Valdemir Roberto | Redação 24 Horas News
O grupo mais a esquerda do PT acabou. Vilson Aguiar e Jairo Rocha, junto com um grupo que pode chegar a 300, oficializaram nesta quarta-feira, 17, desfiliação do partido. Aguiar, por exemplo, tinha 30 anos de filiado e foi dirigente do partido em várias ocasiões, assim como Rocha – que liderava inclusive correntes internas na sigla. Saem do PT, ficam sem partido, mas fecharam questão para o processo eleitoral que se desenvolve em Cuiabá: vão apoiar Mauro Mendes, do PSB, na eleição em segundo turno.
Com efeito, Vilson, que até há pouco era presidente do Diretório Municipal do PT em Cuiabá, indicou que o grupo decidiu deixar a resistência e fazer com que o partido fique apenas nas mãos de “mensaleiros” e “sanguessugas”, referindo-se aos grupos dominantes dentro da sigla.
A decisão do grupo era mais ou menos esperada. Historicamente, Vilson Aguiar e Jairo Rocha sempre deram sustentação ao nome da ex senadora Serys Slhessarenko. No projeto de Lúdio Cabral a prefeito, a expoente petista acabou sendo preterida na composição de forças: Cabral firmou entendimento, para garantir sua candidatura a prefeito, com o grupo de Abicalil, Alexandre César e Saguas Moraes, que controlam o Diretório Estadual do PT.
Na eleição em primeiro turno, o grupo ficou no apoio a candidaturas proporcionais. Elegeu um vereador, Arilson Silva, ex-presidente do Sindicato dos Bancários. Informalmente, apoiaram Mendes – uma aliança que vem desde a eleição anterior a prefeito, quando PT indicou a vice, a professora Vera Araujo. Na eleição ao Governo, fragilizado, o grupo também atuou também discretamente em favor da candidatura de Mauro, embora o PT tenha firmado aliança com o PMDB de Silval.
“Fiz campanha com João Monlevade, em cima de uma carroça” – lembrou Vilson Aguiar, que foi presidente do Diretório do PT na Capital. Ele disse que o momento era de muita dificuldade, mas que era preciso decidir pela saída para não se submeter a influências externas. “Não queremos ser traidores” – disse, apontando a pecha para Ludio Cabral, que, segundo ele, estaria entregando o PT para José Riva, Eder Moraes, Silval Barbosa e Carlos Bezerra. Para Aguiar, o PT virou instrumento nas mãos do Governo.
A saída do chamado “grupo histórico” expõe a posição da própria ex-senadora Serys. No entanto, segundo Jairo Rocha, essa questão ainda não está definida. “Falamos com ela, dissemos que não há espaço para mulheres no PT. Mostramos a ela todas as trajetórias e avaliações, mas ela não tomou qualquer decisão” – frisou Rocha. “Acreditamos na seriedade, responsabilidade e competência da ex-senadora Serys e esse grupo quer que ela fique em casa cuidando de netos” – destacou.
Rocha lembrou que o grupo havia deliberado junto com Lúdio Cabral a implantação de um projeto político que previa apoio a candidatura ao Governo do Estado, em 2014, do juiz Julier Sebastião da Silva, polêmico por suas decisões consideradas avassaladoras. No entanto, essa situação ficou prejudicada, segundo ele, exatamente porque havia veto a ex-senadora.
Cabral ainda recebeu duras críticas do grupo histórico que deixou o PT. Segundo ele, ao se aliar ao modelo político atual, o vereador cuiabano passou a vender sonhos, ao passo que Mauro Mendes – que acolhe o grupo, na avaliação deles – “vende uma realidade, de fato”.





