Professora Nicinha:“Com projetos, é possível ter recursos”

Apadrinhada pelo deputado federal Valtenir Pereira, a pré-candidata do PSB em Várzea Grande diz que as prioridades são saúde e infraestrutura

LORIVAL FERNANDES/DC
Nome: Nice Teodora
Estado civil: Casada
Profissão: Funcionária Pública
Filho: Nenhum 
KAMILA ARRUDA
Da Reportagem

Tendo a saúde como sua principal bandeira, a pré-candidata pelo PSB à prefeitura de Várzea Grande, Nice Teodora, a “Professora Nicinha”, acredita que sua candidatura seja viável, apesar do fraco desempenho nas pesquisas. A socialista aposta que, com a campanha eleitoral, ela pode reverter a situação, pois terá a oportunidade de apresentar seus projetos e suas ideias à população.

Nicinha pretende investir em projetos para angariar recursos, já que o município não pode receber verba federal e estadual por conta da ausência da certidão negativa. Segundo ela, com esta medida e com o auxílio do Legislativo, a capacidade de investimento pode aumentar.

Já com relação à alta dívida da cidade, a pré-candidata concorda com o deputado Wallace Guimarães e acredita que, com negociação e interesse, pode ser paga.

A pré-candidata afirma que vem lutando por uma candidatura própria desde 2008, quando o prefeito cassado Murilo Domingos (PR) foi eleito no município. No entanto, como não conseguiu viabilizar seu projeto no Partido Verde (PV), migrou para o PSB, onde recebe apoio de todos os correligionários.

Atualmente, o partido faz parte do “Movimento Unidos por Várzea Grande”, formado por dez siglas. Contudo, o grupo ainda não “bateu o martelo” quanto ao apoio a Nicinha. De acordo com ela, as legendas vão abrir diálogo com outros pré-candidatos e somente ao final definirão apoio.



Diário de Cuiabá - A senhora era filiada ao PV. O que a fez mudar para o PSB depois de tanto tempo?

Professora Nicinha - Quando eu terminei a eleição de 2010, na qual fiquei na sexta suplência de deputada federal, nós conversamos com a direção do Partido Verde sobre Várzea Grande precisar ter uma alternativa para a candidatura própria. E, naquele momento, no começo de 2011, o PV me disse que não tinha interesse em candidatura própria. Então, como o PV não teve essa pretensão, eu fui convidada pelo deputado federal Valtenir Pereira a vir para o PSB, para fazer essa composição, essa construção de uma candidatura própria em Várzea Grande. O PV já tinha passado em 2008 uma oportunidade de fazer o prefeito, porque as eleições em que o Murilo Domingos foi eleito não foi um voto de querer e sim um voto de protesto. Eu acho que os partidos políticos têm o dever de colocar os nomes para a população avaliar, e o PV não fez isso em 2008. Na época, nós brigamos, falamos para colocar e, mesmo assim, não teve a oportunidade de colocar uma candidatura. Em 2011, nós voltamos a questionar esta tese, voltamos a fazer este diálogo, e o que nós obtivemos da direção municipal e estadual é que não seria viável. Por conta disso, eu me vi, como várzea-grandense que sou, na obrigação de ir atrás, porque a cidade merece ter um sonho de uma candidatura diferenciada e fui atrás deste projeto. Com o convite do deputado Valtenir, nós migramos para o PSB e construímos este processo. Foram quase dois anos batalhando neste projeto de candidatura própria porque acreditamos que a população merece o respeito dos partidos políticos, de colocar nomes para serem avaliados.



Diário - Como estão as preparações para a eleição?

Nicinha – Fui escolhida no dia 14 de maio como a pré-candidata do “Movimento Unidos por Várzea Grande”, que é composto atualmente por dez partidos políticos, para ser a candidata do Movimento, porque até então eu era apenas a candidata do PSB. Então, há um mês estamos aí como a pré-candidata do Movimento. Agora, na última segunda-feira (18), durante uma reunião ordinária do Movimento, por voto, decidiram abrir diálogo com demais partidos e candidatos. Eu acredito que as conversas partidárias são processos legítimos e democráticos. Mas nós fomos firmes em dizer que tivemos uma reunião no domingo (17) e decidimos que o PSB continua com a tese de candidatura própria com meu nome como pré-candidata, porque foi para isso que eu vim para o PSB. Independentemente do Movimento, nós, do PSB, temos uma candidatura colocada e eu sou a pré-candidata, e agora nós vamos para rua mostrar essa proposta para a população e pedir o voto.



