Policiais usavam código por telefone para combinar cobrança de propina no Calçadão de Bangu


Cabo Rodrigo é apontado pela investigação como o principal intimidador dos camelôs do Calçadão de Bangu
Cabo Rodrigo é apontado pela investigação como o principal intimidador dos camelôs do Calçadão de Bangu Foto: Divulgação
Herculano Barreto Filho
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Os policiais acusados de participar de um esquema de cobrança de propina a comerciantes, camelôs e mototaxistas no Calçadão de Bangu usavam códigos para combinar o acerto de contas com as vítimas. Numa interceptação telefônica autorizada pela Justiça, o cabo Rodrigo da Silva Rodrigues, do 14º BPM (Bangu), apontado pela investigação como o “principal intimidador dos camelôs”, se referia à cobrança como “jogar um futebolzinho”.
Na conversa, registrada às 17h39m de 28 de junho do ano passado, Rodrigo discutia a cobrança de propina com o policial civil Adriano Marcos de Abreu Menezes, que atuava na 34ª DP (Bangu). Duas horas depois, Rodrigo utilizou o mesmo tipo de código para combinar a ida do policial civil Clayton José de Freitas Melo ao Calçadão, para cobrança de propina.
Na imagem, de acordo com a denúncia, Renê Bispo da Silva recebe propina de um camelô
Na imagem, de acordo com a denúncia, Renê Bispo da Silva recebe propina de um camelô Foto: Reprodução
Numa ação conjunta entre a Secretaria de Segurança do Rio, a Corregedoria interna da Polícia Militar e o Ministério Público, iniciada na manhã de terça-feira, 71 pessoas foram presas preventivamente, acusadas da cobrança de propina. Sete suspeitos seguem foragidos da Justiça. Entre os presos na Operação Compadre, estão 50 policiais militares do 14º BPM (Bangu) e 9º BPM (Rocha Miranda), seis policiais civis, o síndico da 34ª DP (Bangu) e 14 comparsas do crime, que contava com a participação dos próprios comerciantes.
Confira o trecho da primeira conversa:
Adriano - Fala aí Rodrigo.
Rodrigo - Fala, meu parceiro. Tranquilão? Tá na pista hoje aí, trabalhando?
Adriano - Tô trabalhando.
Rodrigo - Vê aí, pô. Se não ficar cansado aí hoje, vamos jogar aquele futebolzinho do outro lado de lá. Passa lá pra jogar pra gente.
Adriano - Cara, hoje não vai dar, não. Daqui a pouco vou ter que meter o pé. Aniversário da minha mãe hoje. Aí eu vou na casa da velha lá, dar um abraço. Mas eu já fiz o que tinha que fazer, tranquilo.
Rodrigo - Já é, tá tranquilo. Então já é.


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