Candidato petista rechaça a tese de que outras pessoas governarão Cuiabá, caso eleito. Ele também afirma que Mauro Mendes desrespeita os servidores municipais
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Da Reportagem
Ao contrário do que afirma o seu adversário, o empresário Mauro Mendes (PSB), o vereador Lúdio Cabral (PT) acredita que ele é o candidato mais preparado para assumir a prefeitura de Cuiabá. Para o parlamentar, sua carreira no funcionalismo público, juntamente com seus dois mandatos de vereador, conta mais do que a experiência do socialista no ramo privado.
“O meu adversário não tem um dia, um minuto, de experiência concreta na administração pública. Fabricar e comercializar torre não é experiência administrativa para governar uma cidade. Eu tenho 16 anos de experiência cotidiana no serviço público”.
Lúdio foi o segundo entrevistado deste segundo turno, pois teve 5.248 votos a menos que o candidato socialista. O parlamentar ficou na segunda colocação com 42,27% dos votos válidos, o equivalente 131.877 votos.
O candidato petista também revela que fez uma campanha econômica. Segundo ele, nem 60% do limite de gasto, estipulado no momento do registro da candidatura, será alcançado. O limite de gastos da coligação encabeçada por ele é de R$ 9,8 milhões.
“No primeiro turno, nós devemos ter realizado em torno de 30% deste limite e, no segundo, temos procurado fazer a campanha mais modesta e mais organizada possível, para que os gastos sejam compatíveis. Nós devemos alcançar no máximo 60% do que estava previsto, não vamos chegar ao limite”.
Além disso, o parlamentar também rebateu os ataques que vem recebendo do seu adversário, e afirma que, apesar disso, manterá sua campanha, principalmente na televisão e no rádio, focada na apresentação de
propostas.
Diário de Cuiabá - Qual a estratégia da sua coligação para a reta final da campanha?
Lúdio Cabral - Como fizemos uma campanha vitoriosa no primeiro turno, de crescimento forte na população, e o resultado disso se deve a campanha limpa que fizemos, sem poluir a cidade, voltada na apresentação de propostas e na mobilização das pessoas. Nós vamos manter esse mesmo modelo de campanha. Agora, continuamos recebendo ataques covardes, maldosos e mentirosos. E, por isso, nós vamos responder a esses ataques, porque não vamos levar desaforo para casa, mas vamos continuar no processo de contato com as pessoas, de mobilização, de caminhadas, de escuta, para acumular forças necessárias para poder chegar à vitória. O segundo turno é uma oportunidade positiva para a população ampliar a consciência sobre os candidatos, sobre as propostas que eles apresentam, sobre o seu comportamento, para, assim, poder tomar uma decisão livre e soberana no dia da eleição.
Diário - Quais as mudanças que foram feitas na sua equipe?
Lúdio - Não fizemos nenhuma mudança, mas, em função de ser uma eleição de segundo turno e de se tratar de uma eleição mais intensa e mais rápida, nós apenas ampliamos os quadros da coordenação, para a tarefa de diálogo com os movimentos sociais, com os partidos políticos, com lideranças para assegurar agilidade necessária no segundo turno. Ampliamos os quadros com o [deputado estadual] Alexandre César e com o [vereador Francisco] Vuolo.
Diário - Haverá mudanças em seu plano de governo? Há a possibilidade de incluir projetos de outros candidatos que disputaram apenas o primeiro turno?
Lúdio - Nós, desde a pré-campanha, desde o processo de elaboração do plano de governo, que foram mais de dois meses de seminário, sempre buscamos a contribuição da sociedade civil para elaborar o conteúdo. Ao longo da campanha nós recebemos muitas propostas e elas foram acolhidas. Neste segundo turno esse aspecto vai funcionar da mesma forma. Estamos no diálogo com as pessoas, acolhendo propostas que vai se incorporando e dando mais consistência ao nosso programa de governo. Há a possibilidade sim de incluir projetos de outros candidatos, desde que se enquadre nos princípios do nosso programa de governo, que são basicamente dois: recuperação das funções públicas, que são responsabilidade da prefeitura, e realizar um governo participativo, que compartilhe o poder com a população. Essa é a mudança que Cuiabá e a nossa população espera, recuperar os oito anos de abandono da cidade e realizar um governo que não atende o interesse de poucos, mas, sim, ao interesse do conjunto da população.
