Adolfo Grassi, candidato a prefeito de Cuiabá pelo PPL |
“Não viemos até aqui para fazer conchavos, para atuar como laranja de ninguém”
Adolfo Grassi, do novato Partido Pátria Livre, é candidato a prefeito e sua vice é a única mulher a participar da eleição majoritária em Cuiabá – a presidente da Associação de Moradores do bairro Jardim Araçá, Cleusa Tomazini. A candidatura, que surpreendeu muita gente, tem um compromisso de esquerda e Grassi se apresenta como um sindicalista que representa, em Mato Grosso, a tradição do antigo Movimento Revolucionário 8 de Outubro – MR8, que se destacou na luta contra a ditadura militar, no Brasil. Grassi rechaça os comentários que o PPL possa estar entrando na disputa para atuar como um partido “laranja”. Confira os principais trechos da entrevista.“A nossa candidatura é uma candidatura de protesto mas com proposta. Tem gente que quer fazer protesto e não tem proposta.”
CENTRO OESTE POPULAR - Quais são as suas credenciais para ser prefeito de Cuiabá?
ADOLFO GRASSI - Me preparei a vida toda para esse momento. Até não tinha essa pretensão mas, diante do quadro político, que a gente vem acompanhando, eu, como sindicalista tenho enfrentado o governo para melhorar o salário do servidor e isso é uma coisa que vai ao encontro da outra. Hoje estou preparado para enfrentar não só a prefeitura de Cuiabá, como o Governo do Estado, como a Presidência da Republica. Fiz política a vida toda. Estou com 52 anos, sou administrador, sou advogado e tenho larga experiência porque desde os 18 anos estou envolvido na defesa do povo enfraquecido que não consegue ter acesso aos serviços básicos. Por esse motivo é que entendo que tenho um coração valente e coragem para mudar.
COP – O PPL é novo e o que se noticiava era o apoio dos senhores ao PT ou ao PMDB. Por que a mudança de rota?
ADOLFO GRASSI - Na verdade, o Lúdio, se tivesse havido mais tempo, poderia estar disputando a eleição com apoio do nosso partido. A gente tem uma admiração grande pela pessoa do Lúdio mas, no final, a gente se surpreendeu com a presença do PMDB na vice dele. Então, acabou falando mais alto a orientação nacional pela candidatura própria. A gente sabe que esse tipo de pressão para coligar a gente sempre sofre. Desde o inicio não tínhamos duvida sobre isso de manter a candidatura própria mas toda hora que surgia um fato novo a gente se reunia e avaliava. A gente conversava pelo respeito e pela admiração para com o candidato Lúdio Cabral. A gente poderia ter coligado se não houvesse essa surpresa do PMDB.
COP – Não é muita ousadia de vocês, que estão chegando agora, disputarem com candidatura própria a eleição na capital do Estado?
ADOLFO GRASSI - Nossa candidatura se apresenta como uma candidatura de protesto mas com proposta. Viemos com essa ousadia, como você disse, mas uma ousadia para defender o povo que vive preso por essa minoria burguesa que faz de tudo para se manter no poder. O PPL entende que essa ousadia é necessária porque se não for assim teremos mais 4 anos de falta de saúde, de falta de água potável, de falta de todos os serviços essenciais a que a população mais carente não tem acesso em Cuiabá. Se ficássemos em silencio, essa minoria burguesa, que não está só em Cuiabá mas atua em todo o mundo, venceria previamente. O Partido Pátria Livre é ousado mesmo e apresenta sua cara porque nosso compromisso é com o povo.
COP – O que sobrevive das propostas do antigo MR-8 neste novo partido?
ADOLFO GRASSI - O MR-8 deixou de existir no dia 20 de abril de 2009, na assembleia que constituiu o Pátria Livre. O Pátria Livre nasceu para o mundo jurídico em 21 de abril de 2009 e para o mundo eleitoral no dia 4 de outubro de 2011. Ele já existe, porém, há mais de meio século porque é sua existência é conhecida por muitos em Mato Grosso onde existem muitos antigos militantes do MR-8. Fui convidado para ingressar no novo partido porque sou presidente da Central Geral dos Trabalhadores, em Mato Grosso e essa central está para o PPL como a CUT está para o PT. Também sou membro da direção nacional da Central.
COP – O MR-8 reuniu personalidades de destaque, em Mato Grosso, como o ex-governador Dante de Oliveira, o ex-senador Antero de Barros, a ex-deputada Thelma de Oliveira. Figuras como essas foram chamadas a colaborar com a organização PPL?
