Especialistas explicam o comportamento de pessoas que assassinam companheiros. Relembre sete episódios famosos no Brasil
Marina Pinhoni
Partes de um corpo humano encontrados em sacos plásticos em um matagal. Na cabeça da vítima esquartejada, um ferimento feito à bala. O assassinato do empresário Marcos Kitano Matsunaga, de 42 anos, chama a atenção não apenas pela brutalidade, mas também por uma característica recorrente na crônica policial: o crime passional. Na quarta-feira, em depoimento à polícia, Elize Kitano Matsunaga, de 38 anos, mulher do ex-diretor executivo da Yoki, confessou a autoria do assassinato. A motivação, segundo ela ela, foi a infidelidade por parte do marido. Elize disse que, na noite do crime, disparou a pistola contra Marcos depois de os dois discutirem por causa das traições dele. Em seguida, ela arrastou o corpo para o banheiro de empregada, onde o esquartejou.
A memória de outros episódios construídos por amor, ciúme e morte ainda é presente. Um exemplo foi a condenação de Lindemberg Alves pelo assassinato da ex-namorada Eloá Cristina Pimentel, de 15 anos, após o mais longo cárcere privado da história policial de São Paulo. Ele não aceitava o fim do relacionamento. Confira na lista abaixo outros crimes passionais que tiveram grande repercussão no Brasil.
Mas o que leva alguém à decisão extrema de matar uma pessoa com quem mantém ou manteve um relacionamento afetivo? Para especialistas ouvidos pelo site de VEJA, não é possível estabelecer um padrão de comportamento que explique todos os casos. Entretanto, há, sim, uma característica comum nos episódios: os crimes são motivados por sentimentos como ciúmes, insegurança e necessidade de posse elevados à potência máxima.
Para o psiquiatra forense Guido Palomba, a maneira de lidar com esses sentimentos exacerbados é o que diferencia o comportamento considerado normal de outro propenso à execução de atos extremos, como um assassinato. “Todos nós sentimos ciúmes, mas ponderamos nossas atitudes de acordo com nossos valores morais e éticos”, afirma Palomba. “Algumas pessoas, entretanto, possuem estrutura psicológica mais frágil e têm mais dificuldades para lidar com frustações e normalmente julgam que têm poder ilimitado sobre outras pessoas. Em certas circunstâncias, cometem o delito."
De acordo com Palomba, o ciúme extremo pode levar a quadros patológicos. Para evitá-los, é necessário atenção aos sinais apresentados pelo parceiro. “Há sempre indicadores, como o controle excessivo. Quando aparecem as ameaças e as agressões propriamente, o caso é realmente sério”, afirma o psiquiatra.
Na opinião de Daniel Martins de Barros, psiquiatra do Núcleo de Psiquiatria Forense do Hospital das Clínicas (HC-SP), a hipótese de patologia não pode reduzir a responsabilidade do crimonoso por seus atos. “O ser humano é um ser racional e nossos afetos são subordinados à razão”, afirma Barros. “A paixão não exclui a responsabilidade do ser apaixonado, que deve responder criminalmente por seus atos, se for o caso. Hoje, não se aceita mais o argumento do ciúme extremo como explicação para um crime desse tipo, o que revela amadurecimento da própria sociedade”.
Oito crimes passionais que chocaram o Brasil
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Caso Eloá Pimentel
Foi o mais longo cárcere privado da história policial de São Paulo. Em 13 de outubro de 2008, inconformado com o fim do namoro, Lindemberg Alves Fernandes tomou como reféns a ex-namorada Eloá Pimentel e uma amiga dela, Nayara Rodrigues, ambas com 15 anos de idade, em Santo André, no ABC paulista. A polícia cercou o cativeiro, mas não obteve sucesso na negociação com o sequestrador. Após cem horas de terror, Lindemberg atirou contra as duas jovens. Nayara foi atingida no rosto, mas sobreviveu. Eloá morreu com um tiro na cabeça e outro na virilha.
Em fevereiro, o ex-motoboy foi condenado a uma pena de 98 anos e dez meses de prisão, pelos doze crimes dos quais foi acusado: homicídio qualificado de Eloá, tentativa de homicídio de Nayara e do sargento da Polícia Militar Atos Valeriano, sequestro e cárcere privado de Eloá, Nayara e de outros dois jovens que ficaram reféns, Victor Lopes de Campos e Iago Vilela de Oliveira, além de disparo de arma de fogo.






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