"O Legislativo tem sido mero chancelador do Executivo"


Emanuel Pinheiro critica postura da Assembleia Legislativa e contesta José Riva

Thiago Bergamasco/MidiaNews
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Deputado Emanuel Pinheiro é conhecido por levantar polêmicas em Plenário
LAÍSE LUCATELLI
DA REDAÇÃO
Dono de um discurso polêmico, o deputado estadual Emanuel Pinheiro (PR) se destaca na Assembleia Legislativa de Mato Grosso por ser um dos que mais usam a tribuna, para opinar sobre os mais diversos assuntos - muitas vezes, gerando polêmica.

Nas últimas semanas, o acúmulo de poderes nas mãos do vice-governador Chico Daltro (PSD) virou alvo de Pinheiro, que se pronunciou diversas vezes contra o que chamou de “superpoderes”.

A insistência do republicano incomodou, e ele acabou protagonizando um bate-boca com o presidente da Assembleia, José Riva (PSD), no meio de uma sessão.

Ambos trocaram acusações e Pinheiro foi tachado de “criança birrenta”, porque, segundo Riva, teria implicância pessoal com Daltro, em função da licitação do transporte coletivo intermunicipal.

Em entrevista ao MidiaNews, o deputado comentou a polêmica e admitiu que seu cunhado detém uma concessão de linha de ônibus, mas garante que isso não interfere em sua atuação.

Secretário-geral da executiva estadual do Partido da República, Pinheiro também é um intenso defensor dos espaços do PR e da candidatura de Blairo Maggi ao Governo do Estado em 2014.

O republicano diz que é contra o senador assumir um ministério no Governo Dilma Rousseff (PT), em nome do desejo de lançá-lo ao Governo de Mato Grosso.

Emanuel Pinheiro criticou também a falta de debates do Parlamento mato-grossense.

O deputado falou, ainda, sobre o Governo Silval Barbosa (PMDB), a CPI do MT Saúde, da qual é relator, e da acusação de ter negociado esmeraldas falsas, entre outros assuntos.

Confira os principais trechos da entrevista do parlamentar:

MidiaNews - Como o senhor avalia a discussão acalorada que o teve com o deputado José Riva (PSD), na tribuna, nesta semana (Leia mais sobre a polêmica AQUI)?
Thiago Bergamasco/MidiaNews

Emanuel Pinheiro - 
Natural do Parlamento. O parlamento existe para isso, para debater ideias, projetos e fatos que afetam a sociedade. Não podemos ser só uma caixa de ressonância do Executivo, ou dos desejos do presidente da Assembleia, seja lá quem estiver nesses cargos. O Poder Legislativo é a mescla de ideias e opiniões de pessoas que vieram de várias regiões do Estado, de várias atividades profissionais, e experiências de vida, que conquistaram o voto popular para representá-lo. Pena que, de uns anos para cá, o Parlamento tem se descaracterizado – ele tem sido menos debatedor e laboratório de ideias, e mais chancelador de atos do Poder Executivo. Eu sou defensor do Parlamento original, dos grandes debates, grandes ideias, grandes propostas, sejam elas conflitantes ou não. E na votação, a ideia que tiver a maioria é que valerá. Essa é a função do Parlamento: além de legislar, e fiscalizar os atos do Governo. Mas, a função precípua do parlamentar é parlar, ou seja, falar. Eu faço parte da linha que defende a natureza questionadora do Parlamento.

MidiaNews - O senhor reclamou de censura e intimidação por parte do presidente Riva e, da forma como falou, passou a impressão de que era um comportamento recorrente do deputado. Isso já aconteceu outras vezes?

