Padre Beto, expulso da Igreja por apoiar amor gay, vê incoerência na não-punição a religiosos envolvidos em escândalos sexuais
São Paulo - Um dia após decisão da Diocese de Bauru de excomungar o padre Roberto Francisco Daniel, 48, por apoiar o amor entre gays, o religioso fez duras críticas aos critérios da sua punição e lembrou de sacerdotes e bispos, envolvidos em escândalos de pedofilia que continuam na Igreja.
Padre Beto: contra dogmas | Foto: ReproduçãoInternet
Padre Beto, como é conhecido, atuava na Diocese de Bauru desde 2001 e foi excomungado na segunda-feira, após um vídeo divulgado na internet, no qual ele se mostra favorável à união entre homossexuais. O sacerdote vê incoerência na sua punição: “Nós sabemos de casos, notórios e públicos, de padres e bispos que erraram, que cometeram crimes de pedofilia, outros crimes também, que são punidos pela lei penal, mas não são excomungados. E a gente que simplesmente ajudou na reflexão sobre esses temas é excomungado. Vejo uma incoerência muito grande.”
Pela lei de direito penal canônica, o bispo de Bauru, Caetano Ferrari, 70 anos, fica impedido de emitir opinião sobre o tema até o final do processo de excomunhão.
LIBERDADE DE EXPRESSÃO
Petição de apoio ao religioso
Padre Beto ganhou ontem apoio de internautas. Uma petição online no site da Avazz colheassinaturas de repúdio à excomunhão do sacerdote e defende as suas ideias.
Impedido de celebrar missas a partir de então, Beto diz que manterá suas ações como teólogo e professor universitário na cidade. “Pretendo continuar uma vida religiosa como teólogo. Vou continuar contribuindo com a reflexão sobre Deus, sobre o mundo e como eu já comecei sobre a sexualidade humana, sobre o comportamento humano e sua relação com Deus”, afirma.