O grande desafio do futuro prefeito de Cuiabá


Descontentamento dos profissionais da saúde com salários e condições de trabalho leva à greve  | Fotos Pedro AlvesEspecialistas dizem que não haverá orçamento para tantas promessas apresentadas pelos candidatos
Principal gargalo da administração pública em Cuiabá, o setor de saúde pública, mergulhado no caos e no sucateamento, é também o grande desafio dos candidatos à Prefeitura da capital. Mauro Mendes (PSB) e Lúdio Cabral (PT) ensaiaram um roteiro em que colocam a saúde como o carro-chefe de suas gestões. Com a proposta de humanizar, qualificar, melhorar a estrutura, promover melhor atendimento e oferecer melhor remuneração aos profissionais da área, os candidatos prometem o que hoje parece ser impossível a gestores que já tiveram a experiência de comandar e sentir na pele os problemas da área mais complexa do município. Fica a pergunta: será fácil para o candidato que vencer as eleições sustentar as promessas?


Dados divulgados pelo Ministério da Saúde colocaram a capital mato-grossense como uma das dez cidades brasileiras com as piores médias na qualidade dos serviços públicos de saúde do país. Na pontuação que vai de 0 a 10, Cuiabá recebeu nota 5,5. Para definir esses números, o Ministério considerou dados sobre saúde básica, ambulatorial, hospitalar e de emergência repassados pelos municípios a bases de dados nacionais (IBGE, Ipea, entre outros) entre 2008 e 2010.

Pacientes do SUS são submetidos a longas esperas em policlínicas sempre lotadas | Fotos Pedro AlvesDiariamente, centenas de pessoas que procuram as unidades de saúde da cidade não encontram atendimento. Faltam materiais, médicos, medicamentos e vagas. Os pacientes são jogados de um lado para o outro. O Hospital e Pronto-Socorro Municipal de Cuiabá, que acaba atendendo todo o Estado, é alvo de muitas críticas por parte de usuários como Valmir Pereira dos Santos, aposentado, morador do bairro Alvorada. Ele retornou para atendimento reclamando de uma cirurgia que teria sido mal feita em 2011 no Pronto-Socorro. Em cadeira de rodas, com as pernas inchadas e doloridas, Valmir protestou contra o mau atendimento. “Olha, fiquei jogado pelos corredores, praticamente abandonado aí dentro.

Sofri muito e espero não precisar retornar porque aqui não é nada fácil”. ‘Seo’ Valmir espera que o próximo prefeito da cidade dedique muita atenção para o setor de saúde. “A coisa tá muito feia”, observou.
Nas policlínicas da cidade a situação não é muito diferente. O fato tem cansado a população que precisa dos serviços da rede pública. Na policlínica do Planalto, Valdicéia Martins Ferreira acompanhava a vizinha com criança de oito meses no colo à espera de um atendimento incerto. “Estamos há quase duas horas esperando. Eles colocam uma fita amarela no braço e depois de quatro horas chamam. Só quem está morrendo recebe atendimento rápido. A criança que trouxemos está com febre alta e ninguém aqui parece preocupado”, afirmou Valdicéia, que já teria procurado a policlínica em outras ocasiões e constatado a mesma precariedade. “Falta muita coisa por aqui. Os aparelhos estão quebrados, a situação é caótica”.

Confira matéria na íntegra.


Darwin Júnior – Da Redação

Fotos Pedro Alveshttp://www.circuitomt.com.br/editorias/politica/21117-o-grande-desafio-do-futuro-prefeito-de-cuiaba.html