ADOLFO GRASSI – No passado, o MR-8 teve muita força em Mato Grosso mas essas lideranças, ao longo da história, pegaram outros rumos. Logicamente que o partido não fecha as suas portas a eles, mas, avalio que eles estão bem colocados em outros projetos. Quando o MR-8 se transformou no Partido Pátria Livre não tivemos o privilégio de poder contar com todas as lideranças do antigo MR-8. Mas o PPL hoje mostra a sua cara porque entende que tem uma resposta para a Nação, um compromisso nacionalista com 6 pontos básicos para que o País avance e se desenvolva.
COP – Quais são os pontos desse programa que o PPL defende?
ADOLFO GRASSI - Defendemos a saúde e a educação de qualidade e gratuita para todos. Essa é uma bandeira que estará no centro de minha campanha em Cuiabá. Outro ponto é que o BNDES tem que pegar seus recursos e investir nas empresas genuinamente nacionais e não ficar salvando banco que quebra. Defendemos o trabalho, nossa maior bandeira é a geração de emprego. A geração de emprego virá, certamente, com a redução dos juros. Esse é o nosso terceiro ponto: a redução do juros. Se você reduz juros está batendo no especulador e, se você reduz os espaços para o especulador, o cara para ganhar dinheiro tem que gerar emprego. Outro ponto, entendemos que a tecnologia de ponta tem que estar sob domínio dos brasileiros. Não é certo que você diga que tem a soberania se você compra avião da França, do EUA. Como é que você vai entrar numa guerra contra os EUA se seu avião é daquele grupo? Temos a Embraer que fazia nossos aviões de caça e queremos ter o nosso motor brasileiro, um avião todo fabricado e montado aqui. Então, temos que formar bons engenheiros, daí a bandeira da Educação. Temos que valorizar nossas riquezas, nossos recursos humanos. O PPL é um partido nacionalista e desenvolvimentista. Quando você proíbe desenvolver a bomba atômica para fins militares, por que é que só os EUA é que podem fazer? Temos que analisar sempre o que é melhor para o povo brasileiro, em todos os setores.
COP – O senhor, como todos os candidatos, fala em priorizar a Educação. Recentemente, o Ministério Público acionou a Prefeitura de Cuiabá para que deixasse de gastar com Bolsa Universitária para investir no Ensino Fundamental. Como avalia essa questão?
ADOLFO GRASSI – Está certo o Ministério Publico. A Educação deve mesmo ser prioridade de todos. Não é justo deixar fazer corrupção com o dinheiro da merenda escolar porque você vai permitir que daqui a alguns anos apareçam pessoas com debilidade porque faltou alimentação. Temos que cuidar bem das crianças para termos bons engenheiros, bons advogados, jornalistas, bons economistas. A competência do município é com as séries iniciais. Você só vai se fazer uma faculdade se tiver muito dinheiro sobrando. Agora, uma prefeitura não pode deixar as crianças com idade para frequentar as séries iniciais, que vão ate o 9º ano do Ensino Fundamental, fora da sala de aula. Esse é um compromisso do Pátria Livre. A burguesia não sofre isso porque ela manda o filho pra estudar lá fora, se for preciso. Quem sofre isso é aquele cidadão lá no Altos da Serra, no Cinturão Verde. Se você resolver esse problema da formação das crianças, o problema da água, do esgoto, você já fez muito por Cuiabá. A prefeitura tem que criar um serviço que vá além da coleta regular de lixo, tem que resolver o problema do entulhos que existem nos bairros.
COP - O senhor foi para o partido por comandar uma central de sindicatos. Essa central vai fazer a campanha do PPL?
ADOLFO GRASSI - Nós não temos 100% do apoio dos sindicatos filiados à CGT porque existem algumas entidades que já tinham vínculos com outras pessoas. Mas com o tempo vamos ter uma boa maioria. No caso, estou falando de todo o Estado. Tirando o Sintep,que é o maior sindicato, estamos com o
Sindicato da Saúde que é o segundo maior sindicato do Estado, tem entre 7 e 8 mil filiados. O sindicato que eu presidia e do qual estou licenciado é o 3º maior sindicato, tem por volta de 5.500 filiados. Tirando esses sindicatos, os outros são menores, temos sindicatos com um número bem reduzido. Temos a Diane, que é do sindicato dos servidores do Indea, também esta junto com a gente e deve aparecer em nosso programa de TV. Temos o Sindicato dos Socioeducativos, do Pomeri, entre outros parceiros. Vamos ter uma boa base de apoio nos sindicatos.