Emanuel Pinheiro - 
O presidente Riva está há quase 20 anos no comando da Assembleia. Charles de Montesquieu já dizia que é do ser humano abusar do poder. Quando você fica muito tempo no poder, é natural que você abuse e, se você não se policiar, você entende que toda ideia contrária à sua passa a ser uma perseguição, uma ousadia, uma ofensa. Eu gosto dele, o respeito muito, mas não posso e não vou me curvar diante das vontades do presidente da Assembleia. Se eu não concordo com ele, eu vou dizer, e não aceito intimidação. E eu achei que ele tentou me intimidar, me colocar no canto do ringue para eu voltar atrás nas minhas convicções sobre a concentração de poderes do vice-governador, o que eu estava debatendo com embasamento legal. Eu não aceito intimidação e nem pressão, e sim debate. Eu 
"Eu não aceito intimidação e nem pressão, e sim debate. Eu não estou na Assembleia para dizer amém a ninguém. E o Riva exerce a sua liderança de uma forma muito marcante, muito presente, a ferro e fogo"
não estou na Assembleia para dizer amém a ninguém. E o Riva exerce a sua liderança de uma forma muito marcante, muito presente, a ferro e fogo. Isso tem caracterizado seu poder na Assembleia, durante muito tempo. Ele tem qualidades, tanto é que consegue se manter no poder tanto tempo. É um grande líder político, mas eu acho que ele tem que repensar, até pelo espírito democrático, a sua atuação e sua condição como líder do Poder Legislativo ao longo desses 20 anos, para que possamos reoxigenar o poder no Estado. Deve ser repensada e freada também essa eternização no comando da Assembleia. 

MidiaNews - O Riva disse que o senhor foi o primeiro a propor que ele tentasse a reeleição, e se ofereceu para apresentar a emenda que permitiria a reeleição da Mesa Diretora.

Emanuel Pinheiro -
 Isso é factóide. Contra fatos não há argumentos.

MidiaNews - Ele disse que o senhor iria negar...

Emanuel Pinheiro -
 Mas, aí é fácil. Eu posso falar também um monte de coisas. Nessa fala, o presidente apelou, quis criar factóide. Eu não vou dizer que é mentira, mas ele faltou com a verdade. Ele delirou aí. Eu fui o único que votei contra, e me pronunciei contra a reeleição. O problema dele e de outros colegas deputados é que pessoalizam o debate. Eu não fui contra a reeleição do presidente Riva, naquele momento. Eu sou contra a reeleição na mesma legislatura para o presidente da Assembleia. Eu debato a instituição, não debato o homem.

MidiaNews - O senhor também foi acusado de pessoalizar a questão, ao criticar o acúmulo de poderes do vice-governador Chico Daltro (PSD). O senhor tem alguma animosidade em relação a ele?

Emanuel Pinheiro - 
Nenhuma. A minha preocupação é com o futuro, com o mau exemplo que estamos dando para os municípios, abrindo precedentes seriíssimos, que podem inviabilizar municípios no interior. A Constituição não permite a concentração de poderes do vice-governador, quando ele tem uma lei específica que lhe dá poderes para cuidar de uma gama de órgãos públicos. Outros governadores virão. No ano que vem, teremos uma eleição para governador e vice, e a corrida para lançar candidaturas já começou. Não há nada de pessoal contra o Chico Daltro. Eu o respeito, é uma pessoa de bem, trabalhador, e isso não está em discussão. Então, é o seguinte: está concentrando poder ou não está concentrando poder? Essa acumulação é benéfica ou maléfica para a população? Hoje o vice é ele, daqui a dois anos vai ser outro, e daqui a cinco anos, outro. Eu não pessoalizo. Ao contrário, estou sendo é atacado. Eu sempre debato com fundamento na lei e na Constituição. Todos os que vieram contrariar minha tese vieram com ataque pessoal a mim – primeiro, o vice-governador; depois, o deputado Português (PSD); depois, o deputado Riva. Nenhum veio com fundamentação jurídica para demonstrar que minha tese está errada. Eu exijo respeito como legislador. Sou advogado e me preparei a vida inteira para isso. Não adianta eles tentarem me desqualificar, pois não vai consertar o fato de que o vice-governador não pode acumular poderes. 
"Eu tenho um cunhado que ganhou a concessão de uma linha de ônibus entre Cuiabá e Sapezal. Eu nem era deputado. Hoje ele cortou relações comigo porque eu não o ajudei"

MidiaNews - Segundo o deputado Riva, na raiz dessa sua implicância, estaria a licitação do transporte coletivo intermunicipal, conduzida pelo vice-governador. E, segundo Chico Daltro, devido a interesses empresariais de parentes seus, o senhor trabalha para que essa licitação não saia.

