Única prefeita mulher na história de Várzea Grande, Sarita Baracat marcou o seu tempo


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Por: Gastão Marques/VGNews

A série "Personalidades de Várzea Grande"
Próximo de completar 146 anos, Várzea Grande tenta mudar os rumos de sua história marcada por momentos de crescimento substancial e a chegada ao fundo do poço. O Vgnews a partir de hoje irá contar parte da história de gente que contribui para o desenvolvimento social, político e econômico da grande várzea e sua herança para as novas gerações.



Única prefeita mulher na história de Várzea Grande, Sarita Baracat marcou o seu tempo

Filha de pais sírios, Sarita Baracat de Arruda nasceu em Várzea Grande no dia 29 de dezembro de 1930. Fez o curso primário no Grupo Escolar Pedro Gardez e o Ginásial no Colégio Estadual de Mato Grosso, hoje Liceu Cuiabano, na qual ia a pé pelo fato de não haver transporte na época.
Sarita Baracat, hoje afastada da vida pública, mantém em sua residência ponto de encontro dos políticos de Várzea Grande, bem como de muitos varzeagrandenses que ainda recorrem a ela para pedir ajuda ou trocar experiências políticas.
História da família Baracat:
Miguel Baracat, nasceu em Damasco, capital da Síria. Aos 4 anos de idade perdeu os pais e teve que vir com uma irmã para a América do Sul. Aqui, como todo árabe, virou vendedor ambulante. Sua mãe, Warda Zain Baracat, nasceu em uma pequena cidade perto de Damasco, chamada Sidanaia. Devido às constantes guerras na região, fugiu com a família para Buenos Aires, na Argentina. Na capital argentina, Warda Zain conheceu Miguel Baracat e se casaram. A vida do casal ficava entre Buenos Aires, onde eram sócios de uma fábrica de tecelagem, e Várzea Grande, onde abriram o primeiro bar, a primeira padaria mecanizada e a primeira farmácia da cidade e tiveram oito filhos.

Segundo Sarita Baracat, seu pai era um homem culto e muito preocupado com a educação dos filhos, “meu pai, escrevia e falava cinco idiomas. Preocupou-se em fazer com que todos nós estudássemos até o nível superior. A minha mãe, por outro lado, não pôde estudar por causa das guerras”.

Entrada na política:
Sarita Baracat entra no universo político ainda nos bancos escolares. Na 7a Série, foi suspensa do colégio porque subiu na mesa do professor e proferiu um discurso. Pela primeira vez, a aluna Sarita revelava sua aptidão pela política. Militante da UDN, aos 20 anos, em 1950, teve o seu primeiro emprego como tesoureira da Prefeitura de Várzea Grande na gestão do udenista Gonçalo Botelho.
Quando a UDN se transformou em Arena, Sarita Baracat foi eleita a presidente do partido em Várzea Grande. Em 1957, os correligionários pediram que ela ocupasse uma das vagas do partido para a eleição de vereador. “Eu sempre quis me candidatar a alguma coisa. Mas, por timidez, disfarçava essa minha enorme vontade. É claro que antes que eu pudesse aceitar eles tiveram que convencer o meu pai, que não se interessava muito por política e sequer tinha título de eleitor”.
Dada as dificuldades de toda natureza e falta de dinheiro, a campanha da candidata Sarita Baracat foi tímida, mas decisiva. Com ajuda do irmão que a levava de bicicleta até o Distrito Industrial para que de casa em casa pedisse o voto, a filha do Sr. Miguel Baracat, foi eleita a primeira vereadora de Várzea Grande.
Primeira mulher prefeita de Várzea Grande
Enfrentando todo tipo de preconceito de uma sociedade machista, Sarita Baracat foi a primeira prefeita de um município no Estado de Mato Grosso (antes da Divisão) a qual aconteceu no ano de 1966.
Trinta e cinco dias antes da eleição para a Prefeitura de Várzea Grande, o candidato titular da Arena desistiu de concorrer. Mais uma vez, Sarita Baracat foi chamada para substituí-lo, e aceitou. “Apesar das dificuldades, porque eu não tive tempo de fazer uma proposta de governo, essa foi a campanha mais bonita da minha vida. Eu saía de casa às 6 horas da manhã e só voltava às 10 da noite”, contou Sarita.
Sem tempo para elaborar o plano de governo, Sarita Baracat trabalhou as propostas de governo entre a vitória e a posse. “Várzea Grande era o menor município do Estado, e não tinha vocação para a agricultura. Por estar próxima a Cuiabá, no entanto, podia desenvolver um bom parque industrial. Através da isenção de impostas e doação de terrenos as primeiras empresas vieram para Várzea Grande. A única condição que eu impunha era que a mão-de-obra teria que ser contratada no próprio município”, disse Sarita Baracat. 
 Dificuldades para governar Várzea Grande
Ao assumir a Prefeitura, segundo Sarita Baracat, não tinha sequer uma pá, ou uma enxada. Só tinha dívidas. A única pessoa que tinha um caminhão na cidade era um senhor que, durante a campanha, foi o que mais a discriminou. Além disso, dois terços da Câmara Municipal era contra a Prefeita. Mesmo assim, Sarita Baracat não esmoreceu e direcionou todo seus esforços para duas prioridades fundamentais para o desenvolvimento da cidade, os investimentos externos e a aplicação de recursos na Educação.
Esses investimentos resultaram na construção de 26 escolas municipais elevando Várzea Grande à condição da cidade mais alfabetizada do Estado de Mato Grosso. As obras de infraestrutura Sarita conseguiu realizar tomando empréstimos como pessoa jurídica e avalizava como pessoa física. As obras era empreitada por pessoas da própria comunidade. No final de seu mandado todas as contas da Prefeitura haviam sido aprovadas por unanimidade pela Câmara o povo não sabia como a prefeita havia feito tantas obras com poucos recursos.
Cargos exercidos além de Vereadora, Prefeita e Deputada:
Após o seu mandato como deputada, Sarita Baracat foi diretora da Codemat, no governo de José Garcia Neto, delegada do Ministério da Educação em Mato Grosso, no governo do presidente José Sarney, e secretária-chefe da Auditoria Geral do estado, no governo de Carlos Bezerra.