Mauro acusa cel. da PM de participação

Socialista acionará coligação adversária por abuso de poderes econômico e político. Petista nega participação e rechaça a acusação 


Em entrevista coletiva, Mauro Mendes (centro) nega que coordenador estivesse comprando votos, mas apenas organizando os cabos eleitorais para um “bandeiraço”
KAMILA ARRUDA
Da Reportagem

A coligação do empresário Mauro Mendes (PSB) acusa o chefe da Casa Militar do Estado, coronel Ildomar Nunes Macedo, de estar envolvido no suposto esquema que culminou na prisão de um de seus coordenadores, o ex-jogador de futebol do Mixto, Paulo César Camargo, conhecido como “Gatão”. O coordenador-geral da campanha do vereador Lúdio Cabral (PT), deputado estadual Alexandre César, rechaça as acusações e garante que a coligação PT-PMDB não tem qualquer envolvimento no fato.

Mauro já acionou a chapa adversária na Justiça por abuso de poder político, econômico e uso da máquina pública. “O que nós queremos é formalizar exatamente a denúncia para que o TRE, através da corregedoria, tome as providências cabíveis”, explica o coordenador-geral da campanha do socialista, deputado estadual Emanuel Pinheiro. 



Para ele, a coligação do petista, com o apoio do coronel Macedo, “armou” um flagrante para tentar incriminá-lo a três dias do pleito. “Essa é mais uma armação montada pela candidatura adversária, e o que é pior: com a participação de agentes públicos. Mais uma tentativa de criar factóides, mentiras e ludibriar a população”.

Gatão foi detido na noite da última quinta-feira (25), próximo ao bairro Cidade Alta, acusado de compra de votos. De acordo com Pinheiro, o ex-jogador estava apenas instruindo os cabos eleitorais a respeito do bandeiraço que seria realizado horas depois na localidade.

“Ele estava fazendo uma reunião com sua equipe para o ato. Ele foi abordado pelo chefe da Casa Militar quando fazia a chamada oral dos contratos, inclusive, ele estava com a lista das pessoas na mão. Fica claro a manobra arbitrária, a armação com a participação da máquina pública. Quem cuida de crime eleitoral é a Polícia Federal e não a Civil, como foi neste caso”.

A denúncia teria sido feita pelo tenente Willian Dias, que, de acordo com a coligação de Mauro, estaria diretamente ligado à campanha adversária. Gatão afirma que os policiais constataram que não havia indícios de compra de votos, no entanto, Macedo e Willian teriam mandado dar voz de prisão a ele. “Ele viu que não havia indícios nenhum de irregularidades, mas, do outro lado da rua, estava o tenente Willian conversando com um cara muito nervoso, e, neste momento, chegou o coronel Macedo mandando me prender. Isso revoltou os militantes, porque não tivemos o direto nem de nos explicar”.

O ex-jogador foi liberado pouco tempo depois pelo delegado que estava de plantão no Cisc Planalto. “Todas as pessoas que fazem parte da nossa equipe são devidamente contratadas, com contrato assinado no cartório e tudo mais. Tudo dentro da legislação eleitoral. Eu, como deputado estadual, vou interpelar o comandante-geral da PM sobre a participação do coronel Macedo neste episódio”, afirma Emanuel.

O caso também revoltou no senador Pedro Taques (PDT). “Qual é o limite para ganhar uma eleição? Vale mentir, usar o aparato de Estado? A Polícia Militar não pode ser usada como guarda pretoriana do governador para ganhar uma eleição. O chefe da Casa Militar, coronel Macedo, está expondo a Polícia Militar ao ridículo. O que ocorreu foi uso da máquina, abuso de poder econômico e político, o que é ilegal. Parabenizo ao delegado, que é um homem de bem, e não foi fantoche de aceitar a ordem dos que exercem o poder no Estado”.

PT - Alexandre César, entretanto, nega veemente qualquer participação da coligação encabeçada por Lúdio nesta denúncia “plantada”. “Não há qualquer tentativa de fazer alguma denúncia forjada sobre compra de votos. Não participamos dessa armação”. Além disso, o petista afirma que Willian não tem qualquer participação na campanha de Lúdio e que o coronel Macedo estava apenas realizando o seu trabalho.