Carlos Brito do PSD quer Pasta de combate à violência


Candidato a prefeito de Cuiabá, social-democrata pretende usar experiência na vida pública para criar secretaria que possa buscar solução à problemática

TCHÉLO FIGUEIREDO/DC
Nome: Carlos Brito de Lima
Idade: 49 anos
Formação: Superior incompleto - Direito
Estado civil: Casado
Filhos: 2
Naturalidade: Recreio (MG) 
RENATA NEVES
Da Reportagem

Devido à alteração do cenário eleitoral após a realização das convenções partidárias e o registro das candidaturas, o Diário retoma a série de entrevistas com os postulantes ao cargo de prefeito de Cuiabá para dar espaço aos que não haviam sido contemplados anteriormente.

Desta vez, o entrevistado é o candidato do PSD, Carlos Brito, cujo nome foi colocado à disputa recentemente. Se for eleito, esta será a segunda vez que ele assumirá o comando da prefeitura da Capital. Embora nunca tenha concorrido ao cargo, sua assunção se deu em 1996, após renúncia de Dante de Oliveira para disputar o governo do Estado e pedido de licença do então prefeito José Meirelles. Na época, ele respondia pela presidência da Câmara de Vereadores e permaneceu no cargo de forma interina.

Dezesseis anos depois, Brito almeja retomar o comando do Palácio Alencastro com uma candidatura que marca a primeira participação do recém-criado PSD em um pleito eleitoral.

Apesar de ter um perfil considerado “polêmico”, ele afirma que o tom de sua campanha será propositivo. Promete não atacar os adversários, mas avisa que irá se defender caso haja necessidade, como fez quando deixou a extinta Agecopa. “Eu até que falei pouco na minha saída”.

Garante ainda que irá realizar uma campanha limpa e transparente, com apresentação de propostas que visam garantir benefícios à população. Entre as principais, destaca a criação de duas novas secretarias municipais: a Secretaria dos Bairros e de Combate à Violência.



Diário de Cuiabá - Por que o senhor recusou a proposta de ser vice do ex-prefeito Roberto França (DEM), que estava melhor nas pesquisas?

Carlos Brito - Na realidade, quando o PSD decidiu por apresentar uma candidatura à prefeitura de Cuiabá, nós já tínhamos um propósito. Além de apresentar o partido, que disputa sua primeira eleição, de efetivamente mostrar a construção de uma alternativa com propostas que priorizem Cuiabá. Que não tenha como pauta principal os próprios partidos políticos ou seus agentes. Esse projeto de administrar Cuiabá elegendo a população como fator principal foi o motivador. Nós aceitamos o convite para esse desafio. Além disso, já havia toda uma conjuntura de partidos políticos nos apoiando, nós já tínhamos saído de uma realidade de 20 segundos de tempo de TV, que era uma grande dificuldade do PSD, para uma bem melhor. Isso tudo foi avaliado pelas lideranças do partido e então tomamos a decisão de manter a candidatura a prefeito de Cuiabá.



Diário - Qual será o tom da sua campanha?

Brito – Propositivo! Nossa intenção é essa, de não só apresentar os problemas de Cuiabá como também suas possíveis soluções. Nós acreditamos numa Cuiabá que dá certo, numa Cuiabá viável, numa Cuiabá de oportunidades, e é essa a construção que queremos fazer. Os problemas existem e têm que ser diagnosticados, enfrentados e resolvidos.



Diário - E é mostrando isso para os eleitores que o senhor pretende reverter o baixo índice que apresenta hoje nas pesquisas de intenção de votos?

Brito - Pesquisas são momentos. Nós tivemos agora os registros das candidaturas. É agora que realmente inicia o processo eleitoral. Daqui para frente serão os trabalhos junto à comunidade, as reuniões, os encontros, depois os programas eleitorais, os debates que vão permitir que o eleitor comece a tomar sua decisão. O que passou, passou. Daqui para frente teremos esse outro momento dentro do processo. É óbvio que há algumas vantagens a aqueles nomes que estavam postos há mais tempo, que estão mais massificados, que, por alguma razão ou outra, já vinham no conhecimento da população. Contudo, acreditamos que com muito esforço e muita luta vamos conseguir superar isso.



Diário - Qual estrutura o PSD terá para esta eleição, tanto em nível de recursos quanto em apoio político?

Brito - Nós apresentamos uma estimativa de gasto de campanha de R$ 4 milhões. Não está entre as maiores que foram feitas, mas entendemos que é o suficiente para fazermos uma apresentação das nossas propostas e projetos. Iremos desenvolver uma campanha eleitoral com conteúdo político, acreditando nas pessoas, na capacidade de livre- arbítrio do eleitor. Nós queremos convencer. Queremos argumentar com qualidade, com conteúdo, para que as pessoas decidam de maneira consciente. Nós acreditamos nas pessoas!



