Candidatos promovem infidelidade e já correm para o lado de adversários

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Da Reportagem local - Jonas da Silva
A infidelidade humana comum na vida real parece atacar neste período de eleições. Em menos de uma semana de campanha já é possível notar as puladas de cerca de alguns candidatos proporcionais, à Câmara de Vereadores de Cuiabá, para apoiar candidatos a prefeito adversários de suas coligações.

As informações são dos bastidores das campanhas. É o apoio já chamado nesta eleição de alienígena. Outros casos também mostram o nível de concorrência entre candidatos, com informações que beiram à desqualificação pura e simples e ciumeira de eleições.

Um dos casos emblemáticos de infidelidade eleitoral desta campanha é o caso do filho do deputado estadual João Malheiros (PR), candidato a vice-prefeito do candidato Mauro Mendes (PSB). Em uma tacada só ele interligou três concorrentes a prefeito.

Justino Malheiros (PMDB) pedírá voto para o candidato a vereador Gean Castrilon (DEM), do mesmo partido que fez composição com o candidato a prefeito Guilherme Maluf (PSDB). O PSB de Mauro não se aliou ao PMDB, que tem o adversário a prefeito Lúdio Cabral (PT). A reportagem não conseguiu falar com Justino.

Outro caso é do ex-deputado estadual constituinte Luiz Soares, candidato do DEM, que votará para candidato a prefeito diferente da sua coligação. Seu candidato natural seria o deputado estadual Guilherme Maluf (PSDB), com quem o DEM se aliou. Mas ele não vai pedir voto para o tucano.

Ele afirma que o partido o autorizou a fazer só sua campanha e ele está liberado para pedir voto para vereador. "Não vou fazer campanha para nenhum outro candidato a prefeito. Também não falarei mal de nenhum deles", diz firme. "Se algum deles me convencer ao longo da campanha, vou votar. Se não, voto em branco".

Soares afirma ser "parlamentarista por convicção" e que a atual Câmara Municipal de Cuiabá "precisa ter identidade própria, não subalterna à Prefeitura". "O parlamento é espaço da sociedade cuiabana e precisa resgatar sua imagem. Hoje é um órgão auxiliar do prefeito, de criatura e criador. Quem mais legisla é o prefeito", contextualiza.

O candidato era filiado ao PSDB e no ano passado filiou-se ao DEM pela proximidade e amizade que tem com o ex-prefeito de Cuiabá, Roberto França, que também foi para o Democratas.

Ruídos de campanha

Outros casos sem configurar infidelidade eleitoral costumam frequentar a literatura das eleições. Sérgio Cintra, presidente estadual do PT do B e candidato a vereador na coligação do tucano Maluf, causa revolta aos demais candidatos proporcionais.

Tudo porque eles "descobriram" que o concorrente do PT do B teria certos privilégios, como fazer a agenda de Maluf, ter sala na coordenação de campanha do candidato e acompanhar Maluf em visitas.

Cintra chega a enumerar ações ao comparar que é homem de colaborar com a aliança. "Eu não tenho conhecimento. Aluguei sala e pago com meu dinheiro. O pessoal tem que se preocupar em pedir voto, largar quem está trabalhando", afirma.

"Cedi meu escritório para fazer registro de candidatura de toda a chapa minha. Dei café, água, ar condicionado.
Nem Jesus Cristo convenceu todo mundo, imagina eu".

Ciúmes

O caso de Cintra se equipara a do secretário-geral do diretório do PSB em Cuiabá, o historiador e professor Suelme "Biela" Evangelista, pelo fato de ser da direção e ao mesmo tempo candidato, como o concorrente do PT do B. Alguns candidatos já torcem o nariz contra ele, pois ele estava à frente de todas as reuniões e mobilizações na pré-campanha.

Ainda no PSB, Roberto Campos Correa Junior, o Beto, da direção do partido, seria apoiador para a eleição do professor Suelme.

Outro dirigente do PSB, Beto, diz não haver prioridade para este ou aquele candidato. "Tem chapa de pessoas novas e temos que dar apoio por igual. É porque Suelme faz artigo?", ironiza. "Hoje o trato como qualquer outro. O Suelme é muito próximo ao Mauro e isso iria acontecer".

O candidato a vereador do PSB rebate informações e diz que há "muita ciumeira" e "fogo amigo". Ele argumenta que sua escola é de formação política. "Em relação à isonomia de procedimento do partido, isso é tudo ciúme, inveja. Minha relação de amizade com o Mauro independe de condição política. Todos têm o direito de usar a franquia de luxo", justifica.

Suelme, que se formou na militância política estudantil no Partido Comunista do Brasil (PCdoB) quando universitário, diz já ter visitado cerca de 400 casas e tem candidatura conceitual nopartido.

"A saída do Lúdio de concorrer a vereador abre enorme brecha para uma candidatura ideológica, de esquerda, de debate, como a minha", diz. "É construção da história da minha biografia e não só prestígio com Mauro". Ele diz fazer 11 agendas por dia, à procura de amigos de sua vida para apoiá-lo.

Em sentido contrário às histórias de traição partidária e ciumeira, como que de repúdio, candidatos a vereador do PTB estão proibidos pelo presidente municipal de Cuiabá da sigla, Lamartine Godoy, a votar e pedir voto para o candidato a prefeito do PT, Lúdio Cabral.

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