De acordo com o estudo, ainda é senso comum que os adolescentes do sexo masculino não sofrem violência sexual, apenas as meninas. “Os garotos comercializados sexualmente são considerados como marginais”, descreve Loiola. O especialista frisa que essas denominações descaracterizam os meninos como pessoas que têm garantias e direitos, rotulando-os dentro de uma lógica perversa de mercado: “Embora eles estejam expostos nas ruas, praças, estradas, rodovias e avenidas, a sociedade insiste em não notar esta situação, deixando-os à mercê dos exploradores”.
Apesar de já existirem nas últimas décadas programas sociais para combater a inserção de crianças e adolescentes no mercado do sexo, eles não costumam ter a participação de meninos que muitas vezes acreditam que estas políticas sejam voltadas apenas para garotas.
A princípio, os garotos enxergam na comercialização sexual apenas uma possibilidade de ganhar dinheiro e de vivenciar a orientação sexual homossexual ou travesti, por não receber nenhum tipo de apoio familiar ou do Estado. Com o tempo, acabam se envolvendo num perverso esquema de dominação e submissão e ficam expostos às abordagens dos adultos e às drogas, porque são desprotegidos da comunidade, sofrendo preconceito e estigma.
Os agenciadores, além de lucrarem com os serviços dos adolescentes, cobram deles a permanência no ponto de exploração sexual, por drogas consumidas e produtos para a transformação corporal. Neste contexto, os adolescentes que passam por alguma modificação, como as injeções de silicones, aplicadas pelas travestis mais velhas (as bombadeiras), costumam ser chamados de “ninfetinhas”.
Ao mesmo tempo que são procurados pelo público masculino adulto, os meninos são vitimas de chacota e violência dos motoristas que os espancam com pauladas, pedras e jogam sacos de urina. Por outro lado, eles são controlados por outros travestis, homens, policiais, taxistas ou traficantes, envolvidos no crime.“Eles são violentados dentro de uma complexa estrutura de funcionamento do mercado do sexo, encontrando-se distantes das políticas de enfrentamento desta problemática”, descreve Loiola.
O pesquisador destaca a necessidade da criação de mecanismos diferenciados, que possibilitem a reinserção dos garotos em espaços que promovam a igualdade de direitos, na rede de ensino e nos serviços de saúde. As medidas de prevenção também devem ser tomadas e deve haver apoio para garantir as condições mínimas dentro das famílias para que crianças e adolescentes exerçam os seus direitos. Além disso, os agenciadores sexuais devem ser responsabilizados criminalmente.






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