Diário - Embora o senhor tenha participado da administração municipal, o prefeito Chico Galindo sempre manifestou sua preferência em apoiar o candidato do PSDB à prefeitura, deputado Guilherme Maluf. Como o senhor vê essa atitude?

Brito - Eu vejo com naturalidade, porque o prefeito Francisco Galindo é prefeito numa composição do seu partido, o PTB, com o PSDB, então é natural que houvesse essa possibilidade de caminharem juntos. Eu participei da prefeitura já no último ano de mandato na condição de secretário de Comunicação. Procurei contribuir para deslanchar alguns projetos e programas no sentido de dar visibilidade a medidas importantes de gestão que foram adotadas pelo prefeito, por mais que impopulares, mas necessárias para viabilizar a prefeitura, devolver a capacidade de investimento à prefeitura, o aprimoramento do equilíbrio financeiro entre receita e despesa. Contudo, isso não muda a questão histórica da relação antecedente com outro partido e mesmo com outro candidato. Então, não há qualquer sentimento que não seja de respeito à decisão do prefeito.



Diário - O senhor ainda vai buscar apoio do PTB?

Brito - Dentro do que a legislação nos permite, sim. Não só do partido, como de vários servidores que atuam hoje no município. Nós temos, sim, total respeito pela administração municipal e pelas pessoas que lá estão.



Diário - O senhor acha justa a avaliação negativa do governo Chico Galindo?

Brito - Eu não entraria no critério de justa ou não. Ela é explicável. O prefeito tomou medidas duras, impopulares, medidas de gestão que outros antecedentes a ele não fizeram. Isso acumulou uma série de problemas, adiou-se aquilo que seria de muito menor impacto se tivesse sido adotado lá atrás e não se comunicou adequadamente. Nenhuma crítica ao secretário de Comunicação anterior, mas a própria compreensão política do papel da comunicação não havia ficado muito clara, então a população formou opinião com base no que sabia. Não podemos dizer se a população foi justa ou não. Se você não diz as razões dessa ou daquela medida de maneira adequada, a população avalia pelo nível de informação que tem. À medida que os resultados dessas ações começam a aparecer, através do “Poeira Zero”, por exemplo, viabilizado com recursos próprios do município, a população começa a avaliar de outra forma.



Diário - Uma das medidas adotadas pelo prefeito Chico Galindo que talvez tenham sido das mais impopulares foi a concessão dos serviços de saneamento à iniciativa privada. O candidato a prefeito de Cuiabá do PT, vereador Lúdio Cabral, já afirmou que, se for eleito, irá suspender o contrato com a CAB Cuiabá. Qual sua avaliação sobre isso e o que pretende fazer, se for eleito?

Brito - A concessão pública não é uma novidade. Ela existe em vários setores, como na telefonia, energia, nos transportes, na comunicação e também na questão do saneamento, uma das possibilidades muito praticadas no país. Também não é uma novidade em Cuiabá, pois outros gestores no passado tencionaram fazê-lo. Fazer a concessão pública não é, ao contrário do que muitos dizem, privatizar. É uma delegação de uma atribuição que a prefeitura tem que é de garantir a universalização do abastecimento de água e da coleta e tratamento de esgoto. Dizer que antes da concessão estava tudo bem também não é fato. As pessoas reclamavam também, diziam que não estava bom, então foi tomada uma decisão no sentido de alterar essa realidade para melhor. Hoje se tem uma concessão pública, tem um contrato, tem metas a serem alcançadas, que é de garantir a universalização da água em três anos e, em dez, a solução da questão do esgoto. O município dispõe de ferramentas legais, de órgãos como a Amaes, que é a Agência Municipal de Saneamento, na legislação se garante direitos à concessionária e também dá prerrogativas ao poder público no sentido do controle, da fiscalização, da cobrança de providências. Eu dou um desconto ainda por estar na fase de implantação. É muito recente essa transição entre a gestão direta para a concessão pública. Contudo, isso tem que ser entendido com o tempo e não mais que isso, e acho que agora já está no momento de uma ação mais enérgica da municipalidade no sentido de cobrar da concessionária essas melhorias. É essa relação cotidiana que tem que ser intensificada para melhorar esse cenário. Mais adiante, se necessário, o poder público dispõe também de força legal até para substituir essa concessionária por outra.



Diário - Se for eleito, quais programas e projetos desenvolvidos por Galindo o senhor pretende manter? E quais pretende mudar?

Brito - As medidas entendidas como acertadas, que permitiram a retomada do equilíbrio financeiro entre receita e despesa do município, que devolveram a capacidade de investimento com recursos próprios, que asseguraram a manutenção do pagamento em dia dos salários dos servidores municipais e seus direitos, medidas que viabilizaram programas como o “Poeira Zero”, que intensificaram a proximidade do cidadão com a administração municipal, serão mantidas. Agora, Cuiabá tem muitos problemas e situações que precisam ser enfrentados de maneira firme e eficiente para que sejam encontradas soluções.



