As adaptações necessárias para o processo de ensino aprendizagem dos estudantes surdocegos da rede estadual são o principal foco do ciclo formativo realizado junto a 56 profissionais da educação, promovido pela Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso (Seduc) a partir desta segunda-feira (29), no Hotel Fazenda Mato Grosso.
“O professor tem ciência de que a comunicação é diferente, em vários aspectos. É preciso transformar objetos concretos em sensações, em expressões naturais, em percepções. Por isso a rotina é tão fundamental nesse processo, porque se torna uma referência para a aprendizagem”, pontua a professora mestre em Distúrbios do Desenvolvimento e principal palestrante da atividade, Shirley Rodrigues Maia.
Para ela, aliado ao processo educacional em si, é necessário investir no devido processo de reconhecimento e diagnóstico dos casos de surdez e cegueira. “A ausência desse processo muitas vezes inviabiliza o tratamento adequado, retardando-o”. “Por isso é tão necessário que se invista na disseminação das informações para todos os profissionais, além daqueles que já lidam com os casos”.
Em três anos, esse é a terceira formação realizada pela Gerência de Educação Especial, da Seduc, que enfoca a qualidade do ensino para surdocegos, considerando os diferentes níveis de comprometimento cognitivo. “Sabemos que ainda temos muitas crianças e jovens que ainda são mantidos fora do ambiente escolar e necessitamos da mudança desse cenário. Não é possível manter uma criança ou um jovem isolados. Eles têm o direito de frequentar uma escola, de interagir”, explica a professora da Seduc, Regina Pereira de Faria.
Estudiosa sobre o tema e concluinte no mestrado sobre Ciências da Educação, a professora da Sala de Recursos Maria Aparecida da Silva Queiroz, pontua que a base inicial para o desenvolvimento do aluno é ajudá-lo a reconhecer o outro, pois na maioria das vezes a superproteção dos pais os isola do convívio social. “A convivência com as outras crianças ajuda nesse processo, na integração”.
Maria é mãe de um rapaz de 24 anos, com surdocegueira. Ela leciona na Escola Estadual Teotônio Carlos da Cunha, em Confresa, e emprega a experiência de vida para auxiliar pais, amigos e professores a vencerem barreiras relativas ao tema. “Posso falar com propriedade, porque faço parte do processo e a integração garante o mínimo de autonomia na vida de uma criança, de um adolescente com surdocegueira".
O curso, que vai até o dia 02 de novembro, reúne professores que atuam junto ao Centro de Apoio e Suporte a Inclusão da Educação Especial (Casies), do Centro Estadual de Atendimento a Apoio ao Deficiente Auditivo 'Professora Arlete Pereira Miguelletti' (CEAADA) e aqueles que desenvolvem atividades junto a Sala de Recursos Multifuncionais em 20 escolas da rede estadual em 20 municípios. (Patrícia Neves/Seduc-MT)
Curso destaca práticas de interação com estudantes surdocegos
outubro 30, 2012