Empresário que falsificava documentos e tinha segunda identidade é preso

Com o nome falso, ele abriu empresas, comprou carros, fez documentos, declarou imposto de renda e se casou com uma mulher que não existe. Ele acabou preso por coincidência ao se envolver em uma ocorrência relacionada à Lei Maria da Penha

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 (Paulo Filgueiras/EM DA Press)
Um empresário e líder comunitário foi preso suspeito de falsificação de documentos e estelionato em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Sebastião Nascimento de Souza, 57 anos, vivia à sombra de outra identidade. Com o nome de Ângelo, ele abriu empresas, comprou carros, fez documentos, declarou imposto de renda e se casou com uma mulher que não existe – a identidade dela também foi criada pelo golpista. 

Os crimes de Sebastião Nascimento acabaram descobertos por coincidência. Ele vive com uma companheira que o denunciou por ameaça. A mulher procurou a polícia dizendo que o marido tinha uma arma e estaria a ameaçando de morte. Com um mandado de busca para recolher a arma, policiais foram até residência do casal, no Bairro Industrial, e acabaram surpreendidos pela quantidade de documentos falsos encontrados no imóvel. 

Foram recolhidos históricos escolares em branco, carteiras de trabalho de outras pessoas, carimbos e fotos três por quatro. Em nome de Ângelo Sebastião Nascimento de Souza, havia carteira de habilitação, documentação de empresas, certidão de casamento, RG e CPF. A mulher que denunciou o companheiro disse que desconfiava de alguma atitudes, mas nem imaginava que o marido tinha uma segunda identidade e uma esposa falsa. 

Desculpas

Sebastião Nascimento disse à polícia que é líder comunitário, fundador da Via da Paz, onde é conhecido como “Sãozinho”. Ele tentou justificar a presença de tantos documentos em casa usando a desculpa de ajudar a população local a arrumar emprego. Disse também que, como dono de uma construtora, guarda muitos papéis de seus funcionários. 

No entanto, a história não convenceu a polícia. A corporação ainda vai esclarecer como Sebastião Nascimento ganhava dinheiro com a falsificação e deve pedir a quebra do sigilo bancário dele. Também foram encontrados na casa uma garrucha e medicamentos que o golpista ganhou. Ele revendia esses remédios na comunidade. Outras provas recolhidas na casa são agendas e fichas de registro em que Sebastião Nascimento anotava horários de reuniões, detalhes das falsificações, entre outros. 

De acordo com a delegada Laise Aparecida Rodrigues, o homem disse que usava o nome falso para fazer uma investigação paralela à polícia sobre a morte do filho dele, assassinado em 1999. A polícia vai investigar se outras pessoas ajudam o suspeito nas falsificações e por enquanto ele foi autuado por falsificação de documentos públicos, uso de documentos falsos, porte ilegal de armas e exercício ilegal da prática farmacêutica. 

A suspeita de ameaça à esposa será apurada em outro inquérito policial, no qual ele deve ser autuado conforme a Lei Maria da Penha. Sebastião Nascimento está preso no Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (Ceresp) Gameleira.