Deputada critica presidente do PSB e admite desfiliação da legenda

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 Folha

“Valtenir deve ter interesses particulares para não se alinhar ao movimento Mato Grosso Muito Mais”, sugeriu a deputada estadual Luciane Bezerra (PSB) em entrevista ao Cidade Independente desta terça (22).

A declaração foi uma resposta às afirmações feitas pelo presidente estadual de seu partido de que o PSB não fazia parte do bloco de oposição liderado por Pedro Taques (PDT) e composto pelo PDT, PPS, PV e PSDB. A deputada critica a decisão do presidente da sigla de se afastar do bloco Mato Grosso Muito Mais.

“Ele foi eleito deputado federal com a ajuda dos votos desse movimento. Assim como eu. Mas eu não sou traíra, não cuspo no prato que comi”, dispara a deputada. “Eu gostaria que o Valtenir participasse das reuniões do bloco para entender que queremos o desenvolvimento de Mato Grosso, e não fazer oposição gratuita”, diz.

Segundo a parlamentar, a decisão monocrática de Valtenir não respeita as bases e há muita gente insatisfeita no partido. “Quem entende mais da base que eu, que vim dela?”, questiona a deputada oriunda de Juara, e que se afirma como representante da região norte e noroeste do Estado.

“O partido é formado por pessoas. O PSB é um partido socialista, que vem das massas, e não deve se guiar por interesses particulares. Valtenir quer carregar tudo debaixo do braço dele, o que contraria os princípios do PSB”, afirma.

Para Luciane, o presidente da sigla “tomou birra do movimento”, e a causa poderia ser o surgimento de novas lideranças que ameaçariam a hegemonia do parlamentar. “Talvez seja ciúme da projeção de Mauro Mendes, ou talvez seja esse mesmo o modo dele de trabalhar”, especula.

A deputada acredita que Valtenir deveria descartar a possibilidade de se candidatar à prefeitura de Cuiabá em 2012 e trabalhar no fortalecimento do nome de Mauro Mendes. “O partido ganharia muito tendo uma deputada estadual, um deputado federal e o prefeito de Cuiabá”, analisa.

DIVERGÊNCIAS

Luciane nega que esteja articulando com Mauro Mendes a queda de Valtenir da presidência do PSB. “Ele é um líder, foi eleito deputado federal. Eu respeito a liderança dele e quero ajudá-lo a fortalecer o partido, mas exijo que o respeito seja recíproco”, declara.

A deputada acredita que boatos estejam sendo plantados pelos adversários políticos. “A quem interessa o esfacelamento do PSB? Parece que nossos adversários estão conseguindo”, avalia.

Ela afirma que em momento algum foi procurada por Valtenir esclarecer a situação. “Ele não tem o costume de telefonar para mim nem para Mauro Mendes. Acredito que, a partir do momento que tivermos mais contato e nossa amizade se fortalecer, a situação interna do PSB vai melhorar”, diz.

A principal reclamação de Luciane, porém, é quanto à falta de liberdade para articular politicamente em sua base eleitoral, o norte e noroeste do Estado. Ela quer ter espaço para organizar o partido e buscar alianças locais, o que foi negado por Valtenir. “Eu o procurei para conversarmos a esse respeito, e ele não me deu o espaço que pedi. Disse que o presidente do PSB é ele”, conta Luciane.

Insatisfeita, ela procurou a direção nacional do partido para reclamar da gestão da sigla em Mato Grosso, e agora aguarda uma resposta. “Não quero deixar o PSB de modo algum. É o único partido ao qual me filiei, e partilho dos ideais socialistas da sigla”, afirma Luciane. “Mas se as coisas não melhorarem, terei que procurar outro partido. Porém, terá de ser um partido novo no Estado, para que eu não perca meu mandato”, pondera.

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