Senadores desistiram de discursos e aceleraram queda de Demóstenes

Presidente da Casa, José Sarney, orientou pela brevidade da sessão, que culminou com a perda do mandato do parlamentar

Laryssa Borges
Senador Demóstenes Torres na votação da cassação do seu mandato
Senador Demóstenes Torres na votação da cassação do seu mandato - Cadu Gomes/Reuters
Originalmente, quinze senadores haviam se inscrito nesta quarta-feira para ocupar a tribuna do Senado durante a sessão que cassou Demóstenes Torres (sem partido-GO). Entretanto, na hora de discursar contra aquele que, até pouco tempo, era apontado como o maior representante da “bancada da ética”, apenas cinco parlamentares – além dos relatores do processo, e do representante do PSOL, partido autor da representação contra o político goiano – se animaram a falar sobre as promíscuas relações de Demóstenes com o contraventor Carlinhos Cachoeira. Ninguém se arriscou a defender publicamente a atuação do parlamentar.
A orientação para a brevidade da sessão plenária, cujo resultado pela cassação era esperado pela ampla maioria dos congressistas, foi dada pelo presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP). O próprio Sarney considera inevitável a perda do mandato de Demóstenes.
O primeiro a ocupar a tribuna foi o senador Mário Couto (PSDB-PA), parlamentar que já foi apontado por opositores como porta-voz dos bicheiros do Pará. O político, que nas sessões da CPI do Cachoeira chegou a se exaltar com alguns depoentes, disse que o criminalista Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, tem a tarefa de “defender o indefensável”.
“É impossível defender o indefensável, mesmo contando com um grande advogado”, afirmou. “Os fatos são comprovados, é impossível defendê-los. Talvez hoje essa casa mostre ao país um pouco de moralidade, o que falta muito a todos nós. Estamos diante de um fato que nos dá um pouco de moralidade. Esta casa infelizmente está desmoralizada. Eu vou votar hoje por uma parcela mínima da moralidade nesse poder”.
Senadora de primeiro mandato, Ana Amélia Lemos (PP-RS) disse que a sessão plenária que confirmará o destino político de Demóstenes Torres é “histórica, dolorosa e constrangedora” e ressaltou que o processo de cassação a que o parlamentar responde é resultado de um julgamento político. “Esse processo não é um libelo acusatório, mas um julgamento político, como política é essa casa”, declarou. “Esse julgamento tem natureza política, onde pesam nossas convicções e os valores inerentes à necessidade de valorizar e defender o parlamento como instituição necessária à democracia”.
O senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), por sua vez, recorreu, sem sucesso, ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que pudesse declarar publicamente seu voto no processo de cassação contra Demóstenes. Ele afirmou se sentir traído por descobrir as espúrias relações entre o parlamentar e o bicheiro Carlinhos Cachoeira. “Senti o peso da traição, me vi ludibriado e enganado”, resumiu Ferraço. “É claro que devemos perdoar o pecador, mas o pecado não. E o pecado aqui é a quebra do decoro parlamentar. Trata-se da reputação do Senado, uma instituição que tem suas contradições, mas que está acima de todos nós”.
Afirmando que a aura ética de Demóstenes, agora demonstrada como falsa, “engambelou a todos nós”, o senador João Capiberibe (PSB-AP) declarou em seu discurso que o Senado, se confirmar a cassação do político goiano, acabará com a associação entre imunidade e impunidade. Para Capiberibe, não é factível o argumento de Demóstenes Torres de que ele não sabia das atividades ilegais de Cachoeira.
“É impossível na política sermos ingênuos e não consigo assimilar que um político conviva tanto tempo com uma pessoa sem saber o que ela faz na verdade”, disse. “Espero que o Senado contribua para acabar com a rima entre a impunidade e imunidade”.
Presidente do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, o senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) foi o último senador a ocupar a tribuna antes de a defesa começar seu pronunciamento. Aos parlamentares, afirmou que o processo de cassação foi conduzido dentro da legalidade e que não houve qualquer tipo de perseguição. “Não houve preconceito, discriminação, perseguição, diferenciação de métodos”, salientou. “Todos os trâmites legais foram rigorosamente obedecidos e observados”.
O plenário do Senado iniciou a sessão de cassação contra Demóstenes pouco depois das 10h, com 80 senadores presentes. O único parlamentar ausente foi Clóvis Fecury (DEM-MA), que está de licença por “razões particulares”.
O site de VEJA selecionou frases que Demóstenes Torres disse em plenário desde o primeiro discurso feito da tribuna, em 18 de fevereiro de 2003:
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Em junho de 2004 sobre PT e máfia dos sanguessugas

"Esse pessoal age com falta total de escrúpulo e tem um senso de rapinagem que faz corar de vergonha bandidos da qualidade de um Fernando Beira-Mar."

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