Policarpo Jr e Roberto Civita, da “Veja”, que acobertaram Demóstenes, se fossem senadores, seriam cassados?

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Por Enock Cavalcanti em Plantão - 12/07/2012 21:25
Policarpo e Civita, se fossem senadores, seriam cassados?
Por: Helena Sthephanowitz, especial para a Rede Brasil Atual
A revista Veja sabia quem era Carlinhos Cachoeira e mantinha uma sólida parceria com o bicheiro, em que valia até a receptação de gravações obtidas por meios ilegais para a elaboração de suas denúncias disfarçadas de reportagens.
A revista sabia que o agora ex-senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO) se relacionava com o bicheiro. Porém em suas páginas, abafava qualquer notícia desfavorável a Cachoeira e a Demóstenes.
Em 2004, o bicheiro foi apresentado ao Brasil como suposto corruptor de Waldomiro Diniz. O relatório final da CPI da Loterj o indiciou, recomendando a sua prisão. Naquela época, o jornalista Policarpo Júnior, da Veja, depôs a favor dele em uma comissão da Câmara dos Deputados. A revista apresentava o bicheiro não como contraventor e suposto corruptor, mas como se fosse um empresário “vítima” de corruptos.
Em setembro de 2010, na reta de chegada das eleições, o ex-governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, deu entrevista à Veja, em que disse que o dinheiro do “mensalão do DEM” alimentou campanhas eleitorais de Demóstenes Torres, José Agripino Maia (DEM-RN), Marco Maciel (DEM-PE) e outros políticos, sobretudo do DEM e do PSDB.
Arruda afirmou também que Demóstenes fez tráfico de influência junto a ele, pedindo que o governo do DF contratasse uma empresa de cobrança que ele apadrinhava. A Veja engavetou a entrevista, e não publicou nada. Obviamente as declarações de Arruda trariam prejuízos eleitorais a Demóstenes e Agripino faltando pouco mais de 2 semanas das eleições.
Em março de 2011, o repórter da Veja que fez a entrevista havia mudado para a revista Época e, na nova casa, publicou o material. Com a revista nas bancas, a Polícia Federal interceptou a seguinte conversa telefônica durante a Operação Monte Carlo:
(…)
Cachoeria – Esse trem do Arruda aí… Você leu a reportagem? O Diego Escosteguy trabalhava na Veja, fez a reportagem em setembro (de 2010), a Veja não publicou, pediu que queria soltar agora, ele pegou e soltou. Mas você viu que na Época ele deu uma recuada, né?
Demóstenes – Aquilo, se sai em setembro, ia f… com meio mundo, né.
Cachoeira – É, mas eu vi um negócio, o Policarpo ajudou também, viu. Ia f… mesmo. Mas você viu que ele ficou com medo e recuou. Tenho certeza que ele recuou foi por causa do seu nome.
Demóstenes – É, sujeito à toa [o Arruda]. Vamos ver o que a gente vai fazer.
Cachoeira – Fosse você não fazia nada não. Deixa esse homem pra lá, tá mais do que na cara, isso é retaliação dele, você bateu tanto nele. Tem que virar as costas pra isso aí.
Ou seja, a Veja escondeu uma denúncia, no mínimo constrangedora, contra Demóstenes e vários outros parlamentares do DEM e do PSDB, no período eleitoral.
Diante desse conjunto de fatos, se o chefe da sucursal da revista Veja, Policarpo Júnior, ou o seu chefe maior, Roberto Civita, fossem senadores, eles teriam ferido o código de ética e do decoro parlamentar? Seriam cassados? Com certeza seriam, no mínimo pela mentira construída, ao ocultar a verdade que sabiam sobre Cachoeira e Demóstenes, coisa que os favoreceram.
Por isso será inevitável, no segundo semestre, sessões da CPI dedicadas a ouvir os jornalistas ligados a Cachoeira, para esclarecer o papel da imprensa como peça na engrenagem das organizações criminosas.
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