Demóstenes entra para história como segundo senador cassado no Brasil


Publicação: 11/07/2012 13:25 Atualização: 11/07/2012 13:40
Demóstenes Lázaro Xavier Torres, nascido em Anicuns, interior de Goiás, no dia 23 de janeiro de 1961, formou-se em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Tido como guardião da ética, sempre pronto para deflagrar adversários em atitude suspeita, foi relator da Lei da Ficha Limpa e hoje é alvo de uma série de denúncias.

O ex-senador é procurador licenciado do Ministério Público e ex-secretário da Secretaria Pública de Goiás. Presidiu, desde 2009, a Comissão de Constituição e Justiça do Senado. No ano seguinte foi relator do projeto da Lei da Ficha Limpa, que impede a candidatura de políticos condenados e daqueles que renunciam a mandatos para não serem cassados. Reconhecido nessa atuação, foi convidado pela OAB a redigir prefácio de livro em comemoração à lei.

Em fevereiro deste ano, foi aberto processo de expulsão de Demóstenes do partido Democratas, o DEM, por suspeitas de desvios éticos. Entretanto, no dia seguinte à abertura do processo, o ex-parlamentar protocolou ofício pedindo a desfiliação do partido, livrando-se assim da expulsão. Dessa forma permaneceu no Senado, entretanto sem partido.

Grampos feitos pela Polícia Federal (PF) e outras informações de inquéritos do órgão ligariam o senador Demóstenes Torres (Sem partido) ao bicheiro Carlos Augusto Ramos, conhecido como Carlinhos Cachoeira. Investigado por esquema de corrupção na Operação Monte Carlo, da PF, Cachoeira foi preso em fevereiro, sob acusação de exploração ilegal de jogos de azar em Goiás.

Demóstenes Torres é suspeito de manter conversas freqüentes com Cachoeira e também de ter recebido presentes e pedido dinheiro ao empresário. No dia 6 de março, durante sessão plenária, Demóstenes admitiu que trocou telefonemas com o bicheiro, mas que apenas recebeu presentes de casamento de Cachoeira, como uma geladeira e fogão importados. Pressionado, Demóstenes negou que seja investigado por crimes de contravenção e afirmou que a violação do seu sigilo telefônico não obedeceu a critérios legais.

Considerado por colegas como um dos principais quadros do Congresso e cogitado até para uma eventual candidatura à Presidência da República nas eleições de 2014, Demóstenes Torres, é acusado de quebra de decoro e é o segundo senador cassado do país. Agora, deverá voltar ao cargo de procurador de Justiça de Goiás, do qual se licenciou em 2001 a fim de se eleger pela primeira vez como senador da República.
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