Cuiabá 294 anos


Cuiabá não é dualidade, mas chega aos 294 anos numa delicada encruzilhada, que ao invés de assustar serve para despertar o inconsciente coletivo em sua intransigente defesa. 

Fundada numa clareira no cerrado, em 8 de abril de 1719, pelo bandeirante Paschoal Moreira Cabral, para suporte a atividade garimpeira do ouro, Cuiabá se transformou em metrópole regional prestadora de serviços, com 562 mil habitantes e a economia calcada num Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 11 bilhões. 

Essa importante cidade recebe grandes obras nos setores de trânsito e transporte, que ficarão enquanto legado da Copa do Pantanal, evento que forçou o governo federal a injetar recursos em parte de sua execução e em financiar outra parte. 

Algumas obras voltadas a Copa do Pantanal serão entregues no prazo; outras, não. Em tese a população é prejudicada com essas construções, mas é preciso que todos exerçam ao máximo sua capacidade de compreensão, por se tratar de transformação que será marco temporal entre o antes e do depois de sua realização. 

A cidade cresce, recebe investimentos e experimenta ciclo de boom imobiliário. Ainda assim, tem grandes gargalos: cerca de 750 quilômetros de ruas não têm pavimentação. Em torno de 70% de seu esgoto são lançados sem tratamento no rio Cuiabá que drena ao Pantanal. Aproximadamente 70 mil imóveis urbanos aguardam por titulação; há casos de bairros que surgiram de invasões, onde nenhum imóvel é registrado. A taxa de violência é considerada “alta” no comparativo com capitais. 

A cidade é acolhedora e recebe novos moradores oriundos de todas as partes do Brasil e de vários países. Sua localização geográfica a faz rodeada de América do Sul por todos os lados, bem no centro do continente. Por essa razão se tornou rota obrigatória do Corredor Bioceânico Atlântico-Pacífico, que ainda não foi concluído por falta de pavimentação de um trecho na Bolívia. 

Usando trocadilho pode-se dizer que a economia de Cuiabá ainda não entrou nos trilhos, porque o trem sonhado há um século ainda não apita em seu entorno. A classe política e entidades representativas precisam se unir cada vez mais pela conclusão do Corredor e o avanço dos trilhos, ora com seu ponto mais ao norte em Rondonópolis. 

Ao fio da navalha a prefeitura executa um orçamento que destina mais de 52% ao pagamento de seus servidores e enfrenta grandes demandas, a exemplo das obsoletas escolas construídas há décadas. 

Que todos continuem fazendo sua parte em nome de uma cidade mais moderna, com melhor qualidade de vida e preparada para seu tricentenário. Nesse todo não se exclui a Câmara Municipal, que num posicionamento infeliz pressiona pela construção de outra sede para abrigar seus vereadores. É tempo de se construir Cuiabá e não de injetar dinheiro no supérfluo. Pela data, ao prefeito Mauro Mendes e ao povo cuiabano, os parabéns do Diário. 



“É tempo de se construir Cuiabá e não de injetar dinheiro no supérfluo”