Wilson Santos desabafa e diz que renúncia foi o seu "maior erro"

Por: RAFAEL COSTA
Fonte: Folha do Estado


Foto de Reprodução
Ex-prefeito declara que renúncia da prefeitura foi seu grande pecado e ‘derrota trouxe ensinamentos‘
 WILSON PEREIRA DOS SANTOS - Após sair derrotado ao governo do Estado em 2010 e viver no ostracismo, o ex-prefeito de Cuiabá Wilson Santos (PSDB) quebrou o silêncio e admitiu que sua renúncia ao cargo é considerado o erro mais grave de sua vida pública. “Reconheço que foi o grande erro político da minha vida. Isso porque eu ouvi pouco! Ouvi meia dúzia de assessores que comumente cercam o governante e basicamente fazem aquilo que o governante quer ouvir”. Em uma carreira política que começou como militante estudantil, passando por vereador, deputado estadual, deputado federal e prefeito por dois mandatos, Santos afirma que a derrota lhe trouxe mais ensinamentos. “O político só é completo quando conhece o sabor das derrotas. As vitórias ensinam muito pouco”. Ele ainda apoia a candidatura de Guilherme Maluf e avalia positivamente a gestão do prefeito Chico Galindo

Folha do Estado - Qual será a participação do ex-prefeito Wilson Santos no processo eleitoral em Cuiabá? 
Wilson Santos – Meu voto do PSDB, portanto, será em Guilherme Maluf. Apesar do convite para dirigir a campanha, declinei do convite porque tenho crescente volume de trabalho, mas, vou atuar na campanha de forma menos intensiva.
Folha do Estado – Muito se comentou que o candidato Guilherme Maluf estaria se escondendo dos resultados da gestão Wilson Santos. Isso não desagrada o senhor que pertence ao mesmo partido? 
Wilson – Na verdade, o Maluf me convidou para ser o coordenador geral da campanha. Eu não pude aceitar diante dos compromissos que tenho com a iniciativa privada, onde trabalho atualmente. Fui convidado para estar na convenção e com direito a uso da palavra. Por motivo de viagem, não pude comparecer. Já delimitei o território em que vou atuar e irei auxiliá-lo como também vou participar de determinadas campanhas eleitorais em municípios do interior. Essa será, de maneira muito clara, minha participação.
Nome: Wilson Pereira  dos Santos
Idade: 50 anos
Naturalidade: Dracena  (SP)
Estado civil: Casado  com a arquiteta Adriana  Bussiki e pai de três filhos,  que são Elson, Elton e  Gabriel
Filiação partidária:  PSDB
Grau de instrução:  Graduado em direito pela  UFMT, licenciado em ciência, autodidata em história  e pós-graduado em gerência  de cidades. 
Ocupação: Professor do  curso pré-vestibular Cuiabá  Vest e de cursos de pós-graduação na FAAP. Também  é conselheiro da Cemig  (Centrais Elétricas de Minas  Gerais).
Folha do Estado – Muito se comenta em desgaste. É possível elencar resultados positivos em sua gestão? 
Wilson - Em relação à minha gestão, há muitos acertos, mas, também houve erros. Duvido se algum candidato vai extinguir o Cuiabá Vest, o programa escola com saúde e voltar a pagar salários atrasados, menosprezar o combate à mortalidade infantil, zerar a política de regularização fundiária e deixar de implantar o PSF (Programa Saúde da Família) que ganhou ritmo acelerado em minha gestão. Qualquer um eleito, não vai negar essas políticas públicas positivas que a minha gestão implantou em Cuiabá. Há muitos pontos positivos em minha gestão, a começar pela atualização dos salários e respeito aos servidores, passando pela conquista de uma das sedes para a Copa do Mundo de 2014 e melhorando o índice de empregabilidade e a qualidade de educação no município. Enfim, houve avanços, e quem for vitorioso na eleição, manterá esses programas e deverá ampliá-los para a construção de uma sociedade mais justa e melhor para se viver.
Folha do Estado – O PSDB venceu as últimas quatro eleições e problemas como falta de água e deficiência de infraestrutura em determinados setores são atribuídas ao partido. Dá para manter o favoritismo em 2012? Não há um desgaste muito forte? 
Wilson – O partido que tem tradição carrega desgaste e reconhecimentos. Cuiabá é hoje a 13ª Capital conforme a Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro) no índice de desenvolvimento municipal. O problema da falta de água e tratamento de esgoto é nacional e não se restringe somente a Cuiabá. Nós temos 98% da população abastecida com água tratada de qualidade, ainda tem 32% do esgoto tratado. Ambos indicadores são superiores a média nacional.
A minha gestão priorizou a educação com uma revolução silenciosa que resgatou a qualidade, mas, ainda tem muito para ser feito. A saúde preventiva avançou com a criação de 34 equipes do Programa Saúde da Família (PSF), o que permite ter até 60% da população com esse atendimento. Na infraestrutura, a qualidade é razoável para a boa. A minha gestão construiu a Avenida das Torres que beneficia mais de 120 mil pessoas. Apesar das dificuldades, o PSDB tem ações em Cuiabá, por isso, nosso candidato cresce nas pesquisas. Acredito que o Guilherme Maluf estará no segundo turno com grandes chances de vencer.
Folha do Estado – O senhor concorda com a concessão da Sanecap?
