Secretário Gilberto Figueiredo diz que compra foi “populismo feito na hora errada”
Os 2.500 tablets roubados do Almoxarifado Central da Secretaria Municipal de Educação na tarde de quarta-feira (3), no bairro Boa Esperança, e os 3.350 que permaneceram no local ainda não foram pagos pelo município. A informação é do próprio secretário da pasta, Gilberto Figueiredo, que assumiu neste ano.
A aquisição de 5.700 aparelhos eletrônicos por R$ 2,6 milhões está inserida entre os R$ 15 milhões de restos a pagar deixados pela gestão do ex-prefeito Chico Galindo (PTB) na pasta.
A compra dos tablets foi feita em dezembro passado baseada em um registro de preço do Ministério da Educação (MEC), feito por meio do pregão 081/2011 – o número, inclusive, consta nos aparelhos roubados.
Ainda no ano passado, aproximadamente 150 equipamentos foram entregues de forma simbólica a professores da rede municipal do ensino fundamental.
O atual secretário de Educação ressaltou que os tablets comprados por Galindo nada tem a ver com algum programa do Governo Federal ou convênio.
“Neste momento, o MEC está comprando e patrocinando para professores do ensino médio das redes estaduais equipamentos desse porte e Mato Grosso já está sendo atendido. Porém, o que Galindo quis fazer foi se antecipar, não estava planejado, ele chamou o secretário anterior e falou que queria comprar tablets para a Prefeitura”, explicou Figueiredo.
Além da falta de pagamento dos equipamentos, o ex-prefeito não apresentou nenhum plano de capacitação para os professores e alunos, que deram início a cursos focados em recursos e aplicativos direcionados ao ensino nesta gestão.
Para o secretário, os tablets foram comprados em um momento inoportuno.
“Não era prioridade a compra, assim como não é nossa prioridade na lista de restos a pagar. O ex-prefeito quis fazer um populismo na hora errada. Neste momento, os tablets são um luxo desnecessário”, criticou.
“Nós não pretendemos dar calote em ninguém, o que pese que a administração adquiriu e já foi empenhado. O processo de compra também foi legal, mas poderia ter sido evitado ou, no caso do assalto, minimizado, já que o mesmo equipamento pelo Fundo Nacional da Educação, pelo mesmo preço, vinha com chip de localização”, completou.
Uso em risco
Para o secretário municipal de Educação, o roubo de boa parte dos aparelhos somado a falta de segurança nas escolas da rede pública pode refletir na implementação dos tablets na rede.
“O que mudou a partir de agora com o assalto foi nossa concepção de segurança e do risco nas escolas. O que ocorreu no almoxarifado pode ser transferido para a rede e nós não queremos isso. Não queremos pulverizar esse problema”, afirmou.
Como consequência do assalto, o secretário afirmou que a segurança no almoxarifado foi reforçada por guardas armados durante 24 horas. Ainda assim, Figueiredo teme que novos assaltos aconteçam.
“Os bandidos sabiam exatamente o local em que os tablets estavam e levaram 250 caixas. Nada garante que eles não possam voltar”, pontuou.
Roubo
O assalto ao Almoxarifado Central da Secretaria Municipal de Educação ocorreu na tarde de quarta-feira (3), no bairro Boa Esperança.
Segundo informações da Polícia Civil, entre oito ou 10 homens entraram no local fortemente armados e renderam, primeiramente, o vigia e, em seguida, sete funcionários. Todos foram amarrados e alguns teriam sofrido agressões dos bandidos.
Os homens também teriam se dividido em dois grupos, um vigiou o local enquanto o outro colocava as caixas em um furgão.
Além dos aparelhos, os bandidos levaram chaves de carro, carteiras, aparelhos celulares e até mesmo alianças.
A Polícia ainda informou que os suspeitos aparentavam ter idade entre 18 e 25 anos e não se preocuparam em esconder os rostos.
As vítimas deverão prestar depoimento nos próximos dias.
Os funcionários também serão ouvidos em uma sindicância aberta pela Secretaria Municipal de Educação nesta quinta-feira (4).
Midianews





