Carlos Newton
É hoje o dia. Está confirmada para esta quarta-feira a sessão em plenário para analisar o processo de cassação do senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO), acusado de envolvimento com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Para o parlamentar goiano, se não tivesse havido “pressão avassaladora do noticiário”, a representação contra ele teria sido arquivada, até porque parte do material usado para fundamentá-la teria “indícios de fraudes”, segundo a linha de raciocínio defendida pelos advogados na defesa apresentada à Comissão de Ética, que obviamente não se sensibilizou com a tese.
Também a Comissão de Constituição e Justiça desprezou a argumentação da defesa e aprovou parecer favorável à perda do mandato. Desde a semana passada, já se considerava a cassação do mandato mais do que decidida. O presidente do Senado, José Sarney, comentou a situação difícil do parlamentar, dizendo “o clima é bem desfavorável ao senador Demóstenes.”
Como se sabe, as provas eram abundantes. Em mais de 300 chamadas telefônicas flagradas pela Polícia Federal, Demóstenes troca informações com Cachoeira, comenta o recebimento de presentes pessoais e promete tentar influenciar projetos favoráveis à legalização dos jogos de azar, principal atividade da quadrilha.
É claro que Demóstenes Torres não é o único parlamentar envolvido em corrupção. Há muitos outros que usam o mandato em benefício próprio e são até piores do que ele. A única diferença é que ainda não foram flagrados, enquanto Demóstenes confiou demais na “tecnologia de ponta antigrampo” do celular presenteado por Cachoeira e acabou mostrando a todo país que era um lobo fantasiado de cordeiro, desfilando na comissão de frente dos políticos considerados “éticos” do Congresso Brasileiro.
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