O caso Bárbara Regina deu uma reviravolta, bem mais que um ângulo de 180º. Agora todo o foco cai em cima de outra personagem principal que até agora não havia entrado em cena em ato algum.
No abrir das cortinas e do inquérito policial, pôde-se ver o retrato de Vanessa Ingrid da Luz Souza, de 19 anos, acusada na morte da jovem grávida Franciellen Rocha, em meados de fevereiro (leia mais aqui e aqui) - na ocasião, pelo menos 13 pessoas espancaram a vítima antes de queimá-la viva num residencial em construção no bairro da Serraria, em Maceió.
“Toda mulher que deitar com o macho de Vanessa vai ter o mesmo fim”, teria dito ela aos policiais, quando presa em Estrela de Alagoas. É que Franciellen teria tido um caso com seu namorado traficante Genilson dos Santos Jordão, o “Ninho”.
Vanessa seria ainda agenciadora de garotas de programa e não matava "só" por isso.
Indiciada em pelo menos quatro homicídios - todas as vítimas sendo mulheres, indentificadas como Talita, Amanda, Bárbara e Franciellen -, esse novo caso vêm à tona. Como já citado, o da jovem Bárbara Regina Gomes da Silva, estudante de 21 anos, que desapareceu depois de uma noitada na boate Le Hotel, no bairro de Ponta Verde, no dia 31 de agosto.
Ao que consta, Bárbara teria abandonado o curso de Ciências Contábeis para se prostituir na rede montada por Vanessa Ingrid.
Ela integraria o site Tops de Maceió, segundo a Polícia Civil de Alagoas (PC/AL) em coletiva realizada na manhã desta quinta-feira (25), e estaria devendo à "chefe" o valor de R$ 1.800.
Além disso, Bárbara estaria ainda usando cocaína com frequência, vindo a ficar viciada.
Seu dinheiro ganho nos programas estavam se esvaindo no pó e isso acabou deixando-a endividada.
Sem paciência e recebendo reclamações dos clientes de que a outra não estaria mais "dando conta do recado", a calculista Vanessa Ingrid planejou tudo naquela noite no final de agosto: chamou um primo seu, o antes suspeito número 1, Otávio Cardoso da Silva Neto, de 25 anos, para ajudá-la na trama.
Com efeito, ele, também sendo viciado em cocaína, aceitou a proposta com a certeza de que no final de tudo ganharia 50 saquinhos da droga - o equivalente a R$ 1 mil.
Otávio apenas a atraiu para a boate (confira neste link) e a deixou dopada. Bárbara foi levada, então, para a Fazenda Pau Amarelo, na cidade de Rio Largo, por 'Ninho', Vanessa e outra pessoa, que já esperavam nas imediações do Le Hotel.
De lá, o trio criminoso a conduziu para um cemitério de veículos que existe na Mata do Rolo. Sem delongas, Bárbara foi cruelmente decapitada e esquartejada em vários pedaços, tendo cada um deles queimado.
Benção
Segundo informações obtidas pelo portal Tribuna Hoje, toda vez que a acusada Vanessa Ingrid ia matar alguém, ela consultava um pai-de-santo, no bairro do Benidito Bentes, identificado como "Neubarte".
Geralmente, ele, conivente, dava o aval após consultas interiores: "pode matar que não vai dar em nada".
Ela, desta feita, levava um bode e uma caixa de 'mijo de loura' - cerveja, no linguajar do pai-de-santo. Mas, por azar, ele errou da última vez.
Primo de Vanessa ajudou a polícia no caso Bárbara Regina
Tiago Handerson de Oliveira Santos, que é réu no caso Franciellen por ter atuado como partícipe no crime, está sob proteção do estado por ajudar a polícia no caso Bárbara Regina. Ele conta em detalhes que Bárbara começou a usar cocaína após entrar na prostituição e que cerca de 50 garotas de programa eram agenciadas por Vanessa Ingrid.
“Vanessa também levava meninas daqui para fora do estado, e as garotas de fora traziam drogas para ela. Vanessa tinha a função de ‘correr droga’ dentro do PCC - Primeiro Comando da Capital, mas não era chefe. Ela foi presa em Santa Catarina também”, relatou Tiago.
Tiago, que é primo de Vanessa soube que foi ameaçado por ela e pediu proteção da polícia para não morrer. “Quero sair do estado, porque minha filha e minha mulher estão correndo perigo também. Quando todos do grupo subiram para o presídio e eu não, ela logo desconfiou e mandou dizer que quando chegasse iria pagar para me matar. Fiquei com medo porque disse tudo que sabia para a polícia e agora confio na proteção do estado”, frisou.
Tiago teria sido o último preso pela polícia no município de Estrela de Alagoas, um dia após o crime contra Franciellen Rocha, no dia 16 de fevereiro último. Ele disse que dois veículos com vários ocupantes, entre eles o traficante ‘Ninho’ estiveram no sitio em que eles estavam escondidos e deflagraram vários tiros contra o grupo.
“Vi tudo de longe porque estava pegando manga e eles não me viram; poucos minutos depois a polícia chegou e prendeu todos, menos eu que continuei em cima do pé de mangueira. Mas me entreguei e disse para a polícia que iria ajudar com informações sobre os homicídios envolvendo a Vanessa Ingrid”, explicou.