Imagens mostram policiais usando viaturas para recolher propina


Segundo a denúncia, na imagem o policial civil Clayton chega, numa viatura da DRCPIM, para cobrar propina
Segundo a denúncia, na imagem o policial civil Clayton chega, numa viatura da DRCPIM, para cobrar propina Foto: Reprodução
Carolina Heringer
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Os policiais - civis e militares - acusados de cobrar propina de mototaxistas, comerciantes e camelôs nas zonas Norte e Oeste do Rio foram flagrados usando viaturas para receber a quantia da extorsão. O EXTRA teve acesso às imagens feitas durante as investigações da Subsecretaria de Inteligência (SSINTE) da Secretaria de Segurança do Rio, da Corregedoria da Polícia Militar e do Ministério Público.
Num dos flagrantes, de acordo com a denúncia do MP, o polciail Clayton José de Freitas Melo chega a uma das feiras na viatura da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM). Ele era responsável, de acordo com as investigações, por fazer contato com os policiais e outros comparsas que faziam a cobrança da propina na feira do Calçadão de Bangu.
De acordo com a denúncia, um mototaxista entrega para policiais da 34ª DP a propina recebida por ele
De acordo com a denúncia, um mototaxista entrega para policiais da 34ª DP a propina recebida por ele Foto: Reprodução
Em outro flagra, segundo a denúncia, agentes da 34ª DP (Bangu) foram filmados no momento em que recebiam, de mototaxitas, a propina que fora recolhida por eles. O PM Izanildo Silva Pereira, do 14º BPM (Bangu), também foi filmado entregando o dinheiro que havia recolhido numa das feiras para policiais que estavam dentro de uma viatura da unidade.
Outros integrantes da quadrilha, que não são policiais, também foram flagrados na cobrança e recebimento da propina. Renê Bispo da Silva, o Gordo, foi filmado várias vezes, nas feiras nas quais atuava, pegando dinheiro com camelôs.
O PM Izanildo, de acordo com a denúncia, entrega a propina para outros policiais
O PM Izanildo, de acordo com a denúncia, entrega a propina para outros policiais Foto: Reprodução
Quadrilha era investigada há seis meses
A investigação sobre o bando começou há seis meses e constatou o envolvimento de policiais civis e militares na cobrança de propina de comerciantes e camelôs que trabalham em feiras de Bangu, na Zona Oeste, e Honório Gurgel, na Zona Norte. Os agentes são lotados no 14º BPM (Bangu), no 9º BPM (Rocha Miranda), na 34ª DP (Bangu) e na Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM). As vítimas da extorsão eram mototaxistas e comerciantes de mercadorias ilegais - pirateadas ou produtos de roubo - e os que não legalizados pela Prefeitura do Rio
Na imagem, de acordo com a denúncia, Renê Bispo da Silva recebe propina de um camelô
Na imagem, de acordo com a denúncia, Renê Bispo da Silva recebe propina de um camelô Foto: / Reprodução
Como eles se dividiam
A quadrilha era dividida, de acordo com a denúncia do Ministério Público, em cinco subgrupos distintos de atuação. O grupo, ainda segundo o documento, atuava “nos moldes de uma verdadeira organização criminosa”, com poder hierárquico, controle territorial, divisão de tarefas, atuação em diferentes práticas criminosas e infiltração em órgãos públicos.
O primeiro subgrupo identificado nas investigações atuava no calçadão de Bangu (feira-livre nas ruas Ari Franco e Cônego Vasconcelos). Formado por PMs do 14º BPM e policiais civis da 34ª DP e (DRCPIM) e comparsas, eles exigiam dinheiro dos camelôs do local.
Renê recebe de um camelô, segundo a denúncia, a quantia exigida pela quadrilha
Renê recebe de um camelô, segundo a denúncia, a quantia exigida pela quadrilha Foto: Reprodução
Já o segundo grupo agia na Rua Marechal Marciano, também em Bangu, e nas ruas Jurubaíba e Américo Rocha, em Honório Gurgel. Nesse, havia participação também dos policias do 9º BPM. Eles também cobravam uma quantia dos comerciantes da região.
O terceiro conjunto era formado apenas por policias da 34ª DP, que cobravam dinheiro dos camelôs da Rua Marechal Marciano e mototaxistas para que deixassem de fazer operações na área da delegacia.
Já o quarto subgrupo era formado pelos policiais do 14º BPM e ficava responsável apenas por receber a quantia exigida aos camelôs e mototaxistas. As cobranças eram feitas pelo síndico da 34ª DP, e mototaxistas envolvidos no esquema. O último grupo era comandado também po PMs do batalhão de Bangu, e era responsável também pelas cobranças, que eram feitas apenas pelos mototaxistas.


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