Brasil capacita gestores para combater exploração sexual de crianças na Copa

 


Sarah Fernandes

O Ministério do Turismo e a Universidade de Brasília vão promover 13 oficinas para capacitar gestores públicos e profissionais de turismo para combaterem a exploração sexual de crianças e adolescentes na Copa do Mundo de 2014, sediada no Brasil. A ideia é incentivá-los a criar redes de instituições parceiras que denunciem casos, sensibilizem taxistas e confiram a programação de pacotes turísticos.

“A exploração sexual de crianças e adolescentes pode aumentar com o crescimento do turismo no país”, conta Elisangela Machado, coordenadora do projeto, chamado Um Gol pelos Direitos de Crianças e Adolescentes. “A expectativa do Ministério do Turismo é que até a Copa o turismo cresça 15% e que durante os jogos o aumento seja de 30%”, conta.

Cada oficina vai reunir 30 participantes, ligados a agências de turismo, hotelaria, organizações não governamentais e secretarias municipais. A meta é que, com as formações, o número de denúncias do Disque 100 não aumente durante a Copa do Mundo.

“Queremos que os profissionais de turismo não se envolvam na exploração de crianças, como aconteceu em um caso recém-descoberto de uma agência que incluía em seus pacotes visitas a meninas ribeirinhas do Amazonas”, diz Elisangela. “Os casos são comuns em locais onde se concentra pobreza, baixa escolarização e pouca infraestrutura habitacional”.

As formações começam em 25 de outubro e terminam até o final deste ano. Elas acontecerão nas 12 cidades que sediarão jogos — Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Belo Horizonte (MG), Porto Alegre (RS), Brasília (DF), Cuiabá (MT), Curitiba (PR), Fortaleza (CE), Manaus (AM), Natal (RN), Recife (PE) e Salvador (BA) —, mais João Pessoa (PB).

“No Nordeste a exploração sexual de crianças é mais evidente, mas ela também acontece em Manaus, em cidades do Mato Grosso, do Mato Grosso do Sul e nos municípios próximos do rio Araguaia”, conta Elisangela. “O Brasil ainda é visto internacionalmente como um ponto de exploração de crianças. Estamos trabalhando para mostrar que o país, além de ser repleto de belezas naturais, também respeita seu povo”.

África

Um ano antes da Copa do Mundo de 2010, sediada na África do Sul, o país iniciou um projeto de para combater a exploração sexual de crianças, com a ajuda do Brasil. “Eles conseguiram manter um número baixo de denúncias, mas avaliaram que o tempo para implantar as ações foi curto. Por isso, começamos quatro anos antes no Brasil”, explica Elisangela.

Com o início do projeto brasileiro, profissionais sul-africanos têm feito visitas técnicas ao Brasil para divulgar iniciativas que tiveram bons resultados na prevenção. Uma delas, por exemplo, é atrasar as férias escolares, para evitar que as crianças fiquem vulneráveis nas ruas.

“Existe uma pressão social grande para que esses meninos entrem no mercado de consumo e um dos caminhos é pela exploração sexual”, avalia a coordenadora do projeto de capacitação. “Ela, porém, vem acompanhada pelo aumento no tráfico de drogas, no porte ilegal de armas e na falsificação de documentos”.

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