R$ 8 mi seriam para compra de votos


Capitão da Polícia Militar prestou depoimento sobre uma suposta participação no transporte do dinheiro de Cáceres para Cuiabá, na manhã de ontem

Guilherme Silveira/DC
Capitão (de azul escuro) saiu da Superintendência da PF na tarde de ontem. Disse à reportagem ser apenas um “problema interno”
HELSON FRANÇA
Da Reportagem

A Polícia Federal investiga, desde a manhã desta sexta-feira (26), a denúncia de que uma quantia de R$ 8 milhões em dinheiro seria utilizada para a compra de votos por um dos candidatos a prefeito de Cuiabá. Tesoureiros das coligações de Lúdio Cabral (PT) e Mauro Mendes (PSB) prestaram esclarecimentos na sede da PF, na Capital. Até o fechamento desta edição, nenhuma apreensão havia sido realizada.

Conforme a assessoria de imprensa da Polícia Federal, a investigação foi deflagrada após o recebimento de denúncia anônima encaminhada pela Ouvidoria do Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso (TRE/MT).

A denúncia, que encontra-se em sigilo, dá conta de que um avião carregado da quantia milionária, distribuída em malas, viria de Cáceres (distante 225 quilômetros a oeste da Capital) para Cuiabá, na manhã de ontem. O dinheiro seria procedente de uma factoring. 



Um dos suspeitos de fazer a escolta da dinheirama para os representantes de alguma das duas coligações seria, conforme a denúncia, o capitão da Polícia Militar, Marcos Antônio. A pedido do delegado da PF, Cristiano Nascimento, o Comando Geral da PM localizou o capitão.

O militar prestou depoimento na tarde de ontem, mas preferiu não dar declarações para a imprensa. “É um problema interno”, se limitou a dizer. A assessoria de imprensa da PF, porém, informou que, conforme a denúncia anônima, o capitão seria um prestador de serviço do ex-secretário da Copa do Mundo, Éder Moraes (PR). Questionado se conhecia Éder, Marcos manteve o silêncio. Procurado pela reportagem, Éder não atendeu às ligações e nem as retornou. Ele é um dos apoiadores do petista Lúdio Cabral.

O advogado José do Patrocínio, que representa a coligação “Cuiabá, Mato Grosso, Brasil”, encabeçada por Lúdio, afirmou que o grupo não tem relação alguma com a suposta quantia que seria “derramada” na cidade para a compra de votos.

“Essa denúncia não tem nada a ver com a nossa coligação. Não temos vínculo algum com o levantamento de verba citado. Não há nenhuma acusação formal contra a coligação”.

Perguntado se achava que a coligação estaria sendo vítima de alguma armação por parte dos adversários, Patrocínio se esquivou. “Qualquer tipo de avaliação neste momento é leviana. A investigação continua e corre em sigilo”.

Já o advogado José Antônio Rosa, responsável pela defesa da coligação “Um Novo Caminho para Cuiabá”, liderada por Mendes, foi enfático ao associar a denúncia ao grupo de Lúdio.

Rosa acompanhou o depoimento dos tesoureiros da coligação e disse que todos os nomes e endereços listados na denúncia, e que lhe foram apresentados, são ligados à coligação adversária. “Todos os nomes que nos foram apresentados são de pessoas ligadas ao candidato do PT e ao governador do Estado. O dinheiro era de caixa dois. Isso já aconteceu no primeiro turno. Estamos trabalhando também para que isso não ocorra agora”.

O assessor jurídico da coligação de Lúdio, Eris Alves, por sua vez, minimizou a importância da denúncia e da investigação da Polícia Federal. “Não tem muita lógica [a investigação]. A Polícia Federal se baseou numa ‘historinha’ contada por um anônimo junto à Ouvidoria do TRE. Não tem documento algum para embasar a denúncia”.

Na tarde de ontem, o superintendente da Polícia Federal, César Augusto Martinez, juntamente do delegado Cristiano Nascimento, se reuniram ontem com o presidente do TRE, desembargador Rui Ramos, para detalhar sobre os rumos da investigação.

A eleição que irá definir o futuro prefeito de Cuiabá acontece neste domingo (28). 
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