Emanuel Pinheiro - 
Isso é mais uma apelação de quem não gosta de ser criticado, que não admite que se pense de forma diferente da dele. Eu tenho um cunhado, Ernani Rezende Kuhn, que tinha uma empresa chamada Grantur, que ganhou a concessão de uma linha de ônibus entre Cuiabá e Sapezal, a título precário, das mãos de Márcia Vandoni (hoje assessora do Chico Daltro), quando ela era presidente da Ager. E ele perdeu essa concessão há muito tempo, entrou na Justiça, conseguiu liminar para voltar. Inclusive, ele nem fala mais comigo. Vou abrir aqui um problema familiar que eu tenho, que é o fato de ele ter cortado relações comigo, porque eu não quis fazer qualquer tipo de articulação para que ele pudesse ficar no sistema. Eu nem sei se ele está no sistema ainda. Eu nem era deputado quando ela ganhou a linha. Durante o período em que tive mandato, ele só conseguiu manter a linha por meio de liminar, não por influência política. Tendo a licitação, ele fica de fora ou se enquadra para ficar dentro. Eu já deixei claro que o problema não é pessoal. Mas, mesmo que fosse, isso conserta a situação do vice-governador? Eles querem fugir do foco me atacando, tentando me desqualificar. Eu quero que eles respondam juridicamente que é possível o acúmulo de poderes dessa forma. 

MidiaNews - O deputado José Riva também o criticou por acumular o recebimento da aposentadoria parlamentar (FAP) com o salário de deputado.

Emanuel Pinheiro -
 Isso é público. Eu, Romoaldo Júnior (PMDB) e Gilmar Fabris (PSD) recebemos. Não sei se tem mais deputados. Há uma lei de 2007, proposta pela Mesa Diretora, com o Riva sendo presidente, que permite acumular o FAP com o salário de deputado. Então, é perfeitamente legal. 

MidiaNews - O senhor não considera imoral acumular os vencimentos?
Thiago Bergamasco/MidiaNews

Emanuel Pinheiro - 
Não, porque não sou ladrão. Não obstante ter obtido vários mandatos, desde 1988, eu fiquei sem mandato em vários momentos e, nesses períodos, eu vivo do FAP e do meu trabalho como advogado. O meu salário de deputado eu recebo enquanto tenho mandato, enquanto o FAP eu receberei pela vida toda. Eu contribuí com o FAP, eu paguei por ele e tenho direito. Esse dinheiro ele não pertence a mim, pertence à minha família. O mandato de deputado eu conquistei nas urnas, e a população pode julgar isso nas urnas. Se essa lei for derrubada, e o acúmulo passar a ser ilegal, eu vou respeitar.

MidiaNews - Não é inconstitucional, já que, somando R$ 20 mil de salário e R$ 20 mil de aposentadoria, ultrapassa o teto do Supremo Tribunal Federal (STF), que é de R$ 28 mil?

Emanuel Pinheiro - 
Não, porque o FAP tem característica de pensão, e o salário é subsídio como parlamentar e é temporário. Há uma ação discutindo isso, e estamos defendendo que é constitucional. 

MidiaNews - O senhor disse que o Parlamento não pode ser mero chancelador do Executivo. É isso que a Assembleia de Mato Grosso tem sido?

Emanuel Pinheiro - 
É isso que as câmaras municipais, as assembleias legislativas e o Congresso Nacional têm sido no Brasil. Está se esvaziando a figura dos grandes oradores, grandes debatedores de ideias. Eles estão perdendo lugar para o despachante de luxo, pessoas que atuam na política mais no varejo que no atacado. É uma percepção minha da política nacional. A nossa Assembleia tem deputado brilhantes, cada um com um perfil, mas eu noto que existem muitos deputados que querem debater, discutir, que não vão adiante. O Parlamento está desacostumado com esse debate.
"Eu contribuí com a aposentadoria parlamentar, eu paguei por ela, e tenho direito de acumulá-la com meu salário de deputado. Isso está previsto em lei"

MidiaNews - O que está faltando para eles? Coragem de se expor? Liberdade para contrariar ideias?

Emanuel Pinheiro - 
De minha parte não está faltando nada, pois tudo o que eu penso eu falo, e eu acho que é por isso que eu incomodo tanto. E tudo o que falo é com fundamento, procuro estudar antes. O que falta a cada colega, eu não sei. Fazer com que o Parlamento seja um grande laboratório de ideias, sugestões e críticas é um sonho e um legado que pretendo deixar do meu mandato para as próximas gerações. Acho que falta mais democratização da atuação da Mesa Diretora como um todo, e um maior estímulo. Mas, não sou eu que tenho a vara de condão. Quem tem é a sociedade. Ela que elege os seus representantes. Eu acho que, na Assembleia, hoje, todos são competentes, cada um em seu perfil. O Legislativo não se faz também só de grandes oradores, mas de grandes articuladores, pessoas que não gostam de falar. Reconheço isso. Mas, a natureza do Parlamento é ser o templo do debate das grandes ideias. 