Wilson – Concordo! Tanto é que tentei fazê-la! Mas, com o anúncio dos recursos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) pelo governo federal recuei da proposta. Em 2006 e início de 2007 patrocinei mais de 20 reuniões com segmentos sociais e em bairros para discutir a tese da concessão.
Folha do Estado – Por que, em sua visão, é vantajosa ao município a terceirização do serviço de água e esgoto? 
Wilson –Quem participou de uma administração pública como parlamentar e executivo sabe que a iniciativa privada é capitalizada e tem mais eficiência que a máquina pública em diversas áreas. Em Niterói (RJ) e Campo Grande (MS), fizeram as concessões há uma década e universalizaram o sistema de água e esgoto sem dramatizar as tarifas. Há setores que o serviço público é eficiente, mas, em outros, a iniciativa privada é mais avançada. Com essa verdade, precisamos reconhecer a necessidade de diminuir o tamanho do Estado. Hoje, não se governa sem parcerias, e, se a iniciativa privada se sujeita a regulação, é algo que deve ser explorado pelo município, Estado e União. Com a concessão dos serviços, o Estado garante sua presença com fiscalização e cobrança. A qualquer momento que houver quebra de cláusulas, esse contrato pode ser rescindido.
Folha do Estado – A que o senhor atribui a rejeição do Galindo que o impediu até de ser candidato à reeleição? 
Wilson – Isso é temporário e é reflexo da decisão de aumentar a alíquota do IPTU e da concessão da Sanecap. A história vai mostrar que são dois acertos que o prefeito fez. Esse desgaste repassa a minha figura e eu os assumo de cabeça erguida. O futuro vai mostrar, quando daqui a 10 anos o rio Cuiabá estiver limpo e os prefeitos com mais recursos em caixa devido à arrecadação do IPTU, todos irão reconhecer que foram medidas antipáticas, impopulares, porém, necessárias.
Folha do Estado – O senhor se arrepende de ter renunciado ao cargo de prefeito para concorrer ao governo do Estado? 
Wilson – Considero minha decisão como o maior erro político da minha vida pública. Ouvi meia dúzia de assessores que comumente cercam o governante e basicamente fazem aquilo que o governante quer ouvir. Se tivesse feito uma escuta amplificada, não seria candidato ao governo do Estado. Reconheço que foi o grande erro político da minha vida. Havia todo um cenário favorável, liderei as pesquisas até agosto de 2010. Houve um problema grave que foi o não deferimento do registro de minha candidatura pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE/MT). Fiquei um mês pedindo votos sem o registro oficializado. Tinha pessoas que não me consideravam candidato, o que fragilizou e muito minha campanha. Além disso, os recursos financeiros contabilizados pelo meu partido não chegaram a 5% do que ficou apalavrado. Houve um conjunto de erros e ações que culminaram em minha derrota. Dos 141 municípios de Mato Grosso, em 135 não consegui sequer colocar um carro de som nas ruas.
Folha do Estado - O senhor pretende retornar a vida pública? 
Wilson - Terminada essas eleições, vou dialogar o futuro com minha família e base política. Quero ser muito diferente de 2010, quando ouvi pouquíssimas pessoas. Minha esposa Adriana Bussiki foi contra minha candidatura ao governo do Estado e pessoas queridas como o ex-prefeito Aecim Tocantins e o ex-governador Garcia Neto que foram até ao meu gabinete me aconselhar a não deixar a prefeitura de Cuiabá. Vou fazer uma série de conversas para decidir se retorno ou não a carreira política.
Folha do Estado - O senhor viveu uma ascensão política meteórica e uma queda marcada por fortes críticas e recente ostracismo. Qual a lição que fica com essa vivência de ascensão e queda para o homem Wilson Santos que tem hoje 50 anos? 
Wilson – A lição é de que o político só é completo quando conhece o sabor das derrotas! As vitórias ensinam muito pouco, o que realmente ensina o político é a derrota.
Folha do Estado - Com a derrota, o senhor viveu muitas amarguras? 
Wilson - A derrota ensina muito, enxergamos um lado que as vitórias não permitem!
Folha do Estado - E quais são os exemplos disso? Muitas pessoas eram amigas não da pessoa Wilson Santos, mas, do político Wilson Santos que detinha poder e prestigio? 
Wilson - Essas pessoas são amigas do poder, independente do prefeito e do partido sempre estarão ali como abelhas girando em torno da luz. Eu não percebia aquilo porque o político tem uma capacidade imensa de acreditar que aquelas pessoas são suas amigas. Mas, na verdade, são amigas do poder! Foram amigas dos prefeitos anteriores e serão dos futuros. São aqueles que vivem necessariamente em razão do poder.
Folha do Estado - Pela sua origem humilde, o senhor se sente desapontado com essas atitudes? 
Wilson - Não! Sou um homem que sei separar as coisas! Leio a Bíblia diariamente e em relação às pessoas não tive decepção.
Folha do Estado – O senhor se sente traído por alguém? 
Wilson – Não! Porque o ser humano é isto! Como a Bíblia diz, em nenhum homem há qualidades para salvação só no sangue do Jesus há salvação. O ser humano por natureza é pecador, inclusive eu.

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