Diário - Que tipo de problemas?

Brito - Nosso plano de governo tem duas grandes diretrizes: social e estrutural. No aspecto social, nós vemos violência e saúde como os principais pontos, agregados a alguns aspectos ambientais. Na questão estrutural, além do saneamento básico, está a infraestrutura da cidade com especial atenção à mobilidade urbana, e isso desdobra depois em vários outros itens. Dessa maneira, enxergamos que a administração precisa trabalhar com duas questões: crescimento econômico e desenvolvimento social. Dentro desses eixos nós temos a iniciativa de propor a criação da Secretaria de Bairros. Quando se enxerga a cidade a partir de um olhar das comunidades, dos bairros, a gente percebe de uma maneira muito mais clara e nítida as carências, as dificuldades, os serviços que precisam ser aprimorados, as obras que precisam ser implementadas, entendendo a cidade como um corpo só, com mesmos deveres e direitos. A Secretaria de Bairros vai fortalecer as atuais administrações regionais, descentralizando obras, ações e serviços da prefeitura. Além disso, também pretendemos criar a Secretaria de Combate à Violência, que é um problema grave em Cuiabá, infelizmente. Essa secretaria terá a missão de analisar aquilo que gera a violência no nosso município e fazer um trabalho de articulação com as diversas áreas.



Diário - O PT/PMDB irá usar as obras da Copa como exemplo de ações executadas pelos partidos. O senhor foi diretor da extinta Agecopa e também participou desse processo. Também pretende usar a Copa no seu palanque?

Brito - Acho que a Copa não deve ser palanque, até porque essa história de fazer da Copa palanque já deu no que deu. Quando o então governador Blairo Maggi obteve em sua gestão a conquista de Cuiabá como cidade-sede, teve os méritos incontestáveis dele. O governador Silval Barbosa, que o sucedeu, tem seus méritos por ter dado sequência aos preparativos para a Copa. Dentro desse arcabouço, cada qual que deu sua contribuição tem legitimidade para falar sobre isso, apresentar sua cota de participação. Agora, nós participamos da Agecopa como diretor de Infraestrutura. Também estivemos presentes nessas discussões de mobilidade urbana, ajudando a discutir e definir essas intervenções que estão sendo construídas. Participamos, por exemplo, da definição de diversas obras que chamávamos de desbloqueio e hoje foram substituídas, em regra, pelas chamadas rotas alternativas. Nós participamos disso. Tivemos uma ação efetiva para que o governador desse sequência à discussão que iniciei lá atrás com o então governador Blairo, que era a construção das duas pontes sobre o Rio Coxipó e as intervenções na Avenida Fernando Corrêa. Nós levantamos essa necessidade lá atrás, quando se discutia apenas o eixo da Avenida do CPA. Ou seja, na nossa oportunidade nós também contribuímos. Acho que cada qual tem que falar o que de fato aconteceu.



Diário - Falando em Agecopa, a sua saída de lá foi em meio a uma certa polêmica e o senhor tem esse perfil de não ficar calado. Como será a sua postura na campanha, principalmente diante de eventuais ataques de outros candidatos?

Brito - Olha, eu até que falei pouco na saída da Agecopa, mas o suficiente para manifestar discordância com algumas situações da época e que entendi que não poderiam prosperar no sentido de preservar aquilo que realmente é do interesse da população. No tempo em que estive na Agecopa, cumpri exatamente os compromissos que firmei com a população quando aceitei a indicação para o cargo. Mesmo com o nosso estilo de sermos firmes em nossas posições, nós nunca tivemos o estilo de ser pró-ativos no sentido de atacar. Agora, na defesa, entendemos que existem limites. Por mais que hoje estejamos mais vividos, ainda assim existem pontos que são públicos. Aí você também precisa se posicionar de maneira pública. A nossa disposição é de seguir em uma campanha limpa, transparente e propositiva. Queremos, nos encontros com a população, nas reuniões e nos debates, apresentar ideias, propostas e caminhos que sejam soluções a muitos problemas da população.



Diário - O senhor disse que falou pouco quando saiu da Agecopa. Ficou algo que o senhor gostaria de ter falado e não falou?

Brito – Não! Eu falei o que precisava ser dito naquele momento. Não fomos com esse propósito, mas, diante da situação, entendíamos que era preciso estabelecer um posicionamento, e foi o que fizemos. Não com a ideia gratuita de polemizar, mas de cumprir aquilo que entendíamos ser um compromisso maior, com a nossa consciência social e com os compromissos que tínhamos.

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