MidiaNews - Como o senhor tem visto o surgimento de novas lideranças no cenário político? Está suficiente ou é preciso haver mais renovação?

Emanuel Pinheiro - 
É natural do processo o efeito gangorra ou roda-gigante. Algumas lideranças se consolidaram, outras surgiram. Das eleições de 2012, Mauro Mendes (PSB), indiscutivelmente, foi a maior liderança projetada, e tenho certeza que será um dos melhores prefeitos da história de Cuiabá. Em termos de consolidação, temos Walace Guimarães (PMDB) em Várzea Grande, Percival Muniz (PPS) em Rondonópolis, Otaviano Pivetta (PD) em Lucas do Rio Verde, Dilceu Rossato (PR) em Sorriso e várias outras lideranças que estão surgindo em municípios de médio e grande porte do Estado e vêm mostrando a renovação da classe política de Mato Grosso. 

MidiaNews - Que análise o senhor faz do Governo Silval Barbosa (PMDB)? Houve avanço ou retrocesso em relação ao Governo Blairo Maggi (PR)?
"Está se esvaziando a figura dos grandes oradores, grandes debatedores de ideias no Legislativo. Eles estão perdendo lugar para o despachante de luxo"

Emanuel Pinheiro -
 O governador Silval teve a infelicidade histórica de pegar algumas crises financeiras de nível mundial, que acabaram afetando o Brasil e, consequentemente, Mato Grosso. Então, o Governo teve que fazer vários ajustes nas suas contas, além de ter sido penalizado com uma queda na sua arrecadação, em virtude da Lei Kandir. Isso acabou sacrificando. Nesse período, ele também elevou a folha de pagamento dos servidores estaduais e a receita não entrou conforme esperado. Então, o Governo vem convivendo com desequilíbrio no caixa nos últimos dois anos. Mas, ele tem cumprido seus compromissos de campanha. As obras da Copa do Mundo em Cuiabá e Várzea Grande, por exemplo, que são fundamentais não só para a mobilidade urbana, mas para o turismo, a segurança e a geração de renda na nossa região, estão andando. O Governo está sabendo aproveitar esse momento para trazer investimentos. Em uma balança, estamos na metade do mandato do governador e devemos dar um voto de confiança. Como deputado, devo continuar ajudando o Governo a superar suas dificuldades e cumprir os compromissos de campanha e interiorizar as ações. O Governo Federal abriu mais o cofre, e isso ocorreu em outras sedes da Copa também. Então, o interior acabou sendo mais penalizado em função de a Copa exigir mais investimentos em Cuiabá e Várzea Grande. 

MidiaNews - Que nota o senhor dá hoje ao Governo Silval?

Emanuel Pinheiro - 
Eu acho que dar uma nota hoje seria injusto. O Governo merece ser julgado após o término do seu mandato. Estamos no meio do mandato, considerando que ele fique até o final. Temos que ajudá-lo a acertar, a trazer mais investimentos, mais obras para todo o Estado. Aí, poderemos fazer um julgamento mais isento, menos emocional e menos partidário. Ele tem cumprido sua missão, mas tem muita coisa a ser feita ainda. O Silval é um homem bem intencionado.

MidiaNews - Qual é a maior defeito desse Governo?
Thiago Bergamasco/MidiaNews

Emanuel Pinheiro -
 O calcanhar-de-aquiles desse e de todos os governos é sempre o mesmo: Saúde e Segurança Pública. No que diz respeito à infraestrutura, a ferrovia está chegando, o DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) está fazendo sua parte nas estradas, e o Governo vai começar as obras do MT Integrado, com o investimento de R$ 1,5 bilhão. Avançamos muito na Segurança, mas ainda há um longo caminho a seguir para criar a sensação de segurança na população. A Saúde tem sido um grande problema e, apesar de toda a polêmica com relação às OSs (Organizações Sociais), foi a solução que o governador encontrou.

MidiaNews - Como o senhor avalia essa gestão da Saúde por meio de OSs?

