A deputada estadual Janaina Riva: "Não teria coordenador que a Márcia pudesse escolher que seria mais benéfico pro governador"
A deputada Janaina Riva (MDB) criticou a decisão do prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), de se licenciar do cargo para coordenar a campanha da sua esposa, a primeira-dama Márcia Pinheiro (PV), ao Governo do Estado.
Para Janaina, Emanuel será "o maior cabo eleitoral" do governador Mauro Mendes (União), que tenta a reeleição.
Pinheiro anunciou em live, na noite de terça-feira (9), que se afastará a partir da próxima segunda-feira (15). Segundo ele, para evitar boatos de que estaria utilizando a Prefeitura para alavancar a campanha da esposa.
“O Emanuel é o maior cabo eleitoral do Mauro Mendes. Não teria coordenador que a Márcia pudesse escolher que seria mais benéfico para o governador”, avaliou Janaina.
A parlamentar entende que as diversas investigações de corrupção na Secretaria Municipal de Saúde, tendo como principais protagonistas Emanuel e a primeira-dama da Capital, vão criar um efeito reverso do esperado pelo grupo. Com isso, os possíveis eleitores da oposição deverão ser praticamente jogados nos braços de Mendes.
“Não acho que seja uma boa opção para Márcia, mas já que ela escolheu essa opção, agora, com certeza tudo que está acontecendo na Prefeitura de Cuiabá vem à tona para o Estado inteiro conhecer”.
“Já que esse é o modelo que eles querem implementar, eu tenho certeza que tem muita coisa a ser mostrada, que está errado em Cuiabá, e que a gente não quer que venha e que aconteça no Governo do Estado”.
Janaina ainda disse acreditar que Emanuel esteja por trás da coordenação da campanha de Márcia como uma forma de se colocar indiretamente na disputa, e assim poder digladiar com o governador.
“Ele [Emanuel] não quis ser candidato, não quis enfrentar o governador. Ele poderia ter sido. Se ele acreditasse na eleição dele próprio, teria renunciado, [mas] nem ele acreditou na campanha dele. Agora, está encontrando um subterfúgio para vir debater com o governador”, criticou a emedebista.
A deputada também apontou a questão da independência e da força feminina de Márcia, que deve ser subjugada com a coordenação de campanha nas mãos de Emanuel. “Não adianta eu carregar a bandeira do empoderamento feminino, da voz feminina, e me submeter a decisão de homens. Então, penso que é um prejuizo muito grande pra ela essa escolha”.
Operação Capistrum
Na manhã do dia 19 de outubro, após decisão do desembargador Luiz Ferreira da Silva, do Tribunal de Justiça, o prefeito Emanuel Pinheiro foi afastado do cargo suspeito de chefiar esquemas de corrupção na Secretaria Municipal de Saúde (SMS).
A determinação ocorreu com base na investigação da Polícia Civil e do Ministério Público Estadual, através do Núcleo de Ações de Competência Originária (Naco), que resultou na Operação Capistrum.
Na época, Emanuel, a primeira-dama de Cuiabá, Márcia Pinheiro, o chefe de gabinete do prefeito, Antônio Monreal Neto, a Secretária Adjunta de Governo e Assuntos Estratégicos, Ivone de Souza, e do ex-Coordenador de Gestão de Pessoas Ricardo Aparecido Ribeiro fora alvos de mandados de busca e apreensão e sequestro de bens.
Emanuel, a primeira-dama e outros envolvidos foram indiciados por supostos crimes de organização criminosa em contratações irregulares de servidores temporários na SMS, utilizando o órgão como “canhão político”, para atender interesses políticos do prefeito.
Além da Capistrum, a SMS já passou pelas operações Sangria e Chacal.
Emanuel conseguiu retornar a cargo dias mais tarde.
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