Durante audiência, autoridades luverdenses cobram presença efetiva do Estado na segurança

Representantes locais mostram preocupação com atendimento de necessidades do município, um dos que mais crescem em Mato Grosso

Autoridades do município de Lucas do Rio Verde aproveitaram a presença de representantes da alta cúpula da segurança pública de Mato Grosso para cobrar investimento e a presença efetiva do Estado no município. Alguns pronunciamentos mostraram que os representantes da polícia e da justiça aproveitaram a ocasião para expor as angústias sofridas pela comunidade no que se refere à falta de servidores nas Polícias Civil e Militar. A audiência pública foi proposta pela Assembleia Legislativa e realizado em parceria com a Prefeitura e Câmara Municipal no plenário do Poder Legislativo na noite desta sexta-feira (01).

O encontro, proposto através do deputado Dilmar Dal’Bosco atendendo pedido de lideranças de Lucas do Rio Verde, iniciou com a apresentação de um vídeo produzido pela equipe de reportagem da Assembleia Legislativa. O grupo seguia de Cuiabá para Lucas na manhã de sexta-feira quando foi surpreendido pela ação de um grupo armado que interceptou dois carros-fortes na BR 163 próximo a Posto Gil. A ação violenta foi flagrada pelos profissionais que acompanhou a troca de tiros entre os bandidos e a segurança da empresa que transportava valores para bancos da região médio norte. As imagens e depoimentos de motoristas de caminhões barrados na BR deram a tônica dos debates.

Em seguida, membros da Polícia Civil apresentaram relatórios das atividades desenvolvidas no município mostrando a evolução das ações policiais no decorrer dos últimos anos. Segundo a polícia, mesmo com o crescimento populacional e econômico da cidade, a Polícia Civil manteve-se presente. Conforme Anderson Garcia, delegado geral da PJC, ‘Lucas está bem abastecida’, citando que o crescimento do município tem sido assustador. O grande problema enfrentado pelo Estado é com a falta de efetivo em praticamente todos os municípios, demanda que o Governo espera suprir com a realização de concursos públicos nos próximos anos. A previsão é efetuar a contratação de aproximadamente 800 agentes públicos por ano até 2015. Ele adiantou que boa parte do recurso destinado para a segurança pública é destinada para pagamento de salário.

O primeiro pronunciamento de uma autoridade local deixou clara a preocupação das autoridades com o pouco efetivo das duas polícias. A promotora de justiça Patrícia Campos disse que estaria fazendo um desabafo. Ele enfatizou que toda a sociedade sabe os problemas que mais afetam os moradores e acentuou não sentir reduzir os índices de criminalidade, como abordado durante os pronunciamentos dos representantes da Segurança Pública do Estado. Ela mostrou preocupação com o número de inquéritos que prescreveram no ano passado por falta de condições de apuração pela polícia em razão do pouco efetivo disponível. “Foram quase 100 inquéritos policiais. Os policiais não tem condições, eles mal dão conta de correr atrás de investigações de réu preso”, destacou ao elogiar o trabalho desenvolvido pelo delegado Marcelo Torhacs e equipe de investigadores que mantêm plantão permanente para atender a comunidade.

O presidente do Conselho Municipal de Segurança, Edu Pascoski, que representou o prefeito Marino Franz no encontro, disse que a principal demanda é em relação ao efetivo das polícias Civil e Militar, além dos ajustes da nova cadeia pública que foi construída pelo município, mas que ainda não entrou em operação por falta de agentes prisionais. “Que isso aconteça o mais rápido possível”, pontuou, pedindo que o Estado absorva os problemas relacionados à segurança pública que não competem ao município.

Para Carlos Girotto (PPS), presidente da Câmara Municipal, o município poderia ter uma polícia mais aparelhada em número de policiais atuando, já que é a quinta economia de Mato Grosso. Em quantidade de efetivo, Lucas do Rio Verde está atrás de municípios menores. Girotto elogiou a iniciativa da AL, já que as lideranças locais puderam fazer suas cobranças diretamente aos setores que podem atender os pedidos feitos. Além disso, o presidente da Câmara comentou que os representantes da Promotoria, Justiça e Polícia falaram, não apenas como agentes públicos, mas também como cidadãos. “Esperamos frutos desse debate”, disse.

O deputado Dilmar Dal’Bosco lembra que a AL tem realizado audiências públicas em várias cidades de Mato Grosso levantando as questões que mais têm causado problemas aos municípios, de forma que o Governo possa se fazer presente. O deputado cobrou a descentralização de vários setores do governo, como a segurança pública. “O município faz muito bem feito o dever de casa, sempre passou por excelentes administrações. Vejo que o grande fator que falta a Lucas do Rio Verde é a presença do governo do estado”, cobrou Dal Bosco, destacando que a presença dos secretários adjuntos da Segurança Pública e de Direitos Humanos e Justiça tinham como objetivo ouvir o clamor da comunidade.

Estiveram participando da audiência pública em Lucas do Rio Verde na noite desta sexta-feira (01), o Secretário Adjunto de Segurança Pública, Alexandre Bustamante dos Santos, o secretário adjunto da Sejudh, tenente coronel Clarindo Alves de Castro, o delegado geral da Polícia Judiciária Civil, Anderson Garcia, deputados Dilmar Dal’Bosco (DEM) e José Domingos Fraga Filho (PSD), além dos representantes das Polícias Militar do CR3 e do município, e da Polícia Civil local. Representantes da Justiça, Promotoria e do Corpo de Bombeiros também foram representados na audiência.