Emanuel Pinheiro - 
Chegamos ao fundo do poço na Saúde e o Governo precisava dar uma resposta para a população. É melhor o fracasso à omissão, a ação ao tédio. Então, o governador, vendo a situação que estava a Saúde aqui, tentou uma via que está dando certo em alguns Estados. O sistema de OSs tem os seus defeitos, os seus problemas, mas onde está atendendo é a contento, e a população é atendida com respeito e dignidade. Acreditamos no que é público, mas mais importante que isso é levar um serviço de qualidade à população.

MidiaNews - O senhor é relator da CPI do MT Saúde. O que já foi possível constatar sobre os problemas na administração do plano?

Emanuel Pinheiro - 
O MT Saúde é um patrimônio do servidor público, um benefício social. Ele não pode ser visto como despesa, e sim como investimento – no ser humano e no servidor público, através da inclusão social. Milhares de servidores não têm condições de pagar um plano de saúde, então o MT Saúde supre isso. Mas, houve problema de gestão, na regulação, e precisou de ajustes, o que todo plano precisa. Houve uns contratempos que acabaram acarretando esse quase desmantelamento do MT Saúde. Agora, vamos salvar e consolidar o plano para devolvê-lo forte aos servidores públicos e seus dependentes.

MidiaNews - O senhor acredita que a CPI vai punir alguém por esse “quase desmantelamento” do plano?
Thiago Bergamasco/MidiaNews

Emanuel Pinheiro -
 O que tiver que ser feito será feito. Não vamos perseguir nem denegrir a imagem de ninguém. Mas, também não vamos ser tolerantes com quem sacrificou dinheiro público, principalmente em um órgão que lida com a vida das pessoas. Se tiver provas, documentos, evidência concreta do dolo, com certeza, doa a quem doer, a CPI vai pedir a punição e encaminhar para as devidas providências do Ministério Público.

MidiaNews - O senhor não teme que ela termine em pizza?

Emanuel Pinheiro - 
De jeito nenhum. Um compromisso que nós, da CPI, podemos fazer é que ela não vai terminar em pizza.

MidiaNews - A relação entre o Governo e a Assembleia está sendo bem sucedida ou precisa melhorar?

Emanuel Pinheiro - 
Acho que toda relação precisa melhorar sempre, numa constante. É como um casamento. Você não deve deixar cair no tédio, mas também não pode haver desrespeito. É preciso um equilíbrio. O ponto positivo dessa relação é o espírito democrático e sensível do governador Silval Barbosa. Ele é um gentleman. Um homem educado, equilibrado, tolerante. Até confundem essa tolerância com fraqueza. Ele busca o diálogo sempre e, até por ter sido deputado e presidente da Assembleia, ele traz no seu âmago essa natureza política.

MidiaNews - O senhor fala constantemente em lançar o senador Blairo Maggi (PR) para governador em 2014. O que ele tem dito a respeito disso?

Emanuel Pinheiro - 
Ele tem admitido e avaliado. Esse é o grande avanço. O nome de Blairo Maggi é quase uma unanimidade do Estado, pelo seu Governo que foi uma referência nacional, um dos mais destacados modelos de gestão de sucesso da história de Mato Grosso. Também pelo que ele representa como empresário e político de sucesso, com respeito e credibilidade local, nacional e internacional, e pelo índice de intenção de voto e apoio popular que ele tem. É o nome mais completo que tem condições de gerir os destinos de Mato Grosso nos próximos quatro anos. O Blairo não é só a maior liderança do PR, ele é a maior bandeira de Mato Grosso. O seu nome ultrapassa as fronteiras político-partidárias. Por isso, as nossas bases e a sociedade em geral sempre pedem para tentarmos convencer o Blairo a disputar o Governo de Mato Grosso novamente.
"Vamos trabalhar para que Blairo assuma a candidatura ao governo em 2014. O PR de MT, nesse ponto, está sendo até egoísta, porque se ele for nomeado ministro, não poderia deixar o cargo daqui um ano para disputar o Governo"

MidiaNews - Até por essas razões que o senhor elencou, ele tem sido constantemente cotado assumir um ministério no Governo Dilma Rousseff (PT)...

Emanuel Pinheiro - 
Quem não quer Blairo Maggi no seu ministério? Ele é a coqueluche do momento. Ele é um nome de peso para ser ministro, governador, vice-presidente, até para ser presidente da República. É um nome de respeito, credibilidade, trânsito político, tem amizade pessoal com os presidentes Lula e Dilma. Então, seu nome ser lembrado é natural.

MidiaNews - É desejo do PR de Mato Grosso que ele vá para um ministério?

