Novatos disputam cadeiras na Câmara de Cuiabá

Redação
Além das figuras tradicionais, a eleição desse ano contará com candidatos a vereador desconhecidos do meio político ou até mesmo inusitados. É o caso do cantor sertanejo Beto, da dupla Dois a Um e que disputa pela primeira vez vaga na Câmara Municipal pelo PHS. O contador Jorge Pinto (PSB), pai do menino Kaytto, brutalmente assassinado em 2009, também estreou na corrida por uma das 25 cadeiras do Legislativo.
No caso de Jorge, ele admite que assumiu candidatura devido à repercussão do assassinado do filho e apoio de amigos e desconhecidos. “Senti que tinha que aproveitar esse triste momento e tentar fazer mais do que já temos feito, além de pedir justiça e defender políticas públicas contra violência”.
Jorge alega que, como vereador, terá mais condições de lutar por pessoas que passaram pelo que enfrentou, apesar da legislação penal, um dos principais pontos de sua atenção, ser matéria de competência exclusiva do Congresso Nacional. O menino Kaytto foi violentado e assassinado aos 10 anos de idade em 2009.
Não é a primeira vez que parentes de crianças vítimas de violência entram na política. O mesmo ocorreu com Keiko Ota, mãe de Yves Ota e que foi eleita deputada federal por São Paulo também pelo PSB quase 10 anos após o crime.
No caso do cantor Beto, que se chama Alberto Gonçalves, mas usará o nome artístico na urna, ele afirma que foi a experiência que tem na iniciativa privada que o fez entrar na disputa por mandatos eletivos. “Sempre gostei de política, mas nunca tinha participado diretamente de nenhuma eleição. Só que acredito que a população tem que se envolver cada vez mais porque cada um pode ajudar a construir a sua cidade. E é assim que vou fazer campanha: defendendo oportunidades e geração de emprego, pois Cuiabá precisa de mais pessoas acostumadas com o meio empresarial”.
Lindinalva da Silva dos Santos, única irmã do expresidente Lula que reside em Cuiabá, também é candidata a vereadora, mas pelo PTB do prefeito Chico Galindo. Ela afirma que, além da popularidade do ilustre parente, decidiu estrear no páreo para ajudar o partido a atingir o mínimo de 30% de mulheres exigidos da chapa.
Além dos concorrentes pouco conhecidos no meio político, a eleição contará com figuras carimbadas, mas que fazem até graça na campanha. É o caso do tenente Juvelino da Silva Lara (PSB), que usará na urna o nome “Tenente Lara: o Ás de ouro”. Já tradicional nas disputas, ele participou de 3 eleições. “Quando um humorista faz um programa policial, como eu fiz, as pessoas nos reconhecem depois nas ruas e acabam incentivando. Mas eu amadureci e, se Deus quiser, estarei na Câmara em 2013 do que jeito que sou: simples e polêmico”.
Na mesma linha, outro candidato irreverente é José Marcondes (DEM), o Muvuca. O PTB do prefeito Chico Galindo lançou também o engraxate Aquilino da Silva, que ficou conhecido na campanha de 2008, quando apareceu nos programas eleitorais da campanha de Wilson Santos (PSDB) na TV. Cuiabano e de sotaque tradicional, ele pedia licença a adversários numa tentativa de os taxar como pouco quistos pela cuiabania.
Candidaturas a vereador de pessoas conhecidas em outros meios fora da política e até mesmo pitorescas pode ser uma forma de chamar atenção no pouco tempo que os concorrentes terão nos programas eleitorais. Em média, não disporão nem 10 segundos para pedir votos no rádio e TV a grande parte do eleitorado.
O professor e analista político João Edison vê com cautela o lançamento de candidaturas inusitadas, principalmente as pitorescas. “Muitos partidos confundem essa questão por conta da eleição do deputado Tiririca (PR-SP), o que acabou virando modelo equivocado para muitas agremiações. Não é porque isso deu certo com um humorista lá que se ocorrerá no restante do país ou em Cuiabá da mesma forma. Ele foi eleito como contraponto aquele imagem séria e fria de muitos políticos paulistas, mas nossa cultura tem muitos personagens similares ao Tiririca, assim como nas residências das pessoas. Já tivemos candidatos engraçados aqui e que não decolaram em outras eleições de Mato Grosso”, completa o professor ao lembrar os candidatos Lúcio Mandioca (PR) e Carlos Linguiça (PGT).
Já em relação a candidatos artistas, o que é relativamente novo na Capital, o professor considera que isso pode ser comparado a apresentadores de TV e rádio, o que tem sido bem aceito nas últimas eleições, como os vereadores Toninho de Souza e Everton Pop (ambos do PSD) e o deputado Walter Rabello (PSD), entre outros. “No caso do sobrenome conhecido, isso pesa muito pouco. Já foi importante para famílias como de Dante de Oliveira, Jonas Pinheiro ou os Campos, mas isso se perde quando eles perdem os mandatos. Não se consegue transferir votos, apesar de termos na política pessoas de sobrenome conhecido, como o vereador Francisco Vuolo (PR), mas ele tem carreira própria e não foi eleito apenas porque é filho do ex-senador Vicente Vuolo”.
Candidaturas inusitadas são registradas principalmente desde o processo de redemocratização, nos anos 80. O índio Mário Juruna foi eleito deputado federal de 1983 a 87. Enéas Carneiro (Prona) e Clodovil Hernandes (PR) também se tornaram grandes puxadores de votos.
Além de 6 candidatos a prefeito, Cuiabá deverá ter mais do que o tradicional número de 350 concorrentes a vereador, já que nesse ano foram abertas 6 novas vagas na Câmara Municipal e isso vem chamando atenção de novatos. Ao todo, no Estado devem ser mais de 11,7 mil postulantes. O número promete ser anunciado hoje pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Até terça-feira (10), candidatos que não tiveram o pedido de registro apresentado pelos partidos poderá fazer isso diretamente à Justiça.

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