Rio -  Este vai ser um Carnaval diferente para a Estação Primeira de Mangueira. Se nos últimos três anos a escola de samba mais popular do Rio optou por enredos “culturais”, sem patrocínio de nenhuma empresa ou governo, em 2013 a história vai ser diferente.

A Mangueira entra na Sapucaí mais forte do que nunca com um patrocínio (de valores não revelados) da cidade de Cuiabá, capital do Mato Grosso, que cancelou o Carnaval deste ano para baixar em peso na Marquês de Sapucaí.
“Acho que cometi um erro ao não aceitar enredos patrocinados. Nós não tínhamos fôlego financeiro para isso. Foi uma utopia achar que com três enredos culturais a gente ia conquistar nosso lugar ao sol e ter o apoio da opinião pública”, disse o presidente, Ivo Meirelles, em uma conversa franca e exclusiva ao jornal O DIA.
Foto: Alexandre Vieira / Agência O Dia
Rodeado por bambas da escola, como Nelson Sargento (à sua direita), o presidente Ivo Meirelles garante um desfile para levantar a Sapucaí: “A Mangueira sempre foi pioneira” | Foto: Alexandre Vieira / Agência O Dia
Quando assumiu a presidência da Mangueira, em 2010, Ivo recebeu uma proposta tentadora. E se arrepende profundamente da resposta que deu. “Um dos piores ‘nãos’ que eu dei na vida foi para os 400 anos de Itu, no meu primeiro Carnaval, que teria o patrocínio da Schincariol. Achei que não poderia me vender daquele jeito, por aquela grana pesada, até porque o meu discurso sempre foi outro. Mas com aquele dinheiro eu colocaria as finanças da Mangueira em dia”, admitiu.
Deixando o passado para trás e olhando para o presente, a comissão de frente da Mangueira neste Carnaval virá falando sobre o sonho de Cuiabá em ter um sistema ferroviário. “E o que ninguém sabe é que o maquinista desta comissão será o Mestre Delegado”, adianta Ivo.
“O fio condutor do enredo é o trem, um sonho de 150 anos do povo de Cuiabá. O trem para o cuiabano representaria a integração com o resto do país. E o trem de bambas que está saindo da Estação Primeira vai realizar este sonho”, explica o carnavalesco da Verde e Rosa, Cid Carvalho.
Mas Ivo Meirelles quer mesmo que a Mangueira entre para a história do Carnaval em 2013. Será a primeira vez que uma escola desfilará com duas baterias.
“A Mangueira sempre foi pioneira em tudo o que fez e as outras escolas imitavam o que fazíamos. E este ano não vai ser diferente. Só que hoje em dia não basta a Mangueira vir como Mangueira, é preciso pirotecnia no nosso Carnaval”, diz Ivo Meirelles, que conclui: “Dos quatro carnavais que eu fiz, este é o mais complicado. Por conta desta confusão eleitoral eu perdi muitos patrocínios da escola ao longo do ano. Mas pode esperar, que depois desta dificuldade tremenda, a Mangueira vai arrebentar na Sapucaí”.

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