Diário - Caso o Movimento rache, com quais partidos há possibilidade de aliança?

Nicinha - Com qualquer partido. Nós não temos restrição nenhuma, qualquer partido que queira construir um projeto, que faça uma administração de verdade, voltada para a melhoria da vida da população várzea-grandense, que há muito vem sofrendo, nós estamos dispostos a dialogar, articular e a compor.



Diário - Já conversou com algum partido?

Nicinha - Fora esses dez do Movimento, nós temos mantido conversas constantes com PPS, com PDT, com PP, PSC e recentemente nos reunimos com o DEM.



Diário - Tem afinidade maior com algum deles?

Nicinha – Com o PDT, o PPS, o PSC e o PP nós temos maior afinidade, porque todos nós estamos pensando em uma candidatura diferenciada, uma candidatura nova. Por conta disso, estamos bem afinados no discurso. Mas, por enquanto, é só o diálogo mesmo, vamos ter que ter muitas outras conversas antes de decidir.



Diário - A senhora já tem plano de governo?

Nicinha – Temos, sim, e ele ainda está aberto para que os partidos que vierem a fechar conosco possam opinar e externar seus anseios. Mas temos as diretrizes. Por exemplo: há dois anos, não só como moradora, mas como agente pública, nós estamos dialogando com a sociedade nos bairros, para poder sentir quais são os anseios da população. E, baseado nesses anseios, que são inúmeros, nós estamos construindo nosso plano de governo. O primordial, um foco muito importante, são a saúde e a infraestrutura, porque não tem condições da população de Várzea Grande, mais de 200 mil pessoas, ter uma saúde que não dignifica a pessoa humana. Precisamos de uma saúde digna para nossa população, uma infraestrutura para poder trazer recursos econômicos, indústria, geração de emprego e renda e demais agentes políticos e sociais de que o município precisa.



Diário - Qual será sua principal bandeira na campanha?

Nicinha - Não tem como falar de uma bandeira específica porque Várzea Grande precisa de muitas bandeiras. Mas eu diria uma coisa: nós iremos fazer uma administração voltada para os princípios socialistas. Um governo que melhore de verdade a vida das pessoas. Eu acho que essa vai ser nossa bandeira de luta, fazer uma administração que melhore a qualidade de vida dos várzea-grandenses.



Diário - Com relação à composição, o vice já foi definido?

Nicinha - Assim que os partidos decidirem nos apoiar, aí nós vamos abrir o diálogo para vice, dentre este arco de alianças que estamos tentando formar. Nenhum partido tem preferência.



Diário - Uma avaliação do governo do atual prefeito Tião da Zaeli.

Nicinha - O Tião tem apenas dez meses na administração, embora tenha sido vice-prefeito ao longo do período. Eu acho que uma candidatura de prefeito e vice é como um casamento. Quando fracassa, não dá pra falar que a responsabilidade é só da mulher ou só do homem, os dois têm responsabilidade, em maior ou menor grau. A administração do Tião mesmo, que começou há dez meses, tem um desgaste que todo mundo tem acompanhado, mas eu percebo que há uma boa vontade de tentar fazer algo, mas há este desgaste referente a coisas que ao longo deste mandato foram deixadas de proceder. Então, agora, com esse curto espaço de tempo, reverter toda uma administração que veio ao longo desses anos se torna um pouco difícil. Mas eu tenho certeza de que a população saberá avaliar o mandato dele.



Diário - Qual a principal deficiência do município, atualmente?

Nicinha - É difícil elencar, pois são muitas, mas eu fico com a saúde, porque é no momento o que a pessoa mais precisa, lida com a vida. Você trabalhar em outras áreas é algo importante, mas saúde é primordial, porque você só tem uma vida. Se você perder aquela, não vai ter outra. A população tem mendigado atendimento em saúde pública, e isso me revolta, porque nós temos dignidade. Quem mais precisa da saúde pública é a população mais carente, porque a maioria não tem plano de saúde. Os ricos pegam um avião aqui e vão para São Paulo, para Brasília, fazer tratamento de saúde, e as pessoas que mais precisam têm que mendigar para ser atendidas. E, outra coisa que me revolta muito, é o fato de as pessoas terem que depender da indicação de alguém para ter um atendimento decente. Isso é falta de dignidade humana, é um crime contra a população. No nosso mandato queremos acabar com isso. Com a gente, a população vai ter saúde de qualidade, sem depender de indicação de vereador, de um pré-candidato para fazer cirurgia. Isso é um crime, quem pratica isso, pra mim, é um criminoso.



