William Arruda
Da Redação
Da Redação
O caos que se instalou na saúde pública de Cuiabá chegou literalmente ao "fundo do poço" e virou caso de polícia na noite desta quinta-feira. Isso porque um médico plantonista do Pronto Socorro Municipal de Cuiabá, revoltado com a falta de estrutura de trabalho e condições para atender a população, registrou um boletim de ocorrência na Central de Flagrantes de Cuiabá.
Segundo as informações relatadas pelo profissional de saúde através do boletim de ocorrência de número 2013.95658, ele e uma outra médica tinham quem atender 35 pacientes, todos casos de urgência ou emergência. O médico ainda informou no B.O que, além da superlotação, estavam faltando equipamentos elementares para atender os usuários do maior hospital de urgência e emergência de Mato Grosso.
Dentre os equipamentos que estavam faltando, o profissional citou a falta de ventiladores mecânicos, manguito de pressão, monitores cardíacos e macas para os pacientes. Ele disse que vários pacientes estão internados no chão da unidade de saúde.
O médico ainda relatou que no plantão de ontem ainda trabalhavam seis técnicos de enfermagem, dois enfermeiros, além dos dois médicos. O número, segundo ele, é insuficiente para atender a demanda, uma vez que os casos encaminhados para o pronto-socorro, em sua maioria, são de vítimas de acidentes de trânsito ou tentativas de homicídio.
"Eu estou registrando esse boletim de ocorrência porque estou revoltado com essa situação. Não tem como fazer um bom trabalho para a comunidade. Do jeito que está, os pacientes podem até pessoas morrer e depois nós médicos seremos os penalizados", disse o médico.
O clínico geral sugeriu que é preciso a Secretaria Municipal de Saúde de Cuiabá investir na atenção primária, ou seja, nos postos de saúde e policlínicas de Cuiabá. "Enquanto não tiver mais investimentos lá nos bairros, o pronto-socorro sempre ficará cheio, pois as pessoas irão procurar aqui ao invés dessas unidades primárias", disse o médico.
Plano Emergencial
Nos primeiros dias de mandato, o prefeito de Cuiabá, Mauro Mendes (PSB), lançou o plano emergencial para a saúde pública com gastos de R$ 10 milhões. Na ocasião, ele garantiu que o atendimento nas unidades de saúde de Cuiabá teriam uma melhora significativa num prazo de 60 dias, justamente com a contratação de médicos e enfermeiros, e melhoria nas condições de trabalho dos mesmos.
Todavia, a ocorrência registrada pelo médico constata que as unidades de saúde de Cuiabá ainda carecem de estrutura básica para atender a população cuiabana. De forma prática, os gastos milionários não chegaram na ponta do sistema.
