Mãe de deficiente diz que ele sofreu abuso em clínica

Maiara Felipe // Maiarafelipe.rn@dabr.com.br
Especial para o Diário de Natal

Um homem de 34 anos, que sofre de transtornos psíquicos, deu entrada no Hospital Walfredo Gurgel dia 29 de outubro e conforme seu prontuário médico, o paciente Mário César do Nascimento foi vítima de espancamento e violência sexual. Ele permanece internado na unidade com uma escara (ferimento) nas costas de tamanho grande. Segundo a mãe, Francisca Rodrigues da Costa, após oito dias internados no Hospital Santa Maria seu filho foi enviado ao Hospital João Machado (HJM) com os dentes quebrados, cheio de feridas, um ombro deslocado e locomovendo-se em cadeira de rodas. Depois de uma semana no HJM, o paciente foi mandado para casa, onde tentou tratar das escaras, que ganharam grandes proporções. Foi quando ele precisou ser internado no Walfredo. Passou por uma cirurgia e deverá passar por mais uma essa semana. "Deixei meu filho no Santa Maria andando, conversando, com vida", lembra emocionada a mãe. A direção do Santa Maria alega que o homem era muito agressivo e se autoflagelava ao ponto de criar os ferimentos e nega que tenha existido espacamento ou violência sexual dentro da unidade.



Francisca começou a criar seu filho quando ele tinha quatro anos de idade. "Sempre percebi que ele era diferente, mas nunca foi agressivo". Após os 18 anos, ele foi morar no Rio de Janeiro e voltou aos 28 anos tomando remédios de receita controlada. Segundo a mãe, esse ano foi a primeira vez que ele foi internado. "Não lembro bem o dia. Tenho certeza apenas que foi no início de outubro", relata. Após ele ter uma crise e quebrar toda louça em casa, Francisca decidiu levar seu filho para o HJM. O paciente passou quatro dias em observação e por falta de leitos foi encaminhado pela Sistema Único de Saúde (SUS) a um hospital privado, o Santa Maria. "Deixei ele lá e disseram que eu só poderia voltar oito dias depois. Nesse meio tempo ligaram me pedindo óleo de girassol. Quando cheguei para visitar, disseram que eu não poderia entrar porque ele estava muito debilitado. Mandaram eu voltar no outro dia com um carro para levar ele ao João Machado. Quando cheguei no dia seguinte ele veio de cadeira de rodas, cheio de curativos. Perguntei o que tinha ocorrido e ele disse que falaria depois que fosse embora. Ele disse que foi arrastado, por isso estava cheio de feridas, principalmente no joelho. E que além de ser espancado, foi obrigado a fazer sexo oral nos internos que usam drogas (viciados em tratamento)", declarou Francisca.

Ao ser internado no João Machado, o clínico que o recebeu alertou a mãe sobre uma infecção hospitalar. O paciente ficou oito dias internados na unidade. Os pais, mesmo sem condições financeiras, pagava diariamente R$ 20 a um acompanhante para "vigiar o filho". A mãe, que tem 67 anos, tinha medo que acontecesse alguma agressão. Oito dias depois, passada a crise, Francisca pode levar o filho de volta para casa. Mesmo com o tratamento dos enfermeiros do posto de saúde, as escaras aumentavam e o ombro continuava doendo. "A psiquiatra dele disse que mandasse para o Walfredo que ela ajudaria a resolver", recordou a mãe.

No dia 29 de outubro ele deu entrada no Walfredo e ele já fez uma cirurgia na nádega em razão das feridas necrosadas e deverá fazer outra brevemente no ombro. "Ele está assustado pensa que vão bater nele outra vez", lamentou Francisca. O paciente está internado sozinho e recebe visita dos familiares no período da tarde.
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http://www.diariodenatal.com.br/2010/11/04/cidades3_0.php

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