Diário - Seu adversário, o empresário Mauro Mendes, disse em entrevista ao Diário na semana passada que tem algumas “cartas na manga” contra o senhor, que serão usadas se necessário. O senhor também tem “cartas na manga” contra ele?
Lúdio - Quem tem carta na manga é jogador de baralho traiçoeiro, e eu não me relaciono com esse tipo. Eu tenho muita tranquilidade, muita confiança na nossa trajetória, no conteúdo das nossas propostas. Todos os ataques que fizeram contra mim não me atingiram, muito pelo contrário, só me fortaleceram. Portanto, podem vir com o que quiser que vão quebrar a cara.
Diário - Com relação a seu programa eleitoral. Qual linha ele deve seguir nesta última semana de segundo turno?
Lúdio - O nosso adversário continua nos atacando covardemente nos programas eleitorais. Eles estão utilizando as inserções, nos intervalos comerciais, para nos atacar covardemente, desrespeitando a população, pois este horário é para apresentação de propostas e não é para fazer ataques covardes e maldosos aos outros candidatos. Nos programas eleitorais, o senador Pedro Taques virou garoto de recado e com o papel de nos atacar, cometendo um erro gravíssimo, que é antecipar a disputa eleitoral de 2014, demonstrando que eles estão muito mais preocupados com o projeto de poder pelo poder a qualquer custo, inclusive com as eleições de 2014, do que com o destino da nossa cidade e com a nossa população. Cuiabá sofreu muito nos últimos anos por conta deste tipo de comportamento. A condução da campanha do meu adversário está nas mãos das mesmas pessoas que conduziram as duas campanhas do Wilson Santos. Com este mesmo modelo raivoso, odioso, que compromete severamente o sentido de um evento de um eventual governo, porque cria um ambiente de conflito com o governo do Estado, com o governo federal. A nossa população está cansada disso. Cuiabá não pode mais continuar sofrendo por este tipo de comportamento. A nossa população merece um prefeito responsável, coerente, que tenha como centro de suas preocupações a nossa cidade e o nosso povo, e não um projeto de poder pelo poder a qualquer custo. Por isso, vamos continuar nos focando na apresentação de propostas. O programa eleitoral, assim como foi no primeiro turno, será 100% propositivo.
Diário - O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) agiu de forma incisiva no primeiro turno no que diz respeito à propaganda eleitoral. O que o senhor espera neste segundo turno?
Lúdio - Eu espero que isso se mantenha, nós, inclusive, já conseguimos algumas vitórias neste segundo turno, e vamos a Justiça sempre que formos atacados da forma como estamos sendo.
Diário - Esta semana o senhor contou com a presença de dois líderes nacionais importantes em seu palanque. Quais outros ainda devem reforçar a sua campanha? O ex-presidente Lula e a presidente Dilma Rousseff vêm?
Lúdio - A presença das lideranças nacionais fortalece a nossa campanha e o ambiente de diálogo que queremos construir pelo bem da nossa cidade. Gilberto Carvalho é um dos ministros mais importantes do Palácio do Planalto, trabalha diretamente com a presidenta Dilma. A ministra Miriam Belchior é a ministra do Planejamento do governo, responsável pelo PAC, e Cuiabá precisa reabrir as portas para receber esses investimentos. Então, a vinda dessas lideranças demonstra o esforço de mobilização, de diálogo e de sintonia que nós buscaremos para superar os problemas que a nossa cidade tem. A presença da Dilma é mais difícil, em função da realidade de quem governa o país. Lula tem uma agenda muito intensa, nós estamos insistindo para que ele venha, mas essa agenda não depende apenas da direção nacional do PT. Há viagens internacionais programadas, mas o esforço nosso é para trazê-lo. Agora, independentemente disso, a participação do Lula na campanha foi muito positiva no primeiro turno, a partir da presença dele na televisão. E eu já tive duas oportunidades de dialogar pessoalmente com ele no decorrer desta campanha, para buscar através do diálogo enriquecer minhas experiências. Neste segundo turno, na viagem que eu fiz a São Paulo, tive a oportunidade de conversar longamente com ele, para buscar aprendizado. E na oportunidade ele me disse para fazer campanha com altivez, não levar desaforo para casa, respeitar as pessoas e continuar apresentando propostas.
