Discurso tem sido comum por usuários do sistema público; secretário afirma que parte da população que exige qualidade na saúde não paga tributo
KARINE MIRANDA
Cansado de ouvir a população cuiabana reclamar e exigir melhorias na área da saúde, o secretário da pasta no município, Kamil Fares, desabafa e diz que não aguenta mais ouvir por aí a expressão “eu pago imposto”, quando o quesito é atendimento público.
Segundo o secretário, as pessoas recorrem à declaração para exigência de várias providências da prefeitura, mas grande parte delas não quitam os débitos.
“Não aguento mais falarem ‘eu pago imposto’. Todo mundo fala ‘eu pago imposto’, mas quantas pessoas pagam imposto em Cuiabá? Pagam o IPTU? Não chega a 20%. Então, 80% não paga nada para prefeitura”, reclama em entrevista exclusiva ao HiperNotícias.
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Conforme Kamil, a população chega à “flor da pele” na unidade de saúde e esquece que é preciso de paciência e prioridade.
“Agora esse negócio de pagar imposto virou moda. As pessoas precisam ter paciência. Se for risco de vida e morte é atendido imediatamente, mas se não for, tem um monte de gente na frente”, aponta.
O desabafo do secretário acontece para justificar a polêmica em torno do PSM, quando um médico plantonista denunciou a polícia o descaso na unidade de saúde.
No Boletim de Ocorrência registrado na quinta-feira (12), o profissional apontou superlotação, falta de equipamentos essenciais, além de número de servidores insuficientes.
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Segundo Kamil, o que gerou a reclamação do médico foi que “veio uma paciente na policlínica com suspeita de dengue, chegou aqui, fez escândalo e não sei mais o que. Fez o exame e foi embora”, explica apontando que é preciso de calma tanto dos pacientes quanto dos médicos.
“Eu vejo aquela pessoa, e duvido que pague, duvido até que pague IPTU. Mas vamos atender todo mundo”, conclui.
REDUÇÃO DE RECURSOS
Se já não bastassem os problemas visíveis do PSM, o prefeito Mauro Mendes (PSB) anunciou que R$ 5 milhões de recursos federais foram perdidos por não terem sido aplicados conforme uma política pactuada pelo Ministério da Saúde.
Os valores referem-se aos meses de novembro e dezembro de 2012 e diz respeito ao custeio da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Morada do Ouro, inclusas no projeto do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) 2, cuja construção não havia terminado.
“Além de perdemos este ano R$ 2,5 milhões por mês, no mês de abril, eles tomaram de volta R$ 5 milhões por uso indevido lá no mês de novembro”, explica.
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“Vamos inaugurar a UPA da Morada do Ouro em torno de trinta dias. Com isso vamos receber uma parcela desse recurso de volta. Estamos reorganizando e apresentando uma nova proposta que vamos gerenciar a média e alta complexidade dos serviços de saúde para o Ministério da Saúde”, assegura.
REALOCAÇÃO DE VERBA
Sobre a possibilidade de exigir o retroativo, Mauro afirmou que a ação é mais que necessária já que recursos próprios da prefeitura estão sendo realocados para ser destinado à saúde.
“Nesse período, grande parte dos recursos para pagar em dia os salários dos servidores e pagar também todos os nossos fornecedores está saindo dos recursos próprios da prefeitura de Cuiabá. Isso vai tirar da prefeitura a capacidade de investir em outras áreas como infraestrutura, asfalto”, aponta.
Para finalizar, Mauro ressaltou que tem se preocupado com a saúde, mas que sozinho, a prefeitura não consegue reajustar o quadro de dificuldades na área. “Não podemos passar o ano inteiro simplesmente cuidando da saúde porque o governo federal e até mesmo o governo do estado cortaram a sua participação para o município de Cuiabá”, finaliza.