COP – O senhor registrou uma previsão de gastos de R$ 1 milhão de reais em sua campanha. De onde vai sair esse dinheiro?
ADOLFO GRASSI - Você é obrigado por lei a fazer uma estimativa. Se você colocar um valor ínfimo você tem problemas porque depois tem que ajustar. Mas saiba que não temos dinheiro. Se por acaso aparecerem doações vamos estar preparados para recebe-las. Por exemplo, para o programa de nosso partido ir ao ar na TV isso é gratuito mas você tem que produzir o programa e isso é caríssimo. Até agora, o preço que encontrei mais em conta foi de R$ 350 mil. Não temos condições de arcar com um gasto desses. O gasto vai acabar saindo do meu salário. Para a campanha, só tenho meu salário e de meus irmãos.
COP - De quanto é o seu salário ?
ADOLFO GRASSI - O meu salário é de R$ 5 mil, como técnico de desenvolvimento econômico e social da Secretaria de Assistência Social do Estado de Mato Grosso, fora o que ganho como advogado.
COP – Além dos seus irmãos, não surgiu outro patrocinador?
ADOLFO GRASSI - Tenho meu escritório de advocacia e a gente ainda vai ver como que a Nacional do PPL vai contribuir. Não tenho essa informação ainda mas nossa campanha vai trabalhar em cima de ideologia, em cima de recursos honestos do nosso salário e daqueles que possam estar doando. Muitas vezes você não doa em dinheiro mas doa em serviço. Doa em imóvel, cedendo para fazer reuniões, doa em combustível. Isso ajuda muito e espero ser ajudado por quem procura uma candidatura que faça a diferença em relação aos candidatos dessa burguesia que nos domina há tantos anos.
COP - Quantos filiados o PPL tem aqui em Cuiabá ?
ADOLFO GRASSI - Temos 160 filiados. Defendo o financiamento público para que se tenha uma campanha justa - e quem gastasse por fora você cortava. Como é que vou competir com o Mauro Mendes? Com o Lúdio, com o governo estadual, federal e a força do PMDB? Isso é injusto. Eles vão poder contratar, eu não vou contratar cabo eleitoral. A minha proposta é melhor que a deles mas eles podem vencer pela visibilidade junto com a força da burguesia. A nossa candidatura é uma candidatura de protesto mas com proposta. Tem gente que quer fazer protesto e não tem proposta. Estou seguro de que tenho capacidade e estou preparado para discutir com igualdade de condições com qualquer um dos meus concorrentes
COP – Candidatos de partidos pequenos, aqui em Cuiabá, sempre sofreram com a caracterização de candidatos “laranjas” – que entravam na disputa só para atacar alguém, atendendo ao interesse de um partido maior. O que o PPL pretende fazer para fugir desta armadilha?
ADOLFO GRASSI - Nossa intenção é apresentar nossas propostas. Acontece que, para apresentar as nossas propostas, a gente acaba falando dos outros candidatos. Não tem como você apresentar uma proposta sem dizer, por exemplo, que a maioria das candidaturas representam a burguesia – uma burguesia que, apesar de minoritária, ainda domina a politica por todos os lados. Quando digo que estou em condições de travar esse debate é porque, para enfrentar a violência que estamos passando, muitos falam: “vamos botar polícia que resolve”. Só que não resolve porque a riqueza no mundo, e em Cuiabá não é diferente, está concentrada. Quer dizer, 10% dessas pessoas detém 52% de toda a riqueza. Mais da metade da riqueza que disponível na Terra fica na mão de 10% das pessoas - e essa burguesia quer que a gente viva com menos de 10% de tudo. Isso é inaceitável e isso estoura aonde? Estoura no bairro, nas questões sociais, na falta de saneamento básico, na violência - e não tem solução. O Pátria Livre apresenta uma proposta para inverter esse quadro. Estamos aqui para defender o povo, tanto isso é verdade que não me colocaram para conduzir o partido aqui em Mato Grosso à toa. Se fosse uma pessoa fraca, ela teria se curvado e nós não nos curvamos para os poderosos. Não viemos até aqui para fazer conchavos, para fazer alianças, para atuar como laranja de ninguém. Estamos aqui para construir uma candidatura e construir o PPL, um partido que surge para defender o Brasil, mudando o Brasil em favor da população trabalhadora.
Enock Cavalcanti/CO Popular
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