Diário - Como será este seu projeto voltado para a área da saúde?

Nicinha - Precisamos atender a atenção primária da saúde, precisamos de mais leitos de hospitais. Um gestor que pensa em saúde de qualidade, com certeza, irá pensar primeiro na base, na atenção primária. O PSF [Programa Saúde da Família], por exemplo, Várzea Grande não esta toda coberta por PSF, mas poderia estar. É um recurso federal que vem para o município, e poderia ser aplicado melhor. Eu acredito que o PSF deve cobrir 100% da cidade, porque se você tem um agente de saúde que vai na sua casa, você adoece muitas vezes com menos gravidade, porque você vai ter um atendimento. E isso nós não temos. Nosso quadro é o contrário disso, pois temos falta de medicamentos, as áreas não são todas cobertas, faltam leitos nos hospitais e outras milhares de coisas. Várzea Grande vem capengando há anos por conta da falta de saneamento básico, embora o Programa de Aceleração do Crescimento tenha saído. Eu estava no pronunciamento do ex-presidente Lula quando anunciou o PAC para Várzea Grande, mas, por conta de pessoas que estavam querendo colocar a mão no dinheiro público, as obras, que já haviam iniciado, tiveram que ser paralisadas. Nós precisamos de pessoas que não roubem e não deixem roubar, que trabalhem pelo bem da sociedade, e é essa administração que queremos trazer para a população de Várzea Grande.



Diário – O município não pode receber recursos federais por conta da ausência de uma certidão negativa. Como a senhora pretende fazer essas melhorias e estes investimentos se não há um auxílio financeiro de fora?

Nicinha - Essa situação pode ser revertida. Realmente, alguns recursos não vêm por conta da certidão, mas outros vêm através de projetos. Se o gestor construir um projeto e apresentá-lo, as chances de conseguir recursos para viabilizá-lo são imensas. O PSF, por exemplo, pode ser implantado sem precisar dessas certidões. O deputado Valtenir recentemente indicou na Câmara Federal oito creches para Várzea Grande e não precisou dessas certidões, precisou apenas de um projeto. E foi ele próprio que montou uma equipe, formulou o projeto e o deu de presente para o município. Eu sei que Várzea Grande não tem recursos próprios para sanar todas as suas necessidades, mas podemos buscar auxílio junto ao governo federal, por meio de nossos deputados e senadores, mas também através de projetos. Na Presidência da República existe uma ala específica para atender os municípios, e todos os prefeitos têm acesso a ela, também pode ser um meio. Tudo isso também serve para os recursos estaduais. Nós também vamos estar juntos com os deputados, para que eles também destinem recursos para fazer grandes melhorias na cidade.



Diário - Várzea Grande possui uma dívida muita alta que foi contraída ao longo de muitos anos. O atual prefeito acredita que ela é impagável. O pré-candidato a prefeito Wallace Guimarães já acredita que ela tem solução. Qual a sua opinião com relação a isso?

Nicinha - Eu ainda não tenho uma opinião completamente formada a respeito disso, porque eu não sei sua dimensão. Eles são gestores públicos e já tiveram acesso a essas planilhas. Mas eu acredito que, por mais que haja uma dívida que esteja atrapalhando o desenvolvimento do município, não é impossível pagá-la, pois dívida você pode negociar.



Diário - E a respeito do fato de a família Campos buscar novamente a prefeitura de Várzea Grande.

Nicinha - Eu acho que é um direito de todos os partidos políticos buscar seu espaço e mostrar suas ideias. Não vejo que isso seja algo negativo, pois todo mundo tem este direito.



Diário – Qual sua análise sobre a atenção dada a Várzea Grande nas obras da Copa do Mundo?

Nicinha - O que nós vemos em Várzea Grande sobre as obras da Copa é o aeroporto, a duplicação da Guarita e o VLT, entre outros. Eu acho que nós precisamos pensar muito, além disso, porque a Copa vai ficar um mês, depois passa e a população continua aqui. Nós temos que pensar no turismo, fortalecer o comércio do município para fortalecer a vinda dessas pessoas, o transporte, a rede de hotéis e muitas outras coisas. A rodoviária, por exemplo, as pessoas não vão vir para cá apenas de avião, podem vir de ônibus também e nós não temos uma rodoviária digna para receber esses turistas, seja para uma Copa ou para qualquer outra coisa.

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