Emanuel Pinheiro -
 O PR de Mato Grosso, nesse ponto, está sendo até egoísta. O nosso partido vai trabalhar para que ele assuma a candidatura ao Governo do Estado. O ideal seria ele começar a trabalhar essa pré-candidatura ainda neste ano. Mas, vamos tomar essa decisão em conjunto, com maturidade. Não podemos prejudicar o Brasil, em função do nosso sonho de tê-lo como governador em 2014. Mas, nesse caso, ele teria que renunciar ao ministério daqui um ano, para se candidatar ao Governo do Estado, e isso não seria salutar. 

MidiaNews - Nos bastidores políticos, a informação é de que a Dilma está condicionando essa reforma dos ministérios à permanência dos ministros até o fim do mandato dela. Então, se o Blairo fosse nomeado, ele estaria fora da disputa ao Governo em 2014. Nesse caso, o PR tem outros nomes? 

Emanuel Pinheiro - Aí seria um sacrifício do PR de Mato Grosso em nome do Brasil. E, se isso acontecer, vamos discutir. O PR tem uma inflação de grandes nomes. Nós temos um nome talhado para qualquer embate majoritário, deputado federal Wellington Fagundes, que pode concorrer tranquilamente ao Governo ou ao Senado. Também o secretário-chefe da Casa Civil, Pedro Nadaf, que é um grande quadro do partido, com credibilidade em todos segmentos, um articulador político e grande gestor que tem um perfil talhado para o Mato Grosso do novo milênio, com a explosão da economia desse Estado.

MidiaNews - O PR cogita apoiar o candidato de outro partido?

Emanuel Pinheiro - 
O PR trabalha com candidatura própria, que tem nome e sobrenome: chama-se Blairo Maggi. Mas, somos um partido aberto, democrático e fazemos parte de um arco de alianças. Queremos dar sequência ao diálogo, sem nenhuma precipitação ou imposição.
"O Silval é um candidato natural ao Senado. Todo governador é, pela força do cargo e sua projeção de liderança"

MidiaNews - O PT, por exemplo, tem dito que já apoiou o Blairo e o Silval e quer lançar um candidato ao Governo em 2014 com o apoio desse arco de alianças. É possível?

Emanuel Pinheiro - 
Sim, o PT tem grandes nomes. Seria salutar que todos os partidos do arco de alianças apresentassem seus nomes e construíssem suas candidaturas, e lá na frente poderíamos sentar e conversar. Aquele que estiver em melhores condições de representar esse grupo político e a melhor proposta para Mato Grosso terá o apoio dos aliados.

MidiaNews - No caso do Senado, o senhor considera o governador Silval um candidato natural?

Emanuel Pinheiro - 
T
odo governador é um candidato natural ao Senado. Não quer dizer que ele saia candidato – ele pode até sair a deputado federal ou ficar até o final do Governo. Mas, pela força do cargo e sua projeção de liderança, a primeira candidatura naturalmente posta para ele é o Senado.

MidiaNews - O PR abriria mão de disputar o Senado para apoiar Silval? É sabido que o deputado Wellington Fagundes tem o desejo de tentar o Senado...

Emanuel Pinheiro -
 O PR é um partido agregador, que cisca para dentro e não para fora. Vamos fazer um diálogo sem imposição e ver o perfil que melhor se encaixa pela aceitação popular e trânsito partidário
Thiago Bergamasco/MidiaNews

MidiaNews - E o senhor pretende disputar que cargo em 2014? Pensa em se lançar à Câmara Federal?

Emanuel Pinheiro - 
T
enho um grande desejo de me candidatar a deputado federal, mas não sei se tenho tamanho para isso. O mais provável é que eu dispute a reeleição como deputado estadual.

MidiaNews - Como está a ação de execução que o empresário Salim Kamil Abou Rahal moveu contra o senhor, o acusando de ter pago uma dívida com esmeraldas falsas?

Emanuel Pinheiro - 
Eu não gosto de falar sobre esse assunto porque foi uma tentativa de atingir a minha honra e dignidade. Mas, eu entrei com uma ação rescisória e comprovei na Justiça que não fui eu que entreguei aqueles berilos para ele, aquelas pedras que ele fala que são falsas. Acho que tem um conteúdo político nisso aí, porque até hoje tentam me denegrir com essa história. Eu comprovei que eu já paguei a minha dívida com ele em dinheiro e está tudo resolvido.
Mídia News

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