Herança maldita aguarda próximo prefeito no Palácio Alencastro


O tão anunciado Poeira Zero ainda não garantiu asfalto nos bairros, apesar do alarde  | Fotos: Pedro AlvesA cada nova gestão, problemas de décadas continuam se arrastando e impedindo que a população tenha qualidade de vida
No dia 28 de outubro a população cuiabana vai eleger o próximo prefeito da capital. Nesses dias que antecedem o pleito, os candidatos Lúdio Cabral (PT) e Mauro Mendes (PSB) jogam todas as cartas em busca do convencimento do eleitor e da vitória nas urnas. Entre troca de acusações e promessas de uma nova Cuiabá a partir de janeiro de 2013, Lúdio e Mauro correm atrás do desejo de receber a faixa de prefeito e assumir a administração da capital mato-grossense no alto do Palácio Alencastro. Mas o que aguarda o futuro prefeito? Uma cidade cheia de problemas e uma população descrente e sofrida. Herança de gestões anteriores, de grupos que não corresponderam à expectativa do eleitor e de outros que ainda, por mera incompetência ou atos escusos, deixaram a cidade ainda pior do que a encontraram.


A saúde é um dos setores mais críticos da gestão municipal e um dos principais motes de campanha dos dois candidatos.  O caos na saúde pública de Cuiabá não é nenhuma novidade, mas a situação vem se agravando gradativamente. Recentemente o governo deixou de repassar à Secretaria Municipal de Saúde mais de R$ 9 milhões. A indisponibilidade da verba direcionada aos hospitais Júlio Muller, Santa Casa, Santa Helena, Hospital Geral Universitário, Hospital do Câncer, Pronto-Socorro de Cuiabá e a outros setores de atendimento à saúde da população gerou uma ameaça de corte no atendimento pelo SUS nestas instituições.

Fotos: Pedro AlvesSem repasses regulares, a precarização do atendimento se agrava. O problema acontece desde a atenção básica até aos pronto-atendimentos. Nos postos de Programas de Saúde da Família (PSFs) faltam profissionais para realizar os atendimentos, os médicos contratados pela Prefeitura alegam que os baixos salários e a falta de estrutura física e, principalmente, de materiais, deixam o trabalho inviável.

“A situação é tão complicada que não é raro ver os exames solicitados não serem realizados. Já se chegou ao extremo de um médico solicitar um exame de ultrassom para uma gestante, a criança nascer e o exame não ter sido realizado”, informa a presidente do Sindicato dos Médicos de Mato Grosso (Sindimed), Elza Queiroz.

Nesta segunda (15), a equipe do Circuito Mato Grosso esteve na Policlínica do Planalto e constatou a precariedade do atendimento.

Pessoas há mais de cinco horas na fila, com fortes dores, crianças, idosos, todos misturados e praticamente implorando por atendimento. “Eu cheguei por volta do meio-dia, com pressão alta, tontura e forte dor no braço e agora já são quatro horas da tarde e não fui atendida”, desabafou a dona de casa Maria Auxiliadora Silva, que ainda declarou já ter procurado outras policlínicas que estavam fechadas para reforma.

Sem saneamento, população convive com a água suja dos esgotos correndo a céu aberto. | Fotos: Pedro AlvesDona Aline Trindade, 73 anos, que também esperava há horas por atendimento com dores nas articulações, não conseguia se locomover sozinha. “O pior é que eu nem sei se vou ser atendida, já que outras pessoas já desistiram e foram para casa. Eu estou aqui há mais de quatro horas, com fortes dores. Isso porque dizem que idoso tem prioridade. Eu não vi nada disso, nem hoje e nenhum outro dia que procurei a saúde pública de Cuiabá”, declarou.

Relatos como esses são frequentes e o cenário, bastante tumultuado, com pessoas visivelmente debilitadas, deitadas nas cadeiras de espera, com crianças de colo e apenas um médico dentro da unidade para atendê-las.

Procurada pela reportagem, a direção da Policlínica do Planalto não quis se pronunciar sobre o assunto.

Confira matéria na íntegra.


Mayla Miranda – Da Redação/Sandra Carvalho – Da Editoria

Fotos: Pedro Alves