Romilson Dourado
Silval também abraçou Lúdio, mas do que os candidatos do PMDB do primeiro turno. Oficialmente, Lúdio "colou" em Silval, Dilma e Lula, mas escondeu outros apoios, aqueles oriundos de lideranças que carregam desgaste político. Mauro fez igual. Propagou o tempo todo contar com respaldo dos senadores Pedro Taques e Blairo Maggi, do deputado federal Valtenir Pereira e do governador de Pernambuco e presidenciável Eduardo Campos, mas não citou que, nos bastidores, o prefeito Chico Galindo passou a apoiá-lo. Em algumas situações, Mauro mencionou estar afinado com o governo federal, já que o seu PSB faz parte do primeiro escalão da gestão Dilma.
O polêmico e emblemático Eder de Moraes, que sabe muito sobre os governos Maggi e Silval e não tem papas na língua, esteve no centro das atenções. A cada crítica que recebia, ele reagia com a mesma proporção e travou vários embates, por exemplo, com o senador Pedro Taques. Eder arrumou confusão porque, mesmo sendo do PR, que indicou João Malheiros de vice de Mauro, passou a não só apoiar Lúdio, como ajudar na mobilização de lideranças comunitárias e de representantes de diferentes segmentos. Como a imagem de Eder, que foi presidente do MT Fomento e secretário de Fazenda, Casa Civil e Secopa, é atingida por um certo desgaste, a campanha de Mauro passou a "martelâ-lo" como forte aliado de Lúdio, assim também em relação ao deputado Carlos Bezerra, cacique político do PMDB, e ao presidente da Assembleia José Riva, cujo partido, o PSD, se juntou ao petista.
Lúdio, por sua vez, escalou porta-vozes para também bater no adversário por ter gestores com a popularidade em baixa, como o ex-prefeito Wilson Santos e o prefeito Galindo, embora ambos não tenham participado da campanha. Petistas e peemedebistas jogaram também no mesmo "balaio" de Mauro o ex-senador Antero de Barros, que deixou o PSDB e se tornou peça-chave nas estratégias de marketing do candidato socialista, e o coordenador jurídico José Antonio Rosa, ex-secretário da gestão Wilson. Nenhum das "figuras desgastadas" foi convidada para participar do horário eleitoral. Essas personalidades até se fizeram presentes nos atos e comícios, mas não tiveram direito a discurso.
Enalteceram-se uns e esconderam-se outros. A letra da dupla de barra-garcenses Ricco e Léo dominou a campanha pró-Lúdio, no ritmo do "Tô que tô", vinculando o candidato aos principais apoiadores. A campanha de Mauro copiou a ideia, mas vinculando Lúdio a outros apoios, como de Eder, Bezerra e Riva.
Como deve prevalecer a velha máxima segundo a qual quem ajuda a ganhar, ajuda a governar, principalmente num embate histórico como este em Cuiabá, os candidatos fizeram muitas concessões. Por mais que assegurem ter autonomia para administrar Cuiabá, tanto um quanto o outro não conseguirão dar um passo no Palácio Alencastro sem ter uma pessoa buzinando nos ouvidos, ora pedindo cargos, ora em defesa de outros interesses.





