O contraventor Rogério de Andrade, considerado um dos maiores bicheiros do Brasil, fretou um voo de Tabatinga, no estado do Amazonas, que tinha como plano de voo oficial o aeroporto internacional Marechal Rondon, em Várzea Grande, na região metropolitana de Cuiabá. A aeronave, entretanto, seguiu para Búzios, no Rio de Janeiro. Uma reportagem especial do Fantástico, que foi ao ar no último domingo (7), revela uma verdadeira “operação secreta” que fez com que o bicheiro escapasse da prisão no dia 10 de maio de 2022, durante a operação “Calígula”, do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ). As diligências tinham como alvo não só Rogério de Andrade, considerado o líder da organização criminosa, mas também o seu filho, Gustavo de Andrade – conhecido no submundo do crime como “Príncipe Regente”, e nº 2 do bando. Conforme a reportagem, Rogério de Andrade se encontrava na Costa Rica em 8 de maio de 2022, dois dias antes da deflagração da operação “Calígula”. Neste mesmo dia o contraventor tinha um voo para o Brasil, porém, ele desistiu do embarque, fato que sugere que as diligências do MPRJ foram “vazadas”, e que Andrade teria sido informado de sua prisão. A partir de então, a volta do bicheiro ao Brasil contou com diversos subterfúgios, dignos de roteiros cinematográficos. Num primeiro momento, Rogério de Andrade alugou uma aeronave para se deslocar da Costa Rica até a cidade de Leticia, na Colômbia. Segundo as investigações, ele e outro empresário, também investigado, cruzaram a pé a fronteira com o Brasil, chegando ao município de Tabatinga, no Amazonas. A reportagem segue o relato, e revela que o contraventor e o empresário teriam alugado uma outra aeronave que tinha como plano de voo o aeroporto Marechal Rondon, em Várzea Grande, na região metropolitana de Cuiabá. O avião, no entanto, pousou em Búzios, no Rio de Janeiro. De lá, a dupla “trocou” de avião mais uma vez, já no dia 9 de maio, e seguiu para dois aeroportos da zona oeste carioca. O esquema atingiu seu objetivo, e conseguiu “despistar” as forças de segurança empregadas na operação “Calígula”. Neste meio tempo, Rogério de Andrade obteve um habeas corpus do Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Nunes Marques, que suspendeu sua prisão. Porém, uma outra ordem de detenção foi expedida contra o bicheiro, que acabou preso em Petrópolis (RJ), na última quinta-feira (4), junto com o filho. As investigações apontam que Rogério de Andrade possui a proteção da Polícia Civil do Rio de Janeiro, de milícias, e que sua “influência” pode até mesmo chegar ao exército brasileiro. A esposa do bicheiro, identificada como Fabíola de Oliveira Andrade, permaneceu na Costa Rica até 11 de maio de 2022 – um dia depois da deflagração da operação “Calígula”. O celular da cônjuge já era rastreado pelas investigações, que descobriu 23 mensagens trocadas com Cristiano Paiva Fontenele, coronel do exército. O conteúdo da conversa não foi revelado. Entre os integrantes do bando de Rogério de Andrade, conforme as investigações, está o ex-policial militar Ronnie Lessa, um dos acusados pelo assassinato da vereadora carioca Marielle Franco, e do motorista Anderson Gomes, em março de 2018. Em 10 de maio, na deflagração da operação “Calígula”, as investigações encontraram R$ 2 milhões em dinheiro guardados no apartamento da delegada da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Adriana Belém. O dinheiro, que pertenceria a Rogério de Andrade, seria repassado como propina a policiais e outros agentes de segurança pública. | |
Fonte: FOLHAMAX |
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