Diário - A tese de alinhamento também vem sendo usada pelo candidato Mauro Mendes, uma vez que o seu partido e os partidos que o apoiam também fazem parte da base de sustentação da presidente Dilma Rousseff. O senhor acredita que isso pode quebrar o seu discurso?
Lúdio - Esse é mais um sinal de desespero e da incoerência dele. Se ele acredita na possibilidade de alinhamento, ele não poderia estar atacando da forma maldosa e covarde, como ele está atacando, o governador Silval Barbosa e também o PT, da Dilma e do Lula. Essa é mais uma demonstração da incoerência do adversário. Ou ele não acredita ou ele acredita. E a população é sábia, é inteligente, ela identifica a contradição neste comportamento. Em uma inserção ele bate no PT, na outra bate no governador e em outra diz que é da base da Dilma.
Diário - Quanto o senhor gastou no primeiro turno, qual a estimativa de gastos para este segundo e de onde estes recursos são oriundos?
Lúdio - Nós temos um limite de gastos, que foi estabelecido no início da campanha. No primeiro turno, nós devemos ter realizado em torno de 30% deste limite e, no segundo, temos procurado fazer a campanha mais modesta e mais organizada possível, para que os gastos sejam compatíveis. Nós devemos alcançar no máximo 60% do que estava previsto, não vamos chegar ao limite. E esses recursos são adventos de doações de pessoas físicas, da direção nacional do PT, de algumas empresas, que não tem relação nenhuma com o governo municipal.
Diário - Mauro Mendes acusa o senhor de comprar pesquisas, fala até em “indústria de pesquisas”, e afirma que foi prejudicado com isso no primeiro turno. Além disso, também acusa o senhor de usar a máquina estadual na sua campanha, por meio da Secom. O que o senhor tem a dizer sobre isso? Acredita que essas acusações podem lhe prejudicar?
Lúdio - São mais dois comportamentos contraditórios e incoerentes. Eu sempre respeitei todas as pesquisas, inclusive quando eu estava em desvantagem. O meu adversário, quando estava na frente das pesquisas e com tranquilidade, não questionava, ao contrário, divulgava exaustivamente essas pesquisas, dos mesmos institutos que, agora, ele questiona a credibilidade. Quando nós começamos a crescer, e no ritmo que crescemos, e vendo a derrota se materializar mais uma vez no seu caminho, ele parte para essa estratégia de desrespeitar os institutos de pesquisas. Por isso, nós estamos o interpelando na Justiça, porque, se ele disse que pesquisa foi comprada, ele tem que dizer que pesquisa foi comprada, quem comprou e quem pagou. A população também não aceita de um candidato a prefeito esse tipo de comportamento de ficar atacando irresponsavelmente. Os institutos de pesquisas estavam corretos. Todos eles trabalharam com números colhidos nos levantamentos de dados realizados até a sexta-feira. Primeiro, que há uma margem de erro e a pesquisa reflete aquele momento em específico. O resultado da eleição foi uma vitória para nós. Alcançar 42,2% dos votos, um ponto a menos que o adversário, que no início acreditava que iria ganhar com tranquilidade no primeiro turno - e só caiu ao longo da campanha, e nós subimos - é uma vitória para nós. E aí, o derrotado fica esperneando e tentando encontrar culpados ao invés de reconhecer os próprios erros. Além disso, máquina quem tem é ele, com o uso da prefeitura, com o prefeito Chico Galindo. Toda a cúpula do Galindo apoia sua candidatura. Ele é o candidato da CAB e da privatização da água, é o candidato das pessoas da confiança do ex-prefeito Wilson Santos, enfim, ele é o candidato da continuação e do poderio econômico, que quer ganhar a eleição a qualquer custo.
