Na ritmo do "Tô que Tô", figuras polêmicas entram na campanha


Romilson Dourado

   Alguns personagens com imagens desgastadas, como Eder de Moraes, José Riva, Chico Galindo, Wilson Santos e Antero de Barros, ganharam tanta visibilidade que, em muitos momentos da campanha do segundo turno em Cuiabá, foram pautas de reuniões e debates. Tudo começou com a estratégia do petista Lúdio Cabral de, na base do "Tô que tô", se vincular ao governador Silval Barbosa, à presidente Dilma Rousseff e ao ex-presidente Lula. Mauro Mendes (PSB) passou a campanha tentando desconstruir o tal alinhamento político porque percebeu que a participação de Dilma e Lula no horário eleitoral teve peso importante para o adversário, já que, além da força da máquina do governo federal, ambos detêm alto índice de popularidade.
   Silval também abraçou Lúdio, mas do que os candidatos do PMDB do primeiro turno. Oficialmente, Lúdio "colou" em Silval, Dilma e Lula, mas escondeu outros apoios, aqueles oriundos de lideranças que carregam desgaste político. Mauro fez igual. Propagou o tempo todo contar com respaldo dos senadores Pedro Taques e Blairo Maggi, do deputado federal Valtenir Pereira e do governador de Pernambuco e presidenciável Eduardo Campos, mas não citou que, nos bastidores, o prefeito Chico Galindo passou a apoiá-lo. Em algumas situações, Mauro mencionou estar afinado com o governo federal, já que o seu PSB faz parte do primeiro escalão da gestão Dilma.
   O polêmico e emblemático Eder de Moraes, que sabe muito sobre os governos Maggi e Silval e não tem papas na língua, esteve no centro das atenções. A cada crítica que recebia, ele reagia com a mesma proporção e travou vários embates, por exemplo, com o senador Pedro Taques. Eder arrumou confusão porque, mesmo sendo do PR, que indicou João Malheiros de vice de Mauro, passou a não só apoiar Lúdio, como ajudar na mobilização de lideranças comunitárias e de representantes de diferentes segmentos. Como a imagem de Eder, que foi presidente do MT Fomento e secretário de Fazenda, Casa Civil e Secopa, é atingida por um certo desgaste, a campanha de Mauro passou a "martelâ-lo" como forte aliado de Lúdio, assim também em relação ao deputado Carlos Bezerra, cacique político do PMDB, e ao presidente da Assembleia José Riva, cujo partido, o PSD, se juntou ao petista.
   Lúdio, por sua vez, escalou porta-vozes para também bater no adversário por ter gestores com a popularidade em baixa, como o ex-prefeito Wilson Santos e o prefeito Galindo, embora ambos não tenham participado da campanha. Petistas e peemedebistas jogaram também no mesmo "balaio" de Mauro o ex-senador Antero de Barros, que deixou o PSDB e se tornou peça-chave nas estratégias de marketing do candidato socialista, e o coordenador jurídico José Antonio Rosa, ex-secretário da gestão Wilson. Nenhum das "figuras desgastadas" foi convidada para participar do horário eleitoral. Essas personalidades até se fizeram presentes nos atos e comícios, mas não tiveram direito a discurso.
   Enalteceram-se uns e esconderam-se outros. A letra da dupla de barra-garcenses Ricco e Léo dominou a campanha pró-Lúdio, no ritmo do "Tô que tô", vinculando o candidato aos principais apoiadores. A campanha de Mauro copiou a ideia, mas vinculando Lúdio a outros apoios, como de Eder, Bezerra e Riva. 
   Como deve prevalecer a velha máxima segundo a qual quem ajuda a ganhar, ajuda a governar, principalmente num embate histórico como este em Cuiabá, os candidatos fizeram muitas concessões. Por mais que assegurem ter autonomia para administrar Cuiabá, tanto um quanto o outro não conseguirão dar um passo no Palácio Alencastro sem ter uma pessoa buzinando nos ouvidos, ora pedindo cargos, ora em defesa de outros interesses.