estava sempre aberta nos momentos que passamos juntos, só ficamos sozinhos pouquíssimo tempo”, se defende.
Segundo Humberto Teófilo, a polícia tem trabalhado em parceria com o Conselho Tutelar e o Ministério Público, para solucionar todos os crimes dessa natureza. “Quase todas as denúncias de crimes sexuais que são feitas aqui na delegacia, nós conseguimos a prisão dos acusados”, afirma. A mãe da adolescente conta que a menina está traumatizada e fazendo tratamento psicológico para superar o acontecido, e torce para que a Justiça seja feita: “Eu espero que ele seja condenado, confio plenamente na Justiça”, desabafa.