Diário - O deputado federal Valtenir Pereira (PSB) quer propor na Câmara Federal a limitação da divulgação de pesquisas de intenção de voto. Qual sua opinião sobre isso?
Lúdio - O Brasil precisa de uma reforma política para que as eleições sejam eleições que respeitem a população. Eu espero que este discurso do deputado não seja um discurso de conveniência por conta deste período eleitoral, até porque há muitos projetos em tramitação no Congresso Federal tratando da reforma eleitoral, para que se fortaleça a democracia. Essa é uma das propostas que já está em debate há muito tempo, mas eu acredito que, sinceramente, há outras medidas mais importantes do que limitar a divulgação de resultados de pesquisas.
Diário - O seu adversário se diz melhor gestor que o senhor por conta de sua vasta experiência como administrador e pelo sucesso de sua empresa. O senhor tem apenas a experiência no Legislativo e no funcionalismo público. Assim como ele, se diz preparado para assumir a prefeitura de Cuiabá?
Lúdio - Existe uma diferença muito grande entre negócio privado, para atender ao interesse próprio, e serviço público, para atender o interesse coletivo. O meu adversário não tem um dia, um minuto, de experiência concreta na administração pública. Fabricar e comercializar torre não é experiência administrativa para governar uma cidade. Eu tenho 16 anos de experiência cotidiana nos serviços públicos, na administração publica, na ponta da administração publica, como servidor, e oito anos como vereador, legislando, estudando, fiscalizando com rigor toda a execução orçamentária de todas as áreas das políticas públicas. Uma trajetória de luta cotidiana em defesa da nossa população. Todas as grandes questões que envolveram a nossa cidade e a nossa população nos últimos oito anos eu estive ao lado e na luta junto com a nossa população, acumulando o aprendizado para hoje assumir a responsabilidade que eu estou tendo, de estar preparado para governar Cuiabá. Agora, este comportamento do adversário, representa, inclusive, um desrespeito aos servidores públicos. Cuiabá vai ter a oportunidade de, pela primeira vez na sua história, ter um servidor público de carreira como prefeito, para dar conta de, no comando da cidade, organizar um esforço de mobilização com os 16 mil servidores, para acelerar as mudanças que a nossa cidade precisa. São 16 anos de militância no serviço público, tendo como centro da minha atuação o interesse coletivo, contra nenhum segundo de militância no setor público direto do meu adversário. Quem é que está mais preparado? Quem é que tem mais experiência administrativa? A população é quem vai responder.
Diário - Com relação a seus apoiadores, o senhor tem sido muito questionado por conta deles. Caso o senhor seja eleito, de que forma vai dizer não para eles?
Lúdio - Primeiro, o meu adversário não tem como me atacar. Todas as vezes que me atacou, caiu do cavalo, e aí parte para atacar os apoios que eu estou recebendo. Eu não quero fazer desta eleição o debate sobre a qualidade dos apoiadores que ele tem, porque isso não contribui com o destino da cidade. O que precisa ficar muito claro é que o prefeito de Cuiabá vai ser o Lúdio, quem vai comandar a cidade vai ser o Lúdio, e está muito claro nos critérios que nós vamos adotar para compor o nosso governo. Primeiro, que nós temos um programa de governo que foi debatido, que é de conhecimento de todas as pessoas que hoje me apoiam. Segundo, nós vamos realizar um governo novo, com pessoas novas ocupando os cargos de comando. E os critérios que vamos adotar para ocupação desses cargos de comando é qualificação técnica, é compromisso público, acessibilidade humana e a capacidade de mobilizar, de dialogar, de liderar este esforço coletivo para resolver os problemas da nossa cidade. Este vai ser o sentido que vai orientar a composição do governo, que será comandado pelo prefeito Lúdio.
http://www.diariodecuiaba.com.br/detalhe.php?cod=419639





